Foi um autêntico terramoto futebolístico nacional com epicentro no estádio do FC Vizela a saída de Álvaro Pacheco do clube que orientava há três anos e meio.
Quem visitar as redes sociais, inclusive a página Facebook da FC Vizela – Futebol SAD, quem ler artigos de opinião nos jornais desportivos de hoje ou pura e simplesmente ouvir conversas de rua, o que não deixa de ser um barómetro (pois já o rei perguntava na idade média aos seus súbditos "o que diz de mim o povo lá fora?), vai entender uma coisa muito simples: em quase 85 anos de história do Clube nunca a saída de um treinador teve tanto impacto.Vídeo com a notícia Sport TV
Naturalmente que anos atrás não havia a internet que permite este fantástico elo de ligação, o expandir de sentimentos, alguns espatafúrdios e mal educados que colocam de lado a razoabilidade das coisas para dar lugar a sentimentos e expressões que vão do mel ao fel num ápice, todavia já é factual que Álvaro Pacheco estava no coração dos vizelenses.
As reações também vieram dos quadrantes menos esperados: politicos, escritores (como Pedro Chagas Freitas), religiosos, etc.
O DIGITAL DE VIZELA foi o primeiro órgão de informação a lançar a notícia que na tarde de ontem correu o país.
E também nós duvidamos inicialmente ser uma realidade porque ninguém extra SAD estava por dentro da decisão tomada (só sabe do convento quem está lá dentro).
Em tempos, logo após Diogo Godinho, na Casa da Cultura Joaquim Chicória, ter renovado com o treinador, surgiram rumores que Álvaro Pacheco tinha uma cláusula de rescisão de 500 mil euros. Um dado que nunca foi confirmado publicamente mas que indiciava a importância que Pacheco tinha para a anterior administração.
Para a atual talvez não fosse igual e, por muito que custe admitir, manda quem pode. A SAD tem plenos poderes para decidir quem treina a equipa, que jogadores se contratam, que objectivos traça, etc. etc.
Álvaro Pacheco, rendido pelo treinador dos sub-23 Manuel Tulipa (talvez uma posição de transição à espera de resultados e/ou de um hipotético regresso de Ricardo Soares), era, para os adeptos e comunidade vizelense em geral, mais do que um homem do futebol.
A sua simplicidade e afabilidade, a disponibilidade que sempre demonstrava, correndo nas redes milhares de selfies com o homem da boina ao lado de crianças, de pessoas portadoras de doenças e os mais variados admiradores, surgem estar muito para além, nota-se, de tudo que de bom que possa vir desportivamente, não obstante todos saberem que no futebol tudo é efémero e nada conta mais do que a bola entrar na baliza adversária.
No mínimo a saida de Álvaro Pacheco é considerada intemporal (e estamos perto do Natal). A equipa do Vizela tem três textes difíceis pela frente: visita a casa do Mafra, visita a casa do FC Porto e no regresso do campeonato, a 28 de Dezembro, a receção ao Vitória (de Guimarães). De permeio o clube tem um ato eleitoral marcado para 17 de Dezembro e sendo provável (e desejável) que Eduardo Guimarães continue ao leme, é um facto que até ao momento o presidente da Assembleia José Borges ainda não recebeu qualquer lista disposta a apresentar-se a sufrágio.
Sendo os resultados desportivos a balança que norteia a longevidade dos treinadores, muitos adeptos colocam a simples questão: porquê agora esta decisão de substituir Álvaro Pacheco quando o Vizela até tem no campeonato mais um ponto do que em igual período da época transacta?
Alguns dos adeptos que hoje rebuscam a palavra gratidão serão os mesmos que apuparam Álvaro Pacheco na partida com o Arouca deixando de lado a parte histórica e amanhã seriam os primeiros, provavelmente, a irem à rede se as coisas não corressem bem.
O futebol é mesmo assim: a emoção antes da razão.
Outros que lançam farpas nas redes sociais sobre a quinta chicotada psicológica da época na I Liga nunca entraram no estádio, nunca pagaram uma cota, estão distantes de tudo: a única coisa que os aproxima é a admiração pela pessoa do treinador, pelo estilo de futebol visto na TV que Pacheco (com jogadores do terceiro escalão) soube expor...
Porque Álvaro Pacheco soube ser mais do que o timoneiro duma equipa.
Como a própria SAD salienta no seu (algo vazio) comunicado: Álvaro Pacheco ficará muitos anos na história de Vizela. DDV
- Os diários desportivos de hoje não são unânimes em titular na primeira página: O Jogo e o Record publicam pequenos títulos sobre a saída de Pacheco e A Bola remete apenas para o interior a informação.
Álvaro Pacheco teve um desabafo demasiado forte no final do jogo com o Vitória para o árbitro.
O treinador vizelense foi castigado com um jogo e 612 euros de multa. Sabendo-se que a maioria dos árbitros age de forma colegial em solidariedade com os seus colegas, até que ponto este capítulo não pesou na decisão da SAD.