Socialistas de Vizela todos convocados

 


O Partido Socialista de Vizela presidido por Dora Gaspar, tem esta segunda feira (21h00) uma das mais importantes reuniões da sua história ou pelo menos «a mais delicada» como classificou Albano Borges, presidente da mesa de Militantes. O tema da reunião versa as eleições autárquicas 2021 e os militantes vão tomar conta do ponto da situação apesar do PS de Vizela já ter tornado público em comunicado que a Federação de Braga do PS avocou (a avocação é uma figura de recurso extraordinário prevista no artigo 67º dos Estatutos do PS, ver artigo em baixo) o processo das eleições e votou, no seu Secretariado a 15 de fevereiro, que o cabeça de lista do Partido Socialista às eleições em Vizela seria Victor Hugo Salgado atual Presidente da Câmara de Vizela. Há quem concorde e quem discorde.

Albano Borges, que não quis, muito respeitosamente, alongar-se em comentários nem sequer abordar alguns assuntos «que devem apenas ser discutidos em sede própria», disse ao ddV que «entendemos     que a delicadeza desta reunião não devia ficar limitada apenas à Comissão Política Concelhia (32 elementos) e por isso decidi convocar todos os militantes socialistas. Todos têm direito a estar informados e a darem a sua opinião sobre um assunto que é do interesse de todos. O PS é um Partido onde impera a democracia e este assunto deve ser discutido por todos os militantes» - afirmou.

VIZELA ABSTEVE-SE NA FEDERAÇÃO

A reunião desta segunda-feira não será presencial face ao estado de confinamento em vigor pelo que os militantes vão acompanhar a sessão através dos ecrãs de computadores, tablet's ou telemóveis: «Já temos alguma preparação nesta matéria porque as nossas reuniões do Secretariado já decorrem através da nossa plataforma. Amanhã enviaremos aos militantes uma chave de acesso para que todos possam estar em sintonia» - disse Albano Borges.

Sobre o que pode advir desta reunião, até porque tudo estará já decidido, e como chegarão as conclusões da mesma à imprensa, o presidente da Mesa de Militantes socialistas disse que não lhe compete fazer qualquer antevisão sobre o decorrer da reunião e que em sede própria será decidido como será comunicada qualquer informação. Manuel Albano Borges não deixa de dizer, entretanto: «Sou um homem de paz e a mim entristece-me muito ver a família socialista vizelense de costas voltadas».

Um dado que pode ser analisado nesta reunião é o voto da concelhia de Vizela na Federação de Braga do Partido Socialista a 15 de fevereiro. Ao que o ddV apurou junto de fonte credível, o voto de Vizela, por intermédio do membro do Secretariado da Federação, Gonçalo Castro, sobre a candidatura de Victor Hugo Salgado foi NIN. Nem sim nem não. Foi o único voto na abstenção. Os restantes elementos do Secretariado votaram a favor. Não houve qualquer voto contra.

ANTÓNIO COSTA TERÁ INTERVIDO?

Não obstante ter sido a Federação de Braga do PS a ficar com a batata quente na mão, há quem, junto do organismo liderado por Joaquim Barreto afiance que a ordem para escolher Victor Hugo Salgado partiu de mais de cima, de Lisboa, da Comissão Nacional e/ou até do próprio António Costa (atual primeiro ministro). 

Por outro lado, adensando os rumores, no dia 6 de janeiro do corrente ano Vizela recebeu a visita da Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa para inaugurar o Centro Animal em Infias e a intervenção realizada pela CMV nas margens do Rio Vizela junto ao Parque e no seu discurso (ver vídeo) a Ministra do Governo PS, disse que Victor Hugo Salgado fazia bem em recandidatar-se. Muitos dos presentes entenderam estas palavras como uma mensagem das hostes socialistas de Lisboa.


