Celebrar Portugal em Macau


Carta de Armindo Vaz, vizelense radicado em Macau.

Celebrar Portugal é sermos gratos com as nossas raízes; é termos orgulho daquilo que somos, de sermos parte do mais antigo Estado-nação da Europa com fronteiras definidas, e que “deu novos mundos ao mundo”.

Independentemente da maior ou menor honorabilidade ou competência de quem nos governa, como dizia Camões, “esta é a ditosa Pátria, minha amada”.

Celebrar Portugal e Camões é sempre motivo de orgulho e de festa. Celebrar Portugal e Camões em Macau, no extremo oriente, bate ainda mais fundo; sabe a colo; sabe a terra-mãe!
Ver subir a bandeira nacional, no Consulado de Portugal em Macau, ao som dos acordes de “A Portuguesa”, interpretados pela banda do Corpo de Polícia de Segurança Pública do Governo da RAEM, é um privilégio!
Para o “Grupo de Escuteiros Lusófonos de Macau” (GELMac), Agrupamento 341 do CNE, é uma honra poder colaborar nas celebrações do Dia de Portugal em Macau, quer no hastear da bandeira, quer na romagem à gruta de Camões.

Tem sido assim, ininterruptamente, desde a (re)fundação do Agrupamento, em Maio de 1997.
Este ano, o 10 de Junho foi feriado em Macau, já que coincidiu com o Festival do Barco do Dragão, altura em que os Chineses celebram o poeta e ministro Qu Yuan (c. 340 –278 aC), considerado, ele também, um poeta patriótico e um símbolo do povo.
Foi assim possível juntar nas comemorações um número maior de Portugueses e a quase totalidade dos Escuteiros do GELMac.

Pelas 09:30h, numa manhã quente e húmida, mas este ano sem chuva, centenas de vozes cantaram a plenos pulmões “Heróis do mar, nobre povo, nação valente, imortal, levantai hoje de novo o esplendor de Portugal…”, enquanto os Pioneiros Patrício e Leonor elevavam as bandeiras de Portugal e da EU nos mastros do Consulado.

Com o içar da bandeira, arrancavam oficialmente as comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, nas quais o Governo de Portugal se fez representar pela Sra. Ministra da Justiça, Dra. Rita Alarcão Júdice.
Findo o primeiro acto solene, seguiu-se a romagem à Gruta de Camões, considerado o local ideal, e que se repete ano após ano nas celebrações do 10 de Junho. Nela participaram as entidades oficiais e portugueses residentes na RAEM, entre os quais se encontravam representantes de associações de matriz portuguesa.
Os Escuteiros fizeram a guarda de honra às entidades oficiais na entrada do Jardim de Camões, bem como ao busto do poeta, na gruta com o mesmo nome, onde boa parte dos participantes foram prestar homenagem e colocar flores.

Pelo caminho, o grupo folclórico da Escola Portuguesa de Macau (EPM) brindou os presentes com uma mostra do folclore português. E alunos da EPM e da Escola Luís Gonzaga Gomes recitaram o poema de Camões intitulado “Quem diz que o amor é falso ou enganoso”, em português e em mandarim.
A romagem terminou com a deposição de flores junto ao busto em bronze de Camões, da autoria de Bordalo Pinheiro, e nela participaram não só os estudantes e professores das escolas, crianças e educadoras do Jardim de Infância D. José da Costa Nunes, representantes de associações de matriz portuguesa, e individualidades, incluindo a Sra. Ministra da Justiça de Portugal e o Cônsul-Geral de Portugal em Macau, Dr. Alexandre Leitão.
Diz a lenda, e alguns estudiosos o afirmam, que terá sido nesta gruta que Luis Vaz de Camões, o maior poeta da literatura portuguesa, e figura claramente associada aos Descobrimentos, terminou a sua famosa obra épica “Os Lusíadas”, no período em que viveu em Macau, entre os finais de 1555 e 1557.

As celebrações terminaram com uma recepção e coktail, ao final do dia, na residência consular de Portugal, na qual participaram as entidades oficiais de Portugal, acima referidas, e da RAEM, nomeadamente o Chefe do Executivo, Sr. Dr. Ho Iat Seng, Dr. André Cheong, Secretário para Administração e Justiça, e Eng. Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas.O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, fez o habitual discurso onde destacou o “profissionalismo” das comunidades portuguesa e macaense, e a contribuição permanente no contexto das relações económicas e culturais entre Portugal, Macau e China.Macau sempre foi, ao longo dos séculos, um ponto de encontro de diferentes povos e culturas que aqui vivem e trabalham em paz e harmonia. Esperemos que assim continue!

“O Escuta é filho de Portugal e bom cidadão” (2° Princípio do Escuta)
“O Escuta é útil e pratica diariamente uma boa acção” (3ª Lei do Escuta)
“Honrai a Pátria, que a Pátria vos contempla” (inscrição nas “Portas do Cerco”)

ARMINDO VAZ

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