Bailado de Tiago e amigos: É urgente destruir certas palavras, ódio, solidão e crueldade, alguns lamentos, muitas espadas


A Câmara Municipal apresentou ontem e neste domingo (12) o espetáculo de bailado “HOW DO WE BEGIN”, com os bailarinos da Companhia Nacional de Bailado, sob a direção artística do bailarino vizelense Tiago Amaral Coelho.


Os espetáculos decorreram no parque de estacionamento (coberto) da Câmara Municipal de Vizela conforme interesse demonstrado pelos artistas.

Foi notório que o público adorou com os bailarinos a receberem muitos e ininterruptas aplausos depois de inúmeras vénias de agradecimento. 





Tiago Amaral (filho de José Maria Coelho e de Paula Amaral e neto de Augusto Amaral e Luísa Madureira do Grupo Vizela a Cantar), ficou agradado pela reação e receção do público vizelense e garantiu que este não será o último espetáculo em Vizela tendo o apoio incondicional. 

No prazo de um ano este foi o segundo espetáculo do conceituado bailarino vizelense.



HOW DO WE BEGIN

"Porque nos definimos como nos definimos? Porque condicionamos a experiência de um corpo em virtude de uma norma? Num espaço em branco, quatro corpos servem de base para o questionamento sobre as posições que cada um ocupa em relação ao outro. A repetição e o equilíbrio/desequilíbrio são as bases deste trabalho, onde o corpo é contaminado pelo ausência que o espaço proporciona, a paisagem sonora e o seu outro semelhante ou contrário. Tudo se constrói à volta das relações que assumimos, connosco e com os outros, na simplicidade da procura do tempo orgânico, aliando a tentativa de neutralizar o que é o "feminino" e o "masculino" à procura de espaço para a pergunta: Queremos (re) começar? E como recomeçar."

PORQUÊ VIZELA?

Um ano depois voltamos a encontrar-nos... De novo a pedido do Sr. Presidente da CM Vizela, é apresentado no edificio da Câmara um espetáculo de dança. Interessou-me, na construção deste espetáculo, promover a desconstrução do que é um espaço performático bem como aproximar (fisicamente) o espectador da ação que o objeto artistico incita. 

A peça que apresentada, estreou em Julho de 2022 no Teatro Cinema de Fafe, a convite da Zero Amarelo, e agora na sua versão extendida reúne em cena 4 bailarinos, que por virtude da sua experiência profissional, trazem consigo um conjunto de memórias físicas que me interessaram na criação desta peça. 


Tal como na natureza das relações humanas, a história de cada bailarino/personagem é indissociável do percurso que ela constrói consigo e com os outros. Por isso agradeço-lhes terem me acompanhado nesta aventura.

Não posso deixar de agradecer também ao Sr. Presidente da Câmara de Vizela por continuar a investir na produção cultural, e também a todos os trabalhadores da CM Vizela que me ajudaram a tornar este espetáculo possível.

Por último gostava de agradecer a todos os Vizelenses, e em especial à minha família.

No ano em que celebramos os 50 anos da Revolução que nos permite juntarmos-nos aqui hoje, gostava de terminar com as palavras de Eugénio de Andrade, que continuam hoje mais urgentes que nunca.


É urgente o amor

É urgente um barco no mar

É urgente destruir certas palavras,

ódio, solidão e crueldade,

alguns lamentos, muitas espadas.

É urgente inventar alegria,

multiplicar os beijos, as searas, é urgente descobrir rosas e rios e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz

impura, até doer. É urgente o amor, é urgente

permanecer.



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