Na gravação (que pode ver acima), António Neto revela apenas o seu nome e a morada em Portugal (Moreira de Cónegos-Guimarães), porém encontrar algo que estava gravado há 47 anos e que pensava já não existir, deu-lhe grande emoção como revelou ao Digital de Vizela: «É curioso ter recebido este vídeo porque há pouco tempo fiz anos, a minha filha fez um filme sobre a minha vida e procurou essas imagens. Escreveu para diversos departamentos e não as conseguiu e ao recebe-las inesperadamente por mensagem enviadas por uma antigo companheiro de guerra, fiquei emocionado. São breves segundos, pode parecer algo insignificante para os outros, mas para mim, e creio para todos os ex-soldados que estão a aparecer nestes vídeos que a RTP Memória está a lançar, é muito comovente, é quase um reconhecimento pelo que fizemos pela Pátria».
António Neto, comerciante em Vizela com uma grande loja de eletrodomésticos e Presidente da Casa dos Dragões do Vale do Vizela recorda ao ddV que não passou apenas um Natal em Moçambique: «Foram dois porque também fiquei lá no Natal de 1972. Andar na guerra não é uma coisa boa, mas no Natal sentíamos mais as saudades dos nossos. E sem os meios de comunicação que há hoje, aquele era uma preciosidade».
Antes de Cabo Delgado, norte de Moçambique, António Neto também cumpriu serviço militar em Angola onde fez curso de comando. Tinha o posto de soldado de infantaria e era o condutor do Comandante da Companhia.
Na ocasião em que a RTP o abordou estava acompanhado por Costa Gomes, Presidente da República a seguir ao 25 de abril, e que exerceu as funções de 2.º comandante da Região Militar de Moçambique.
«A RTP tinha uma máquina enorme de filmar, os soldados colocavam-se em fila e diziam uma breve mensagem. Muitos tinham pouco à-vontade a atrapalhavam-se - recorda com um sorriso. "Tempos que já lá vão pois já conto com 70 anos» - disse António Neto que vai guardar para sempre a mensagem de 1973, não só na sua memória, mas também o vídeo da RTP Memória. É merecido!