A edição de hoje do Jornal de Notícias atribui a página 12, da secção de Justiça (com título e leed na primeira página), ao julgamento de Dinis Costa, anterior presidente da Câmara de Vizela, cuja sessão decorreu ontem no Tribunal de Guimarães e continua a 22 de junho.
Reportagem CMTV
Dinis Costa, julgado por peculato e abuso de poder nega tudo e diz que vive num quarto por causa de um "embuste" e, segundo revela o mesmo jornal diário portuense, apontou o dedo ao atual vereador Arnaldo Sousa Guimarães.
Texto do jornalista Rui Dias do Jornal de Notícias.
"Dinis Costa, o antigo presidente da Câmara de Vizela, disse ontem no tribunal que o começou a julgar por crimes de peculato, peculato de uso e abuso de poderes que foi alvo de um "embuste" e de um "atentado" e que, por causa das noticias sobre este processo, "perdeu a familia". "Atualmente vivo num quarto", admitiu Costa, emocionado.
1ª página JN |
O Ministério Público quer que o ex-autarca devolva ao Estado mais de 24 300 euros, "por constituírem vantagem da atividade criminosa que desenvolveu".
Está acusado de, durante os dois mandatos em que liderou a autarquia, de 2009 a 2013 e desse ano até 2017, ter gasto, "no seu próprio interesse e beneficio", 14 mil euros em combustível e portagens com viaturas da Câmara e pago contas de restaurantes, suas e de outros, no valor de 10.358 euros.
Na primeira sessão do julgamen- to, emocionado e com a voz embargada, o antigo edil vizelense, de 66 anos, lembrou ao tribunal que foi bancário durante 30 anos e sempre teve "ficha limpa", afirmando que, em virtude desta acusação e das no tícias que vieram nos jornais, "por o Ministério Público não guardar o segredo de justiça", ter ficado "sem família". "Atualmente vivo num quarto, tenho que dividir uma casa", declarou Dinis Costa.
O ex-presidente da Câmara disse ainda que a "carta anónima" que originou a processo "foi um em buste e um atentado a mim e à minha familia". E nomeou aquele que considera culpado. "É um fato feito à medida pelo Arnaldo Guima- rães."
Dinis Costa pensa que este antigo jurista do Municipio "foi premiado pelo que fez, promovido a assessor e agora a vereador."
Logo que, ontem, foi confrontado com a acusação de uso indevido de viaturas da Câmara, o arguido denunciou que Guimarães, arrolado como testemunha, se tinha deslocado ao tribunal num carro que ele próprio era acusado de usar indevidamente, "apesar de não estar aqui em representação da Câmara."
"Eu nunca fui ao Algarve", reiterou, para rebater a acusação de se ter deslocado a Albufeira num carro do Município, na companhia de Anabela Costa Ribeiro, adiantando que as deslocações foram feitas "pelo arquiteto Abel" e pela sua assessora "em serviço".
Segundo o Ministério Público, Costa terá usado ainda as viaturas "para se deslocar a espaços de diversão noturna" em Braga, Porto e Vigo. O seu motorista declarou também que o ex-presidente visitava ainda duas amantes, em Braga e no Porto.
CORTESIA A VEREADOR FRANCÊS
Relativamente ao cartão de crédito do Município, o ex-autarca nega que alguma vez o tenha usado forma indevida. "Era usado por todos os vereadores em serviço. Eu fui o que o usei menos", garante.
Quanto às refeições, Dinis Costa disse não se lembrar de todos. Sobre um almoço no restaurante Chez Michel, em França, afirmou que foi uma cortesia a um vereador da cidade de Frontignan, José Dantas. "Teve a amabilidade de me ir buscar ao aeroporto e fiquei alojado em casa dele, por isso pa- guei-lhe o almoço a ele e ao motorista", justificou.
O julgamento prossegue.
PORMENORES
Almoços grátis como numa empresa
Dinis Costa é acusado de ter feito "despesas de alimentação no valor global de mais de 10 mil euros", para si e para terceiros, como se geris- se uma empresa priva- da. Em tribunal, afirmou que o suplemento de despesas de repre- sentação era "para fatos e gravatas".
Divorciado desde 2018
Na acusação, o Ministé- rio Público constata ter apurado um valor de 151 562 euros como corres- pondendo a patrimonio do arguido não compati- vel com os rendimentos licitos que tinha decla- rado. Dinis Costa está divorciado, desde 2018 e foi declarado insolven- te, em janeiro de 2020." JN