Café 15 na rua Dr. Abílio Torres fechou as portas de vez. Era dos cafés mais antigos de Vizela. Em 2018 festejou 50 anos, meio século. Os clientes foram escasseando, o prédio necessita de obras e quando voltar a reabrir não será para dar continuidade ao Café 15 que se encontra encerrado há mais de um ano. O proprietário do prédio, António Ferreira, disse ao ddV que vão ser encetadas obras profundas no edifício e que no local vai nascer um projeto muito bonito para Vizela.
Artur Ferreira e Emídio Oliveira |
O café 15, estabelecimento na rua Dr. Abílio Torres (em frente ao parque de estacionamento do Hotel Bienestar) foi fundado a 24 de Junho de 1968 por Artur da Silva Ferreira (saudoso vizelense falecido em 1983). O nome de "Café 15" deveu-se ao curioso facto de Artur Ferreira (pai de Francisco Ferreira primeiro presidente da Câmara de Vizela) não aumentar o preço do café à chávena para 2 escudos (um cêntimo), valor que era cobrado nos outros estabelecimentos da Vila, mantendo o preço de 15 tostões (menos de um cêntimo atual).
Francisco Ferreira disse ao ddV que inicialmente o café iria chamar-se "Café S. João", por estar localizado na freguesia de S. João das Caldas e por ter aberto no dia de S. João Batista (24 de junho). Outro nome em vista era o café adoptar o apelido do seu fundador chamando-se "Café Ferreira ". Nasceu nos antigos armazés do Lopes Linhos.
Mas se é o Povo que faz o caminho também é o Povo que faz os nomes e não tardou que, durante meio século o antigo café, fosse denominado por "Café 15".
No dia 15 de julho de 2018, o Café 15 (na foto de arquivo) comemorou meio centenário de vida tendo marcado presença no cantar dos parabéns o Presidente e Vice-presidente da Câmara Municipal de Vizela, Victor Hugo Salgado e Joaquim Meireles respetivamente, a convite de Emídio Oliveira último gerente daquele estabelecimento.
Nos áureo anos de 70 e 80, quando as máquinas de café não abundavam e havia gente que fazia quilómetros para tomar um café à chávena, o 15 era uma espécie de apeadeiro para quem vinha a Vizela ver um filme ao Cine-Parque. Num tempo em que, por exemplo, em Vilarinho não havia cafés, os habitantes desta freguesia de Santo Tirso eram grandes clientes do café 15 andando alguns perto de 10 km a pé para irem ali tomar café.
CAFÉS COM HISTÓRIA
A vida de qualquer localidade gira, ou girou, muito à volta dos cafés. Em Vizela não se fugiu à regra destes espaços que, de certa forma, vieram render as tabernas.
O café mais antigo de Vizela, e um dos mais antigos de Portugal, é o café Universal, antigo café do Lino, hoje sob a gerência de Marco Paulo Ribeiro e seu pai Adriano Ribeiro, situado na rua Dr. Abílio Torres.
O café 5 de Agosto junto à estação, inicialmente denominado por Café Reina e depois Café Lopes, o Café Jardim, em frente ao jardim Manuel Faria, o Café Lameira que antes era uma taberna, a Casa do Povo entre outros são dos mais antigos de Vizela, tal como o café Faria na Lage.
De cafés que também marcaram a história de Vizela, destaca-se o café Brasileiro (hoje Midouro), o Snak-Bar Alcatifa (edifício hoje ocupado provisoriamente pela Farmácia Alves), o café da Pasteleira e a Cave (onde está hoje a agência imobiliária Agostinho Sousa), o Café das Barracas (hoje restaurante Pinóqio) e claro o café Casino, todos na rua principal de Vizela, foram marcantes no percurso histórico de Vizela.
Voltando ao Café 15, nesses tempos, quando nos pontos altos de Vizela não havia cafés, com exceção da Lage (café Faria), o 15 era também o espaço preferido dos moradores do alto de S. João das Caldas (Charca, Cucurro, Formigosa, Porteladinha, S. Paulo, S. Romão e da Ponta Velha...), sendo ainda muito frequentado por residentes noutras localidades e por aquistas que frequentavam as termas e ficavam instalados nas proximidades como as pensões Nacional e Termas, o Hotel e inúmeras casas particulares que alugavam quartos. Desde Artur Ferreira até Emídio Oliveira passou por várias gerências. E como quase todos os cafés tinham os seus engraxadores de sapatos particulares, o Café 15 contava com os serviços de "Miano" que ao som do seu assobio deixava qualquer sapato a brilhar. Muito melhor do que os engraxadores de que poetizava António Aleixo:
Foto de arquivo. |