Afastado Padre do Arciprestado Guimarães-Vizela


O Arcebispo de Braga decidiu, na passada quinta-feira, afastar da actividade paroquial o padre Albino Fernandes Meireles, cujo nome constava da lista elaborada pela Comissão Independente, adiantou o jornal Correio da Manhã.

O sacerdote, de 44 anos, era, desde 2008, pároco de Calvos e Serzedo, em Guimarães. Foto JN

O Padre Samuel Vilas Boas, Arcipreste de Guimarães e Vizela, adiantou ao Grupo Santiago que a Arquidiocese de Braga ainda está a ponderar "a melhor forma de resolver a situação".

O sacerdote, de 44 anos, afastado das paróquias de Serzedo e Calvos tinha sido nomeado para as duas paróquias de Guimarães, em julho de 2018. Anteriormente, o pároco foi responsável pelas paróquias de Terras do Bouro, Brufe, Gondoriz, Cibões, Chorense e Valdreu. A freguesia está incrédula, mas deixa nas mãos da Justiça apurar a veracidade das suspeitas de abusos.

O Arcebispo de Braga decidiu, na passada quinta-feira, afastar da atividade paroquial o padre Albino Fernandes Meireles, até aqui colocado nas paróquias de Serzedo e Calvos, no arciprestado de Guimarães e Vizela, cujo nome consta da lista elaborada pela Comissão Independente para o estudo dos abusos sexuais na Igreja católica portuguesa. 

O sacerdote, de 44 anos, foi nomeado para as duas paróquias de Guimarães, em julho de 2018. Anteriormente o pároco foi responsável pelas paróquias de Terras do Bouro, Brufe, Gondoriz, Cibões, Chorense e Valdreu.

Refere o JN que "a população de Serzedo e Calvos, duas freguesias com cerca de 2300 habitantes, mostra-se, maioritariamente surpreendida e incrédula relativamente ao afastamento do padre, por fazer parte da lista de suspeitos de pedofilia, elaborada pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica. "Os cidadãos de Serzedo não estão a julgar o senhor padre. A justiça é que tem o direito e o dever de o fazer. Vamos aguardar os resultados da justiça", pede Flora Sousa. "Deus o proteja desta mentira que levantaram", acrescenta Raquel Costa ao JN.

A lista da Arquidiocese de Braga era composta por oito nomes, sendo que três já faleceram, um foi julgado e absolvido há 20 anos, outro já tinha sido afastado e dois, um padre e um leigo, não foram identificados.

COMUNICADO DA ARQUIDIOCESE ANTES DE SER CONHECIDO ESTE AFASTAMENTO 

"No passado dia 3 de março, a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica em Portugal, cujo Relatório Final foi apresentado publicamente no dia 13 de fevereiro, entregou ao Arcebispo de Braga, D. José Cordeiro, em envelope fechado, uma lista com os nomes de alegados abusadores, referidos nos testemunhos recolhidos. Esta lista contém oito nomes.  

Depois de uma averiguação inicial, foi possível concluir que:

- Três dos nomes referenciados correspondem a sacerdotes já falecidos.

 - Um dos nomes não corresponde a nenhum sacerdote da Arquidiocese de Braga, nem se encontra nos arquivos da Arquidiocese qualquer referência a seu respeito. A investigação será aprofundada, tendo sido pedida mais informação à Comissão Independente.

- Um dos nomes diz respeito a um sacerdote que foi alvo de um processo civil, tendo sido absolvido.
- Um nome corresponde a um sacerdote que foi alvo de um processo canónico por abuso sexual de menores já concluído e que resultou na aplicação de medidas disciplinares em vigor. Se se verificar que os testemunhos recolhidos pela Comissão Independente configuram novos factos, será iniciado um novo procedimento canónico.
- Um outro nome corresponde a um agente pastoral, que por falta de elementos de identificação não foi ainda possível identificar, estando em curso diligências nesse sentido.
- Um último nome diz respeito a um sacerdote que, depois de um diálogo com o Senhor Arcebispo, foi afastado preventivamente do exercício público do ministério sacerdotal.
A decisão cautelar de afastar preventivamente o sacerdote em causa não prejudica o princípio da presunção de inocência.
Trata-se de aplicar as linhas orientadoras de ação da Igreja em matéria de abusos sexuais de menores, em conformidade com o Vade-mécum sobre procedimentos relativos a casos de abuso sexual de menores cometidos por clérigos.
Reafirmamos o nosso compromisso em acolher e escutar as vítimas, tratando todos os casos com critérios inequívocos de transparência e justiça, contribuindo assim para a máxima reparação possível do mal sofrido. Sabemos que pedir perdão não é suficiente. São-nos pedidas ações concretas. 

Neste sentido, uma equipa de profissionais está disponível para oferecer apoio psicológico, psiquiátrico, jurídico e espiritual a todas as vítimas que solicitem este serviço.

Comprometemo-nos com a promoção de uma cultura de cuidado e faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para prevenir futuros casos de abuso. 

Apelamos, mais uma vez, a todos os que possam ter sido vítimas de qualquer espécie de abuso sexual em alguma paróquia ou instituição da Arquidiocese de Braga, e que ainda não deram voz ao seu silêncio, que contactem a Comissão de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis (comissao.menores@arquidiocese-braga.pt ou 913 596 668). 

Estamos disponíveis para escutar e acolher. 

Braga, 10 de março de 2023 Arquidiocese de Braga

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(Foto JN)

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