António Costa, que esteve em Vizela na última campanha eleitoral autárquica em 2013 em apoio à lista socialista então liderada por João Ilídio Costa, ficou triste com a cisão do PS de Vizela (evidente no pouco público presente), soube o ddV junto da Federação. Rutura que levou à saída do Partido de um grande número de socialistas que foram depois vencer as eleições em listas de Independentes (Câmara, Assembleia e em cinco freguesias das sete do concelho).
Sendo importante para qualquer partido e Governo o resultado nas eleições autárquicas, bastando para tal recordar que António Guterres demitiu-se do cargo de primeiro-ministro na sequência dos desastrosos resultados registados pelos socialistas nas autárquicas de dezembro de 2001, ninguém quer perder , sobretudo em Concelhos (casos de Vizela e Fafe onde ocorreram cisões) onde o PS era à partida de qualquer ato eleitoral virtual vencedor. Quanto mais câmaras melhor, e o PS, naturalmente, quer voltar a vencer naquele que já foi o concelho mais PS do País.

VICTOR HUGO EM SILÊNCIO

Victor Hugo Salgado não revela qualquer dado sobre a matéria em curso. Remeteu-se ao silêncio.
Depois do Secretariado da Federação Distrital de Braga o ter aprovado como cabeça de lista do PS nas próximas autárquicas em Vizela, o processo segue agora os passos normais devendo demorar uma semana a chegar a confirmação oficial da sua candidatura pelo partido ao qual já este ligado e inclusive foi deputado da Assembleia da República. Victor Hugo deverá concorrer como Independente na lista do PS e uma das suas condições nas negociações que decorrem há cerca de meio ano, quer ter autonomia total para a elaboração das listas à Câmara, Assembleia e Assembleias de freguesias. Não quer ingerências.

VICTOR HUGO

O facto de Victor Hugo Salgado não aceitar Dora Gaspar na sua equipa levou ao adiamento e ao impasse das negociações até que alguém deu o murro na mesa, neste caso Braga, mas, tudo indica, pressionada por Lisboa e o caso parece ter fim à vista. Há quem diga que há uma surpresa na reunião de amanhã, resta saber qual.

Na voz popular, Victor Hugo Salgado já tem as próximas eleições autárquicas vencidas, concorra por quem concorrer, algo que a mais recente sondagem realizada em Vizela veio dar mais sedimento.

Nas últimas eleições para a conhecia do PS, que puseram em campo duas listas lideradas por Dora Gaspar e outra por Nuno Faria o nome de Victor Hugo já era propalado, dizendo-se que em caso de vitória de Nuno Faria o candidato à câmara do PS já estava escolhido, no caso seria Victor Hugo Salgado.

Outro dado que fica é que a indicação do Secretariado de Vizela, em novembro de 2020, do nome de Dora Gaspar como cabeça de lista à Câmara, nunca chegou a ser votada em assembleia da Comissão Política do PS de Vizela. A reunião nunca se realizou talvez devido ao decorrer das negociações no exterior. Um assunto que também deverá ser abordado na reunião online desta segunda feira.

COMUNICADO DO PS DE VIZELA DE 17 DE FEVEREIRO

 O Secretariado Concelhio de Vizela do Partido Socialista vem por este meio esclarecer os militantes e simpatizantes do partido, bem como todos os Vizelenses, que: 

1- No dia 13 de janeiro, a pedido do Secretariado Concelhio, realizou-se uma reunião com os órgãos nacionais e federativos de Braga do Partido, para definição da candidatura às eleições autárquicas de 2021. 

 2- Na referida reunião, o Secretário Geral Adjunto, José Luís Carneiro, e a Secretária Nacional das Autarquias, Maria da Luz Rosinha, solicitaram que a Concelhia de Vizela do PS não fechasse a porta ao diálogo com o Movimento Vizela Sempre - Victor Hugo Salgado (MVS-VHS), de modo a que se tentasse uma aproximação das partes, com vista à elaboração de uma candidatura conjunta nas eleições autárquicas de 2021. 

3- Igualmente, foi transmitido, e sublinhado pelo Presidente da Federação de Braga do PS, Joaquim Barreto, que a agregação de candidaturas só se faria se o PS Vizela estivesse nessa disponibilidade e houvesse acordo e aval dos órgãos concelhios. 

