Foi apresentado no Auditório Francisco Ferreira em Vizela um estudo sobre a qualificação profissional na região do Ave.
O resultado aponta para uma quebra de 15 por cento no número de alunos inscritos no Ensino Profissional nos últimos três anos na região do Vale do Ave com Vale do Vizela incluído.
Outras conclusões tiradas deste encontro em Vizela pela Comunidade Intermunicipal (CIM) foram as seguintes: "A tendência, associada à falta de informação, aos preconceitos e a um desajustamento da oferta educativa face às necessidades empresariais hodiernas levanta sérios desafios estruturais para a economia regional.
Para reverter o cenário, a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Ave e a Universidade do Minho uniram esforços e, após um diagnóstico profundo, sugerem uma série de medidas para revitalizar o setor.
Uma Crise de Atração para o Ensino Profissional
Aquelas estão plasmadas no “Estudo de Antecipação das Necessidades de Qualificação”, integrado na operação “EDUCAVE – Leave no One Behind”, elaborado no âmbito do PIPSE- Norte2030/FSE pela CIM do Ave em colaboração com a Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho (UMinho), cujos investigadores, e professores, João Cerejeira e Francisco Carballo, apresentaram os principais resultados do documento.
Deles avulta que, entre os anos letivos de 2018/19 e 2021/22, o número de alunos matriculados em cursos profissionais na CIM do Ave caiu de 5.468 para 4.637.
Além do impacto da quebra demográfica – particularmente visível em Fafe (-38%), Vieira do Minho (-56%) e Mondim de Basto (-34%), com uma queda expressiva nas matrículas – a falta de orientação vocacional e os estigmas sociais associados ao Ensino Profissional são apontados como fatores determinantes para a crise de atração.
Muita Ignorância e Preconceitos Vários
De acordo com João Cerejeira, “muitos jovens e famílias veem o Ensino Profissional como via secundária”.
E, no entanto, “além de permitir o acesso ao Ensino Superior, o Ensino Profissional proporciona salários e empregabilidade superiores a muitas formações académicas”, salienta Cerejeira.
Sucede que a concorrência entre estabelecimentos de ensino, que fragmenta muito a oferta, e a pouca mobilidade dos estudantes entre os oito concelhos constitutivos da CIM do Ave, associada à falta de alojamento estudantil para estes cursos, também são poderosos elementos dissuasores, que reduzem, assim, a eficácia do sistema.
Oportunidades e Desafios
para o Mercado de Trabalho
A qual também poderia ser melhor, designadamente do lado da oferta formativa do Ensino Profissional, alinhando-a com as exigências do mercado laboral na região do Ave, onde setores como a indústria transformadora, as energias renováveis e a digitalização carecem de profissionais qualificados.
Contudo, muitas escolas enfrentam dificuldades na adaptação dos seus programas curriculares, apesar de “algumas áreas formativas a apresentarem elevados níveis de desemprego”, como sejam as indústrias do têxtil, vestuário, calçado e couro.
“Só com um planeamento estratégico eficaz será possível mitigar os impactos da escassez de mão-de-obra qualificada na economia local”, salientou Francisco Carballo.
Recomendações e Compromisso da CIM do Ave
Com esse objetivo, o estudo da CIM do Ave e da UMinho recomenda a criação de um fórum intermunicipal para monitorizar as necessidades de qualificação, o reforço da mobilidade estudantil e maior articulação entre escolas e empresas, designadamente “promovendo estágios e formação prática alinhados com as exigências do mercado”.
É sublinhada ainda a necessidade de “investir na inovação curricular e na modernização das infraestruturas de ensino, de melhorar o financiamento das Escolas Profissionais e de instituir maior exigência na sua qualidade pedagógica”.
O evento foi ainda marcado pela assinatura do Protocolo de Cooperação da Rede Local de Centros Qualifica do Ave, que visa fortalecer a aprendizagem ao longo da vida e melhorar as qualificações escolares e profissionais da população.
Com o estudo e o protocolo, a CIM do Ave reforça o seu compromisso de desenvolver soluções que preparem melhor os jovens para os desafios do mercado de trabalho, promovendo um crescimento sustentável e inclusivo do seu território.
Sobre a CIM do AVE
A Comunidade Intermunicipal do Ave – CIM do AVE é uma associação de municípios de fins múltiplos criada em 2009 para promover a gestão de projetos intermunicipais no território do Ave, cuja área geográfica corresponde à NUTS III do Ave e que integra os municípios de Cabeceiras de Basto, Fafe, Guimarães, Mondim de Basto, Póvoa de Lanhoso, Vieira do Minho, Vila Nova de Famalicão e Vizela.