A entrada da imagem de S. Bento das Peras na Praça da República em Vizela - em consonância com a saudação do Arcebispo D. José Cordeiro aos peregrinos - originou um fenómeno, ou pelo menos algo inesperado que tão cedo poucos esquecerão.
Um bando de gaivotas fez um círculo a que se juntaram outras pequenas aves e piaram de forma ininterrupta como se entoassem um coro.
Ouça no vídeo o som das aves enquanto o Arcebispo fala aos peregrinos.
Não obstante a cerca de sete quilómetros haver grande concentração de gaivotas na lixeira de Lustosa não é habitual estas aves maritimas pairarem pela cidade de Vizela, sobretudo naquele número, voando em círculo e piando insistentemente.
O cenário misterioso, que tantos peregrinos registaram no céu da Praça e sobre a imagem de S. Bento, e que terminou depois do andor abandonar o local, deixou as mais variadas interpretações em função da fé e dos conhecimentos de cada um e de cada qual que se aventure a ser por momentos um ornitólogo.
UM CORVO
A imagem de S. Bento é acompanhada por um cálice e um corvo com um pão na boca. Porquê?
Em 529, por causa da inveja do sacerdote Florêncio, Bento tem de se mudar para Monte Cassino, onde fundou o mosteiro que viria a ser o fundamento da expansão da Ordem Beneditina. É nesse episódio que Florêncio lhe enviou de presente um pão envenenado, mas Bento deu o pão a um corvo que todos os dias vinha comer de suas mãos e ordenou à ave que o levasse para longe, onde não pudesse ser encontrado.
- Florêncio não venceu a sua?
- Não. Durante a saída de Bento para Monte Cassino, Florêncio, sentindo-se vitorioso, saiu ao terraço de sua casa para ver a partida do monge. Entretanto, o terraço ruiu e Florêncio morreu. Um dos discípulos de Bento, Mauro, foi pedir ao mestre que retornasse, pois o inimigo havia morrido, mas Bento chorou pela morte de seu inimigo.
GAIVOTAS
A maior concentração de gaivotas encontra-se na região metropolitana do Porto.[6] Com efeito, de acordo com um estudo de 2021 do Censo Nacional da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, crê-se que a população de gaivotas na área metropolitana do Grande Porto ronde entre 1186 e 1626. Assere-se nesse estudo que a maioria se encontra instalada na cidade do Porto, sendo certo que Matosinhos e Gaia também manifestam considerável preponderância desta ave.[6]
Subsegue-lhe o distrito de Lisboa e depois deste o de Leira.[7]
Sendo que, em todo o caso, os distritos de Faro, Setúbal, Viana do Castelo e Coimbra também exibem números consideráveis[7].