DORA GASPAR

 4- Tal como transmitido pelo Secretário Geral Adjunto, qualquer evolução que pudesse existir relativamente a esta matéria, só poderia ocorrer se houvesse convergência das duas partes, sendo que, em última instância, seria respeitada a Concelhia de Vizela do PS”. 

5- Compreendendo os argumentos apresentados pelos representantes dos órgãos nacionais, sensibilizados pela manifestação de respeito para com a Concelhia de Vizela do Partido e para com a decisão que viesse a ser adotada, o Secretariado Concelhio de Vizela do PS, contrariando aquela que era a sua intenção inicial, aceitou abrir a porta ao diálogo com o MVS-VHS, após solicitação deste. 

6- Assim, em 25 de janeiro, realizou-se um encontro entre o PS Vizela e o MVS-VHS, mediado pelo Presidente da Federação de Braga do PS, no qual foi manifestado por VHS a sua vontade em ser cabeça de lista do PS à Câmara Municipal de Vizela. 

7- Tratou-se de um encontro exploratório e que, naturalmente, não foi conclusivo. 

8- De novo, compreendendo os argumentos apresentados pelo PS nacional e sensibilizados por estes, o Secretariado Concelhio do PS Vizela decidiu renovar a abertura ao diálogo para que fosse apreciada a possibilidade de VHS ser o cabeça de lista do PS à Câmara Municipal de Vizela num quadro de um possível consenso e putativa candidatura conjunta. 

 9- O Secretariado Concelhio assumiu sempre que, apesar dos custos políticos inerentes, só num quadro de entendimento mútuo validado pela Comissão Política Concelhia, poderia vir a ser possível um desfecho de consenso. 

10- Considerando

a. A legitimidade dos órgãos do PS Vizela, escolhidos em eleições livres, participadas e justas; 

b. O trabalho desenvolvido e o esforço coletivo e individual para manter e reforçar o PS, ao longo dos últimos anos, face às fraturas irremediáveis protagonizadas pelo MVS-VHS;

 c. O trabalho já feito para preparar as eleições autárquicas em cada freguesia do Concelho; 

 O Secretariado do PS Vizela, defendeu previamente que haveriam pressupostos basilares que teriam sempre de ser respeitados. Desde logo, um conjunto específico de projetos e ações com vista a melhorar a qualidade de vida dos Vizelenses; o respeito pelos órgãos concelhios e seus legítimos eleitos, respeito pelos eleitos do PS nos órgãos autárquicos e defesa dos princípios e valores do Partido. 

 11- Das suas posições, o Secretariado Concelhio deu sempre conhecimento aos órgãos nacionais e federativos do PS, reiterando a necessidade de diálogo para defesa dos interesses de Vizela e dos Vizelenses e para afirmação do Partido em Vizela e no distrito de Braga. 

12- Contrariando o expectável normal curso dos acontecimentos, o Secretariado Federativo de Braga do PS decidiu, na sua reunião de 16 de fevereiro, avocar o processo eleitoral autárquico de Vizela. 

13- A avocação é uma figura de recurso extraordinário prevista no artigo 67º dos Estatutos do PS. Pelo exposto, o Secretariado Concelhio de Vizela do PS: 

I. Repudia a decisão do Secretariado Federativo de Braga do PS; 

II. Considera a avocação um ato intempestivo e injusto, ofensivo para com os princípios e a história do Partido, que somos, e para com todos aqueles que deram um grande contributo ao PS e à dignificação da política nos últimos três anos, nomeadamente o contributo para as vitórias eleitorais alcançadas. 

III. Reafirma não compreender qual a razão válida para avocação, desde logo pela posição assumida pelo Secretário Geral Adjunto e pela Secretária Nacional das Autarquias de defesa e aceitação das decisões que a Concelhia de Vizela do PS viesse a adotar. 

IV. Considera que a avocação é um ato que prejudica a democracia, os partidos e a política. Em democracia e no PS ninguém deveria tolerar “os donos disto tudo”. 

