António Gomes d´Azevedo Sampaio, nasceu na freguesia de S. Paio de Caldas de Vizela no dia 13 de agosto de 1839. Filho legitimo de Joaquim Gomes e de Maria Teresa de Oliveira. Neto paterno de João Gomes d´Azevedo e de Josefa Luísa de Araújo.
Neto materno de António José d´Oliveira e de Luísa Teresa de Carvalho. Com espírito sagaz, abandonou a terra natal devido às suas ideias republicanas, e chegou ao Rio de Janeiro em 1854. Naturalizou-se Brasileiro. transformou-se num dos líderes do movimento abolicionista em Jacareí, no estado de São Paulo. A sua chegada à cidade de Jacareí ocorreu em 1868, onde fixou residência e contribuiu com seus conhecimentos científicos de farmacêutico para o crescimento da cidade.
Sampaio casou-se com Elisa Simon, irmã do então empresário Luiz Simon. Foi pai de João Sampaio, que foi proprietário da Farmácia Popular; de Nestor, que residiu em Itapetininga; de Maria Thereza Sampaio, professora pública; de Ernestina Sampaio da Fonseca, que foi casada com Guilherme da Fonseca; e de Oswaldo de Azevedo Sampaio, que era farmacêutico em Sorocaba e cursou medicina mais velho. Oswaldo teve uma filha chamada Guiomar de Azevedo Sampaio de Souza Mello. António Sampaio era um homem culto, estudioso de Química, Física, Botânica e História Natural. No Journal de Pharmacie et de Chimie foram registradas muitas comunicações de alto valor científico sobre flora. Mr. Plancon, da Société de Pharmacie de Paris, referiu-se diversas vezes aos trabalhos científicos de “Solitário de Jacareí”, por sua vez elogiados por Mr. Juliard, presidente desta valiosíssima associação. Por seus trabalhos, Sampaio recebeu diplomas, medalhas e ofícios de reconhecimento.
Certidão de Nascimento |
Em 1881, na Exposição Industrial do Rio de Janeiro, foi membro julgador na qualidade de sócio da sociedade que a promoveu, recebendo um diploma de mérito. Na Exposição Industrial de Buenos Aires, no ano de 1882, obteve medalha de bronze. Na exposição de São Paulo, recebeu medalhas e diplomas. Na Exposição Universal de Paris, de 1889, também recebeu diploma e medalhas, sendo uma de prata e outra de bronze. A Sociedade de Farmácia e Química de Paris conferiu-lhe diploma de membro correspondente. Tinha também diploma da Liga de Instrução de Lisboa.
Da Academia de História Internacional de Paris, recebeu diploma e medalha de ouro. Era sócio da Académie Nationale Agricole, Manufacturière et Commerciale, também de Paris. O jornal Diário Popular publicou trabalhos de Azevedo Sampaio sobre a Farmacopeia Brasileira. Foi um dedicado auxiliar do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, como participante sem remuneração. Publicou várias monografias sobre a saúva, ou manhú-uára, publicações feitas pelo governo do Estado, e uma memória resumida da broca-das-laranjeiras. Escreveu uma monografia sobre São José dos Campos, apresentada com outras produções ao Congresso de Geografia que se realizou na capital do estado de São Paulo. Escreveu ainda um estudo de sociologia intitulado “Os Portugueses no Brasil”, o romance “Sina de um Minhoto Paulista” e uma monografia sobre Jacareí. A Fundação do Positivismo no Brasil e Humanidade ou A Estátua de Augusto Comte, em versos, também foram publicações de António Sampaio, além de uma obra de grande valor histórico e que, hoje, a Prefeitura Municipal de Jacareí reedita: “Abolicionismo”. O ato mais revelador da personalidade de Sampaio foi sua participação como orientador e autor do movimento abolicionista de Jacareí, que, além de marcar o seu espírito de homem público e liberal, libertou centenas de escravos antes mesmo do dia 13 de maio de 1888. Seu livro Abolicionismo, de 1890, narra com autenticidade todo o movimento de Jacareí e descreve todos os passos, as alegrias e as agruras dos que dele participaram. O livro é uma verdadeira preciosidade e considerado raro pela Biblioteca Nacional. Os atos conscientes dos protagonistas ficaram registrados e revelam todos os esquemas ardilosos usados para raptar e esconder os escravizados, fazendo-os desaparecer da posse dos escravocratas. Jacareí também foi a sede do comércio de pessoas escravizadas, tendo como seu principal autor o fazendeiro e capitalista João da Costa Gomes Leitão. Comprando e vendendo estes escravizados, foi o causador de uma situação internacional grave com o apresamento, pelos ingleses, do brigue Piratini, que transportava cerca de 90 escravos do nordeste brasileiro para o comprador de Jacareí. O livro Abolicionismo, que ganhou uma nova edição pela municipalidade de Jacareí, revela os pormenores de toda essa façanha aventureira do português farmacêutico Sampaio, do francês Luiz Simon e do brasileiro Benedicto Manoel Pinto Ribeiro, que criaram uma sociedade abolicionista para a organização da empreitada heroica. O movimento abolicionista recrudesceu no período de 1883 a 1887, revela Sampaio, destacando a participação do cônego José Bento como “ladrão de escravos”, que agia anonimamente. Essa ação culminou com a libertação de todos os escravizados de Jacareí em março de 1888, antes, portanto, da Lei Áurea. Na verdade, seus líderes eram republicanos e ajudaram a semear as ideias que floresceram em 15 de novembro de 1889. Azevedo Sampaio mantinha, em 1883, dois preparados industriais: phenol sódico e elixir digestivo pacová, sendo este uma fórmula indicada pelo médico Luiz Pereira Barreto que, certamente, participou – ainda que sem aparecer – tanto da abolição como da instituição da República. Na verdade, o movimento contava com as principais cabeças da sociedade jacareiense. Sampaio era um cientista. Homem culto e idealista, não deixou de contribuir para a publicação do “Almanach da Província de São Paulo”, edição de 1884. Revelou-se também poeta no soneto “O Estômago”.
Azevedo Sampaio faleceu no dia 28 de setembro de 1915, e o jornal Correio Paulistano do dia 29 de setembro noticiou o fato.
NR - A publicação deste valoroso texto no Digital de Vizela só foi possível graças à incansável pesquisa pelo passado de Vizela e dos vizelenses do nosso colaborador António Cunha que muito agradecemos em nome do futuro.