Carlos Magalhães, esposa, filha, filho e namorada deste, viajavam no avião que fez a assustadora e atribulada viagem Egito-Porto e no qual se instalou o caos após uma despressurização (falta de oxigénio) que originou desmais, vómitos e muito medo.
O Presidente da Junta de Vizela S. Adrião e presidente da Concelhia do PSD de Vizela, que regressava do Egito onde esteve de férias com a sua família, disse ao Digital de Vizela que chegaram a temer o pior quando as máscaras de oxigénio se soltaram sobre a cabeça dos 180 passageiros que viajavam na aeronave da companhia Red Sea Airlines.
No seu Facebook, o autarca publicou uma foto com as máscaras suspensas e a legenda: "Depois de mais de duas centenas de voos assisti na primeira pessoa a cenas dignas de um filme. Felizmente tudo acabou bem. Mas não ganhámos para o susto".
HORÁRIOS ADIADOS
Tudo começou com um atraso de 11 horas. O avião — um Boeing 737-800, com 17 anos — devia ter partido do aeroporto de Hurghada por volta das 9 horas de segunda-feira, 7 de agosto, mas só levantou voo perto das 20 horas da noite.
"Estava previsto sairmos às 9 horas, depois disseram que havia qualquer coisa a resolver no avião, nunca nos informaram o quê, remarcaram a partida para as 15h00, 16h30, 17h30, depois para as 18h00, a seguir para as 18h30 e saímos perto das 20h00.
Prestes a entrar no espaço aéreo português (cerca de 45 minutos antes de aterrar no Porto e seis horas depois de o avião ter partido do Egito) as máscaras de oxigénio começaram a cair, vimos hospedeiras a desmaiar com falta de oxigénio, outras pessoas que não conseguiram colocar as máscaras também desmairaram, outros vomitaram ou urináriam por si abaixo. Houve gritos e muito pânico" - recorda Carlos Magalhães.
Não obstante esta situação anómala, o avião manteve-se sempre estável tendo o piloto baixado a altitude para recuperação de oxigénio.
Os cerca de 180 passageiros temeram pela vida durante a viagem de avião. Quase todas as hospedeiras de bordo perderam os sentidos.
O autarca vizelense diz não ter entrado em pânico nem os seus familiares mas foi impossível disfarçar a preocupação de que algo pior viesse a acontecer.
Alguns passageiros ouviram rumores de que o adiamento do horário da partida se deveu a uma janela partida no avião. A aeronave só terá chegado à gare de embarque perto das 20 horas.
Quando finalmente conseguiram embarcar os passageiros continuavam sem saber o motivo daquele atraso tão grande e o comandante terá respondido que ninguém tinha nada com isso.
Carlos Magalhães disse que não houve nenhuma comunicação dentro do avião para colocarmos as máscaras ou para nos mantermos calmos".
Alguns passageiros que estavam nas filas da frente alegaram ter ouvido um ruído imediatamente antes da despressurização de toda a cabine e sentiram uma passagem de ar frio.
Alguns passageiros sentiram uma forte dor de ouvidos e de cabeça e já não foram capaz de colocar a máscara porque o corpo não obedecia, era como se estivessem a adormecer, a cabeça a descair.
De um momento para o outro, Diana começou a ver pessoas a vomitar e a desmaiar — incluindo as tripulantes de cabine.
Só uma das hospedeiras estava consciente e, com a ajuda de dois passageiros (que acabaram por desmaiar também), começaram a dar oxigénio e a reanimar as pessoas.
No meio da confusão e do pânico, os passageiros continuaram sem saber o que se estava a passar. Ninguém prestou declarações, nem durante aquele momento, nem mais tarde. Quando aterraram no Porto, por volta da meia-noite, tinham à espera vários camiões de bombeiros. Até agora, os motivos da despressurização de toda a cabine ainda não são conhecidos.
A publicação NiT apurou que o comandante do avião fez várias chamadas a pedir a presença de ambulâncias junto à pista de aterragem, no aeroporto Francisco Sá Carneiro no Porto, por volta das 23 horas. Quando o Boeing finalmente aterrou, uma enfermeira da equipa de intervenção subiu a bordo para assistir quatro passageiros e uma tripulante de cabine, que depois foram encaminhados para o posto médico. Os bombeiros também confirmaram que viram as tais máscaras penduradas e o chão cheio de vómito, num ambiente realmente assustador.
Carlos Magalhães diz que o pior já passou e que este episódio não o desmotivará de voltar a entrar em aviões, considerado o meio de transporte mais seguro do mundo.
"Há uns anos fiz um voo em que vi o avião de nariz direto ao mar e depois conseguiu recolocar-se. Aí sim, pensei que íamos morrer todos." - disse ao ddV.
Os passageiros estão a apresentar reclamações nas agências onde compraram a viagem e popõe-se a apresentar uma queixa contra a Red Sea Airlines na ANAC-Autoridade Nacional de Aviação Civil. ddV