Caso insólito da festa de S. Pedro da Casa do Povo merece atenção da Câmara


No passado sábado dois agentes da GNR entraram no recinto (exterior) da Casa do Povo de Vizela onde decorria a tradicional Festa de S. Pedro organizada por esta instituição em colaboração com os Escuteiros de S. Miguel das Caldas e ditigindo-se ao Presidente da Direção da Casa do Povo ordenou que os grupos de cavaquinhos e a dupla musical Augusto Pontes/Otávio Machado deixassem de tocar.

Júlio César Ferreira disse ontem ao ddV que esta atitude da Autoridade, que foi acatada de imediato, foi no mínimo surpreendente "ninguém estava à espera que uma festa que se realiza há 30 anos pudesse ter uma intervenção deste nível até porque ainda era de dia, a GNR chegou por volta das 19h40 já os Escuteiros tinham vendido quase todas as sardinhas e estavamos muito próximos de acabar a festa de S. Pedro, que, como se sabe, decorre à tarde" - disse o presidente ainda agastado com o sucedido.


 

E prosseguindo: "Um dos agentes perguntou se tínhamos licenciamento da festa e que estavam ali porque receberam uma denúncia anónima. De facto antes vimos a viatura da GNR  rondar por aqui mas ninguém estava à espera que os agentes viessem proibir cantadores amadores, com músicas da sua autoria, de cantarem numa festa que até  tinha poucas pessoas. Ficamos tristes, surpresos, aborrecidos, deixamos de cantar e ficamo-nos apenas pelos petiscos".

Concluindo: "Se houve denúncia, lamentamos que haja gente assim. Nas últimas semanas tenho andado triste devido ao luto que atravesso, esperava desanuviar um pouco neste convívio, porque não passa disso mesmo, de um convívio e tive esta surpresa desagradável. Mas, como se costuma dizer, o que não nos mata torna-nos mais fortes e eu que pensava sair da Direcção no final do ano, já não penso dessa forma" - disse Júlio César. 

PRESIDENTE DA CÂMARA VAI REUNIR 

COM COMANDANTE DA GNR

Para a realização de festas é necessário um licenciamento das câmaras municipais e o pagamento de taxas de Direitos de Autores, havendo ainda as condicionantes da Lei do Ruído, todavia o caso não deixa de ser insólito, porquanto é sabido que todas as instituições populares desta região promovem festivais de folcore, magustos, cantar dos reis e outras festas musicais cujo único preceito é o da salvaguarda da cultura. Mas como alguém disse, e as estátuas à porta dos tribunais com mulheres de olhos vendados confirmam, a lei é cega.

Para além do impacto que a acção da GNR teve na comunidade vizelense importa saber como será daqui para a frente na preservação das tradições e licenciamentos, questão que o ddV colocou ontem de manhã, à margem da reunião quinzenal do Executivo, ao presidente da Câmara de Vizela. A posição de Victor Hugo Salgado, que já ouviu Júlio César e vai reunir com o comandante da GNR, pode ser ouvida no vídeo que aqui juntamos.



Partilhar