Tratado de Tagilde com exemplo nas boas relações Portugal-Inglaterra

 


O primeiro-ministro, António Costa, afirmou esta segunda-feira “separar as águas” entre as relações bilaterais com o Reino Unido e as divergências pós-Brexit entre Londres e Bruxelas sobre a Irlanda do Norte, nas quais apoia a União Europeia.

Questionado à saída de um encontro com o homólogo britânico, Boris Johnson, na residência oficial, em Downing Street, sobre as tensões entre a União Europeia (UE) e o Reino Unido, Costa disse ter transmitido a posição portuguesa. “Nós separamos as águas. A negociação entre a União Europeia e o Reino Unido é conduzida pela Comissão, e nós damos todo o apoio à Comissão. E o governo britânico não tem dúvidas sobre isso”, afirmou, aos jornalistas.


Porém, Costa defendeu que, “dentro daquilo que são os acordos e as divergências no âmbito da União Europeia, há espaço para desenvolver o relacionamento bilateral”. O primeiro-ministro disse que Portugal “não pode desperdiçar” a velha aliança luso-britânica, a mais antiga no mundo, para se “colocar em posição de poder rentabilizar isso”.


Focamo-nos naquilo que tem a ver com as relações bilaterais, que, independentemente de conflitos e convergências entre o Reino Unido e a União Europeia, podem ser estabelecidos de um modo bilateral entre Portugal e Reino Unido”, enfatizou.


Portugal e o Reino Unido assinaram esta segunda-feira uma declaração conjunta sobre cooperação bilateral que Costa qualificou como sendo a mais ampla em termos de setores abrangidos de todos os Estados-membros da União Europeia no pós-Brexit.


“Esta declaração conjunta será fundamental para relançar a mais antiga aliança que existe a nível mundial após o Brexit. Foi das primeiras que Estados-membros assinaram e está é talvez a que abrange mais temas, desde as áreas da defesa, investigação, passando pelo investimento, comércio, até às tecnologias, transição digital e energias renováveis”, declarou o líder do executivo português.


O Governo britânico vai apresentar uma proposta de lei para alterar unilateralmente o Protocolo da Irlanda do Norte, a qual foi criticada pela UE. A legislação vai dar aos ministros poderes para desaplicar partes do Protocolo, que foi desenhado entre o Reino Unido e UE como parte do Acordo de Saída do Reino Unido do bloco europeu para manter a fronteira terrestre na Irlanda aberta.


O acordo assinado em 2020 introduz controlos e documentação adicional sobre mercadorias que circulam entre o Reino Unido e a província da Irlanda do Norte, atrito que foi criticado por empresas e pelos partidos unionistas, que são pró-britânicos.


António Costa foi recebido por Boris Johnson na residência oficial do chefe do Governo britânico, o número 10 de Downing Street, naquele que foi também o primeiro encontro formal entre ambos desde o Brexit. Portugal e o Reino Unido assinaram esta segund-feira um acordo de cooperação bilateral entre os dois países pós-Brexit em áreas não cobertas pelos acordos da União Europeia. A declaração abrange a política externa, defesa, comércio e investimento, ciência e inovação, e educação.


O Presidente da República, que esteve em Londres até sábado no âmbito das comemorações do 10 de Junho – cerimónias nas quais não esteve presente António Costa por razões de saúde -, destacou também a importância e o momento em que será fechado este acordo bilateral, precisamente quando se assinalam 650 anos do Tratado de Tagilde, que teve depois como desenvolvimento o Tratado da Aliança Luso Britânica.

LUSA



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