A Concelhia de Vizela do PS defende com honra os princípios que são a razão de ser do PS, tais como: a democracia, a liberdade, a fraternidade, a igualdade de oportunidades, a justiça e o apoio aos mais desprotegidos socialmente. 

Pela dignificação do poder local, da atividade política e do próprio Partido Socialista. 

 Vizela, 17 de fevereiro de 2021 

O Secretariado Concelhio de Vizela do PS 

 NOTA: A Comissão Política Concelhia, alargada aos militantes da Concelhia de Vizela do PS, reunirá no próximo dia 22 de fevereiro, pelas 21h00.

 

COMPOSIÇÃO FEDERAÇÃO DE BRAGA DO PS 

JOAQUIM BARRETO

 Presidente, Joaquim Barreto, Mesa da Comissão Política Distrital, 

Presidente (Luís Soares- Guimarães); 

Secretários (Miguel Costa Gomes, de Barcelos e Dora Gaspar, de Vizela). 

Vice-Presidente da Federação, Ana Paula Morais, da Concelhia de Braga, e o secretariado, órgão executivo, contam os seguintes elementos: Armindo Vilas Boas; Alexandra Gonçalves; Eduarda Lopes; Fernando Moniz; Fernando Basto; Gonçalo Castro (Vizela); José Miguel Silva (Litra); Marta Coutada; Manuel Nobre; Miguel Pereira; Mónica Fernandes; Nídio Amado; Pedro Sousa; Paulo Folhadela; Palmira Maciel (Presidente Departamento Federativo de Braga das MS – ID); Nélson Felgueiras (Presidente da Federação de Braga da JS). 

DOS ESTATUTOS DO PS CAPÍTULO VI DOS CARGOS POLÍTICOS 

Artigo 67º (Da designação para cargos políticos) 

1. A designação para cargos políticos compete: 

 a) À Assembleia Geral da secção de residência, relativamente aos candidatos às assembleias de freguesia; b) À Comissão Política Concelhia, quando se trate de cargos de âmbito concelhio ou relativamente às freguesias, às quais não corresponde secção de residência; c) À Comissão Política da Federação Distrital, quando se trate de cargos de âmbito distrital; d) À Comissão Política da Federação Regional, quando se trate de cargos de âmbito regional; e) À Comissão Política Nacional, quando se trate de cargos de âmbito nacional ou europeu. 

2. As designações do primeiro candidato a cada Assembleia de Freguesia bem como do candidato à Presidência de Câmara Municipal são ratificadas, respetivamente, pela Comissão Política Concelhia e pela Comissão Política da Federação. 

 3. Quando a Comissão Política da estrutura territorialmente mais ampla ou a Comissão Política Nacional declarar, em resolução fundamentada, aprovada por maioria dos membros em efetividade de funções, a importância política para esse âmbito territorial da designação para os cargos a que se refere o número 1, podem tais designações, no todo ou em parte, ser por ela avocadas para deliberação ou ratificação. 

4. A Comissão Política Nacional pode ainda deliberar, em última instância, em sede de recurso devidamente apresentado e fundamentado por qualquer dos órgãos da Concelhia ou da Federação Distrital ou Regional. 

5. A Comissão Política Nacional, sob proposta do Secretário-Geral, tem o direito de designar candidatos para as listas de Deputados à Assembleia da República, tendo em conta a respetiva dimensão, indicando o seu lugar de ordem, num número global nunca superior a 30% do número total de deputados eleitos na última eleição em cada círculo eleitoral. 

6. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, os processos de designação dos candidatos a titulares de cargos políticos ocorrem de acordo com os critérios e as metodologias estabelecidos em orientação aprovada pela Comissão Nacional. 

7. Quando a Comissão Política Nacional considerar que uma lista de candidatos a Deputados à Assembleia da República, aprovada em Comissão Política da Federação, não cumpre os critérios e/ou as metodologias estabelecidos no número anterior, pode, por maioria dos membros em efetividade de funções, avocar a deliberação relativa à composição da lista. 

8. As Mulheres Socialistas -Igualdade e Direitos e a JS são obrigatoriamente consultados no processo de designação de candidatos a titulares de cargos políticos. 

 

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