Depois de dez épocas ao serviço do Vizela e de ter representado o Gil Vicente na I Liga, Cláudio, 43 anos, tornou-se especialista na área de scouting (análise de jogos e jogadores) e prospeção (descoberta de talentos) uma área para a qual se vinha preparando há muito tempo.
- Antes de falarmos da sua nova atividade, acredita que o FC Vizela, clube que representou e com quem subiu duas vezes à II Liga, da terra onde vive com a sua família, possa fazer uma época tranquila na I Liga?
- Depende de vários fatores. Destaco aqui os dois fatores mais importantes: o planeamento e a estruturação do plantel.
O FCV nos últimos anos tem tido uma estabilidade financeira que favorece bastante para os objetivos almejados, o apoio que a Câmara Municipal de Vizela oferece não só para o FCV mas também para o desporto do Concelho tem ajudado muito para o sucesso dos clubes.
Mas o FCV mesmo com essa estabilidade e com esses apoios se não houver um bom planeamento, boa organização e boa estruturação só a estabilidade financeira não basta.
- É proibido errar?
- Sim. A primeira Liga é um campeonato muito competitivo onde a percentagem de erros em todos os setores tem que ser mínimas, quem errar menos está mais perto do sucesso.
- O Cláudio esteve como Adjunto do Carlos Cunha no Lank Vilaverdense, pensa em ser treinador principal algum dia?
- Estou com Carlos Cunha porque recebi por ele este convite para fazer parte da equipa técnica dele, é uma pessoa com quem me identifico, não só pela competência do seu profissionalismo mas também da parte humana. É um ser humano fantástico. Ser adjunto atualmente dá prazer, estou feliz em estar ligado a uma coisa que sempre pratiquei, que é o futebol.
Sinceramente nunca fui focado em querer ser treinador principal, não quero com isso dizer que um dia não possa ser, mas o que sempre gostei mesmo foi da parte de Análise, Scouting e Prospeção é um departamento com que gosto e me identifico.
- De onde surgiu esse gosto?
- O meu pai tinha uma câmera de filmar, aquelas antigas grandes de cassete, quando iniciei a minha formação, o meu pai sempre que possível filmava os meus jogos e quando chegávamos a casa víamos o jogo e fazíamos análises no que eu poderia melhorar a nível individual. Fizemos isso em toda a minha trajetória na formação.
Nos séniores dei continuidade a este hábito e por mais que os treinadores passassem as informações, eu procurava antes dos jogos analisar os adversários durante a semana para obter ainda mais conhecimentos. Essas análises ajudavam bastante.
Também após os jogos procurava pegar nas gravações para analisar e observar no que eu poderia melhorar.
Com toda esta minha vivência ao longo dos anos sem dúvida que adquiri bastante experiência e conhecimentos, tornando uma área que admiro e gosto.
- Fez alguma formação nesta área?
- Sim, fiz. Achava que para além do conhecimento que obtive enquanto jogador era preciso aprender nas formações específicas. Fiz algumas formações de Scouting e Prospeção e também participei em vários eventos direcionados para esse tipo de trabalho.
- Qual a importância deste departamento num clube?
- Hoje em dia é indispensável este tipo de trabalho nos clubes, ajuda bastante ao treinador para análise da sua própria equipa, da equipa adversária e também ajuda na procura de jogadores que sejam uma mais valia para o contexto que serão inseridos.
É um departamento que poucos dão valor mas é essencial no futebol atual.
- Está disponível para estudar propostas de clubes para trabalhar na área de scouting e prospeção?
- Claro que sim. As propostas que chegarem irei avaliar. Será importante para mim mas sobretudo para o clube que eu trabalhar.
ddV