Victor Hugo Salgado vai ter uma reentrada política em Setembro muito preenchida. O atual presidente da câmara municipal de Vizela concorre pela primeira vez à presidência da Federação de Braga do Partido Socialista onde terá como adversário Luis Soares, presidente da Junta de freguesia das Taipas-Guimarães e presidente dos bombeiros daquela vila.
O PS vai ter eleições para a distrital de Braga no próximo dia 28 de setembro. Embora, os cadernos eleitorais não estejam fechados, no último recenseamento para as con- celhias de 6 de julho, estavam com capacidade eleitoral nos catorze concelhos, cerca de 7200 militantes, dos quais 3800 pertenciam à concelhia de Guimarães.
Ou seja 3800 de Guimarães, 3400 de todos os outros concelhos, incluindo Braga, Famalicão, Barcelos, o "Quadrilatero Urbano" que abrange 80% da população do distrito e dos militantes.Acresce que nesse "Quadrilatero Urbano", uma verdadeira área metropolitana do Baixo Minho, onde se concentram praticamente todos os qua dros socialistas, só Guimarães lidera um municipio socialista. Braga, Famalicão, Barcelos, têm presidentes PSD.
É certo que o PS, além de Guimarães, lidera Fafe, Vizela, Cabeceiras, Póvoa de Lanhoso [5 municípios), e o PSD [9], três do "Quadrilátero".
Seria, por isso, mais que lógico, que Guimarães liderasse politicamente a Federação de Braga. Lidera a única câmara PS do "Quadrilátero" e tem mais militantes que todos os outros juntos.
Na história do PS Braga já houve Presidentes de Braga, Famalicão, Fafe, Barcelos, Cabeceiras, Póvoa de Lanhoso. De Guimarães nunca houve uma liderança distrital. É isso importante?
Relativamente. O PS está fortemente ancorado nas suas concelhias, com total autono mia, no plano local a Federação é inexistente. Sempre assim foi. António Magalhães nunca se interessou pela Federação de Braga, tinha uma ligação direta a Lisboa, construída nos seus 13 anos de deputado, era reconhecido, tinha acesso aos lideres nacionais.
Se tal continua a ser verdade para os interesses de Guima rães, e vai voltar a suceder, daí a importância do lugar de deputado de Ricardo Costa, o certo é que Lisboa continua fechada, sem acesso aos quadros políticos do PS Braga e também do PS Guimarães, para além do presidente da câmara.
Nos governos PS, na liderança do PS na assembleia da república, nunca há ninguém do PS Federação de Braga. O contraste mais evidente sucedeu nos governos de António Costa que tinha membros de todas as Federações, de Bragança três elementos, e do PS Braga nenhum, só Hugo Pires nos últimos meses.
No "Quadrilátero Urbano" estão os concelhos mais exportadores, há a Universidade do Minho com centenas de qua dros académicos e políticos, há vereadores, dirigentes das áreas sociais e desportivas, da maior qualidade, ninguém es timula o seu aproveitamento para o desempenho nas politi cas públicas, seja no governo, seja na AR, seja em institutos e instituições do estado. A região perde.
Porquê?
Porque a bitola chama-se Joaquim Barreto.
Há mais de 40 anos que o PS Braga é visto em Lisboa pela imagem de um dedicado socialista, que foi um bom presidente do município rural de Cabeceiras de Basto, com votações internas de 99% na sua concelhia, onde nunca permitiu a mais pequena discordância com todos os atro pelos à civilidade democrática. Há uma mão cheia de promis sores quadros do PS-Cabe- ceiras que abandonaram pela ditadura iliberal dominante, e cujo modelo foi aplicado no PS Braga na liderança efetiva de 40 anos de Joaquim Barreto.
Lisboa vê a Federação de Braga do PS por essa bitola. Se o melhor é o Barreto, os outross são piores. Há 4 anos, em 2020, Ricardo Costa, no seu primeiro ato da "regeneração" política que liderou no PS, ousou com um entusiasmo das bases nunca visto, apresentar uma alter nativa. Ganhou em Guimarães com 200 votos de diferença, alcançou no distrito 45%, mas perdeu. Luís Soares apoiou Joaquim Barreto.
Ricardo Costa abalou de tal forma o PS Braga que, em 2022, apareceu uma alterna tiva conciliadora que impôs a desistência de Luís Soares que se preparava para continuar o "barretismo". A nova liderança de Frederico Castro, Presidente da Póvoa de Lanhoso, foi decisiva para a renovação da lista de deputados e para o apoio a Pedro Nuno Santos. A eleição do atual líder do PS foi a primeira derrota de Barreto no distrito.
Em setembro de 2024 voltam a realizar-se eleições para a Federação do PS Braga. Volta a opor-se o "barretismo" e o "anti-barretismo". O "barretismo" é Luís Soares, quadro político de mérito e competência. Podia ser a oportunidade de, pela primeira vez, o PS Guima rães ter um seu militante na liderança da Federação.
Mas eleger Luís Soares seria regressar à história antiga dos últimos 40 anos a que Ricardo Costa se opos e começou a regenerar hà 4 anos. Que mobilizou muitas esperanças em muitos concelhos. Guimarães não pode agora trair esse projeto regenerador. O candidato do "anti-barretismo" é Vitor Hugo Salgado, Presidente da Câmara de Vizela, apoiado por Pedro Nuno Santos. É um destacado novo autarca do PS, que foi presidente da Associação Académica de Coimbra, membro do gabinete do Ministro Vieira da Silva, que pode abrir o re- conhecimento do PS Braga no centro do poder lisboeta.
Tem realizado uma obra nоtável em Vizela, de que "os passadiços passaram a ser atração turística ambiental de todo o Norte. Reconciliou Guimarães com Vizela.
Como votar?
Tentamos traçar aqui o contexto destas eleições e não o reduzir a um único ponto.
Seja qual for o voto, a escolha, nada terá a ver com a opção votada em 6 de julho para a concelhia que escolheu Ricardo Costa para a liderança da próxima candidatura municipal.
Os militantes do PS Guimarães saberão na sua liberdade de escolher, votar.
RAUL Rocha (in Jornal Mais Guimarães)