Distrital PSD/Porto congratula-se com o “puxão de orelhas” de António Costa aos autarcas de Paços de Ferreira, Lousada e Felgueiras e ao diretor executivo do ACeS Tâmega III
A situação epidemiológica na área geográfica do ACeS Tâmega III – Vale do Sousa Norte, que compreende os concelhos de Paços de Ferreira, Lousada e Felgueiras, tem registado um aumento exponencial de casos de Covid-19, o que evidencia que o vírus está a circular na comunidade de forma descontrolada.
Preocupação e medo, são o sentimento generalizado, quando foram conhecidos os últimos dados sobre a evolução da pandemia naqueles concelhos. Sobretudo, num momento em que os Centros de Saúde se debatem com dificuldades na resposta à população, quer no atendimento telefónico para marcação de consultas, quer no acompanhamento de patologias crónicas.
A reunião que António Costa convocou ontem, com caráter de urgência, é a prova inequívoca de uma descoordenação sem paralelo das autoridades de saúde local e da completa desorientação e inoperância dos presidentes das Câmaras Municipais, face ao desenrolar dos acontecimentos.
Por isso, a deslocação do Primeiro-Ministro a Paços de Ferreira só pode ser entendida como um “puxão de orelhas”, que apenas peca por tardio, uma vez que esta é a região do país com mais casos por 100.000 habitantes e era público e notório, nos últimos dias, o pânico e o desnorte das autoridades sanitárias e municipais, quer pela adoção de medidas contraditórias, quer pelo discurso errante e incoerente.
As declarações do diretor executivo do ACeS Tâmega III, Dr. Hugo Lopes, são absolutamente irresponsáveis, sem nexo e negligentes.
Na verdade, justificar o aparecimento de 944 casos, nos últimos 7 dias, com as ligações familiares, é uma justificação bizarra e, no mínimo, pouco séria, de alguém que é o responsável máximo pela gestão da situação pandémica na região e que, no meio de uma emergência, parece estar atarantado a gerir o caos.
Também a falta de ação e a descoordenação dos municípios nesta matéria, face ao risco de contágio numa região fortemente industrializada, com milhares de trabalhadores, é confrangedora. Não há conhecimento de um plano de contingência articulado com o ACeS e as Associações Empresariais. Qualquer presidente de Câmara minimamente diligente teria acionado este mecanismo, senão antes, logo a seguir ao levantamento do estado de emergência.
Sempre que confrontado com esta realidade, o diretor executivo do ACeS preferiu passar as culpas para terceiros. Foi isso que aconteceu quando, por inúmeras vezes, optou por reencaminhar para a ARS Norte as respostas que lhe eram exigidas. É o que acontece agora, quando atribui o aumento brutal de casos ao comportamento das famílias. Uma postura tão inadmissível, quanto inaceitável, que não podemos deixar passar em claro, sobretudo por não assumir as competências que lhe incubem, nem coordenar as respostas que lhe competem, no terreno.
De entre os três municípios, é claro um crescimento abrupto e anormal no concelho de Paços de Ferreira. Se a evolução do número de infetados neste concelho era o maior da região, hoje constatamos que o número total de novos casos em Paços de Ferreira é o 3.º maior de todo o país, só superado pelos municípios de Lisboa e Sintra.
Infelizmente, Paços de Ferreira já antes tinha sido notícia por uma situação caricata. O presidente da Câmara Municipal, Humberto Brito, responsável máximo pela proteção civil do concelho, foi indiciado numa investigação pelo Ministério Público, por alegado desrespeito da obrigação de isolamento, após lhe ter sido diagnosticado Covid-19. Agora, volta a ser notícia pelas piores razões.
Em Lousada, a Câmara Municipal também não tem tido, nem capacidade, nem iniciativa, para implementar as medidas preventivas e agilizar os procedimentos, entre entidades, perante uma situação de calamidade local verdadeiramente excecional. Cada dia, uma informação diferente, consoante os interlocutores. Perante uma suspeita de infeção, tão depressa impõem o isolamento profilático, como logo a seguir aconselham o regresso ao trabalho, induzindo a confusão nas populações e semeando a descrença na autoridade de saúde local.
A situação de Felgueiras também não é melhor. O executivo municipal permanece confinado, deixando à deriva os Centros de Saúde, sobretudo nas diligências que se impunham junto do ACeS. Por exemplo, o deficiente atendimento do Centro de Saúde de Marco de Simães, nos últimos meses corresponde, na prática, a um encerramento, sobrecarregando o da Serrinha. A Câmara Municipal falhou também redondamente nos planos de contingência e na adoção de medidas sanitárias e de saúde pública, sendo completamente omissa no apoio à vacinação e, mais grave, na sobrelotação nos transportes escolares.
Apesar da desorientação em que labora, é um imperativo de consciência que o Governo, com carácter de urgência, reforce os meios e decrete medidas de maior alcance e eficácia, como o aumento da capacidade de testagem e de inquéritos epidemiológicos. Também é urgente conferir prioridade a esta região, para interromper as cadeias de transmissão e travar, de imediato, esta disseminação inusitada da doença Covid-19.
O nosso desejo é que o “puxão de orelhas” seja exemplar e o “corretivo” de rápida aplicação, a bem das populações.
22 de outubro de 2020
A Comissão Política Distrital do PSD do Porto