O corpo de Arnaldo Macedo baixou hoje à terra no cemitério de S. João das Caldas debaixo de chuva torrencial como se o céu chorasse. Na imagem a última recordação de uma pintora para um pintor com os pincéis e as maçãs aladas (referência do pintor vizelense nas suas telas) pousada no cemitério no decorrer da oração de despedida.
Dezenas de amigos, alguns da arte das telas, o presidente da União de Freguesias da Cidade, José Armando Branco e o ex-presidente Mário José Oliveira e familiares disseram o último adeus "a um homem simples que sofreu dia a dia grande parte da sua vida por problemas graves de saúde e nunca se queixou". Assim falou o padre José Marques Machado numa extraordinária homilia que foi rasgada em grandes aplausos repartidos por si e por Arnaldo Macedo.
O pároco de S. João das Caldas acrescentou que esta particularidade de Arnado saber aguentar a dor sem queixumes, nunca desistir de lutar ou encontrar "culpados" para a dor física que o atormentava, é um brilhante exemplo que "todos nós, que às vezes nos queixamos por tudo e por nada, devemos privilegiar e seguir como exemplo diário".
A saída do caixão da igreja foi também rodeada de um grande aplauso para o pintor Arnaldo Macedo que aos 59 anos de idade deixou este mundo mais colorido do que o encontrou através de inúmeros quadros que ficarão a perpetuar a sua memória por longos anos.
VOTO DE PESAR PELO FALECIMENTO DE ARNALDO MACEDO DA CÂMARA MUNICIPAL
A Câmara Municipal de Vizela vem por este meio expressar o seu mais profundo pesar pelo falecimento de Arnaldo Macedo, eterno pintor vizelense.
Parte de forma inesperada o pintor Arnaldo Macedo que dizia: ‘Tudo começa com uma tela em branco... Vai-se dando cor, por vezes ao fundo, por vezes apenas alguns traços. Depois, bem depois... Um dia eu conto, afinal isto é só o primeiro traço...’
Com um percurso essencialmente autodidacta e uma obra que atravessou vários estilos, a pintura de Arnaldo Macedo fixou-se na corrente surrealista resultante da influência do pintor surrealista Salvador Dali e do escritor Mário Cesariny. O seu imaginário deambulava entre a força simbólica das imagens e a subtileza das palavras. Ganhou um segundo e terceiro prémio num concurso em Vizela, tendo participado regularmente em exposições coletivas e individuais em Vizela.
Consciente de que esta foi uma machadada na arte vizelense, a Câmara Municipal de Vizela solidariza-se com a família de Arnaldo Macedo neste momento difícil, apresentando as mais sentidas condolências.
CMV