Aqueles que pensavam que a "ronca" (sirene antiga) era já uma inerte peça do Museu da Luta de Vizela enganaram-se. Ontem, em frente à Assembleia da República, os comerciantes de Vizela fizeram ouvir novamente o ronco choroso da «ronca» que a 19 de março de 1998 tocou na Capital, no mesmo espaço, no anúncio do novo concelho. A peça, que a Pesada ainda guarda religiosamente, foi entregue a Dani Dias por José Manuel Couto e ligada a um gerador emprestado pelos Bombeiros de Vizela e acabou por se tornar uma das grande atrações da manifestação
(ver vídeos que aqui se integram) que ontem à tarde juntou várias centenas de empresários e trabalhadores da restauração, entre eles vizelenses do grupo Toalha Branca e outros a título particular que quiseram unir o seu protesto a uma classe que está a passar por inúmeras dificuldades face à pandemia e aos horários impostos pelo Governo, à pesada carga fiscal, etc... Alguns dos intervenientes choraram em palco na ocasião dos discursos.
Conhecidos dj como Miguel Rendeiro e Casanova subiram ao palco e falaram de forma sentimental sobre o momento que estão a viver, tendo outros oradores da restauração, bares da diversão noturna, ponde a público os seus dramas. O incentivo partia do principal rosto destes movimentos o cozinheiro jugoslavo Ljubomir Stanisic que se tornou conhecido por um programa televisivo sobre restaurantes em decadência (antes da pandemia). Ljubomitr emocionou-se quando contou a história duma família que lhe entregou a chave do seu restaurante porque já não conseguia segurar o negócio.
No palco não faltou um caixão branco e frases de ordem sendo a principal DEIXEM-NOS TRABALHAR . Centenas de polícias estavam a postos para o que desse e viesse porém a manif foi pacífica do princípio ao fim. As intervenções eram intercaladas pelo som da ronca e frases de ordem-.
Várias centenas de pessoas foram ali sobretudo, do norte do país, Alentejo e Algarve, respondendo ao repto lançado pelo Movimento A Pão e Água. O alvo principal das queixas foi o primeiro-ministro, António Costa. "Vocês estão a matar os que querem trabalhar", gritaram diversas vezes os
Zé Pedro tem um restaurante em S. Paio de Vizela. |
manifestantes, alguns deles com os seus negócios fechados há nove meses, como acontece com muitos bares e discotecas. A principal reivindicação dos profissionais daqueles setores, que sofrem os efeitos da pandemia do novo coronavírus e das medidas adotadas pelo Governo para conter a sua propagação, é que lhes seja permitido trabalhar nos seus horários normais. Não podendo funcionar sem restrições de horário, aqueles empresários pedem, então, melhores apoios, como a isenção de pagamento da Taxa Social Única (TSU) e apoios a fundo perdido. Um dos adereços mais fotografados pela comunicação social foi uma árvore de Natal apresentada pelo vizelense Arménio conta com garrafas de plástico de água e broas de pão, simbolizando o pão e água, mote da manifestação.
De Vizela partiram dois autocarros que não foram completos devido às normas que pretendem evitar a propagação da covid. Todos os manifestantes usaram alccol e máscaras, porém o recinto era apertado e não foi possível o distanciamento social.
A manifestação teve grande cobertura da comunicação social, embora a morte de Maradona tenha relegado para segundo plano esta acção que promete repetir-se novamente a norte caso António Costa não atenda aos apelos, e foram muitos, ali lançados.