Felizmente para os Bombeiros (continuam a ser verdadeiros soldados da paz que morrem inocentemente no meio das chamas para salvar os outros) a chuva que caiu na entrada da segunda metade de agosto deu tréguas aos incêndios florestais. Ainda bem.
Os muitos vizelenses que fazem do Digital de Vizela a sua leitura diária, e por isso não o dispensam mesmo em período de férias alguns bem longe (este ano nem tanto pois foram reduzidas as viagens ao estrangeiro devido à pandemia da covid-19), vêm aqui à procura da informação possível num período que os próprios jornalistas, também eles merecedores de descanso, abandonam o teclado e secretária e partem à procura do sossego que lhes dê lenitivo para mais um ano de trabalho a recomeçar já em setembro.
As notícias mais lidas num órgão de informação local, sem qualquer dúvida, são aquelas que relatam a partida para a eternidade de gente boa e conhecida, vizinhos do pé da porta, amigos que se cruzavam no dia a dia connosco.
Ao longo destes 15 anos (quase 16 e com mais de 20 milhões de visitas) deste órgão de informação que nasceu para levar Vizela ao mundo num segundo - fundado em 2004 precisamente no mesmo ano em que nasceram na rede ferramentas tão importantes como o Facebook, o YouTube, o Gmail e outros - foram inúmeras as circunstâncias reveladoras do quão importante é uma informação em cima da hora, não obstante os riscos que sempre corre uma informação de corre-corre.
Apenas um exemplo:
Um destes anos um leitor do ddV preparava-se para embarcar no aeroporto Sá Carneiro e enquanto seguia para a manga de acesso ao avião leu no telemóvel a notícia de falecimento de um familiar muito chegado. A família não conseguiu contatar esse emigrante no imediato e foi por intermédio do ddV que ele acabou por não partir para um país de onde teria de regressar quando lá chegasse e recebesse a triste notícia.
Infelizmente este mês de agosto de 2020 tem sido pródigo em notícias dessa matéria (número de falecimentos supera o de outros meses de agosto e ainda faltam oito dias para o final) que tem deixado inúmeras famílias vizelenses mergulhadas num mar de tristeza. Que a força lhes volte depressa.
Já não bastava as limitações impostas pela maldita pandemia que ninguém sabe quando terminará parecendo vivermos hoje um intervalo entre a primeira vaga e a anunciada segunda para aprisionar a alegria de viver e sair à rua.
Territorialmente e populosamente, Vizela é dos concelhos mais pequenos dos país, por tal o caudal informativo, tal como o Rio Vizela, é sempre estreito e em agosto, essa escassez sente-se tanto na água que corre como na informação que verte.
Não há futebol, os gabinetes de comunicação das autarquias quase paralisam, as associações metem intervalo, o comércio vacila ou encerra, as famosas Festas da Cidade não viram a luz do dia por imposição (compreensível) da Direção Geral de Saúde (que ouvimos falar de uma vacina como da segunda vinda do Criador) o sol empurra para a costa (longe vão os tempos que os da costa vinham para Vizela no verão), os mergulhos no rio há muito baixaram de estatuto, as termas continuam em permanente dúvida pelo que a recuperação de uma Vizela turística, que prenda os locatários e chame forasteiros, é apenas, para já, uma brisa de esperança.
As obras em curso no rio Vizela, a sua anunciada limpeza entre a Ilha dos Amores ( da qual escreveu Camilo Castelo Branco) e a Ponte Romana, com passagem pela Ponte D. Luís (as 3 pontes), surge como um alento numa terra que tem tudo para ser turística mente bem sucedida - rio outrora truteiro, montanha, água quente natural, excelente gastronomia, património de múltiplas referências entre os quais o religioso onde pontifica o Santuário de S. Bento e a encoberta Igreja Matriz de S. Miguel só para dar alguns exemplos da cidade havendo tantos motivos de interesse nesta matéria em Santo Adrião, Tagilde, S. Paio, Infias e Santa Eulália - Vizela tem, dizíamos, condão para se voltar a afirmar como ponto atrativo e turístico de grande escala igual aos tempos em que enchia comboios de visitantes e dispunha de mais de uma dezena de hotéis.
O Parque das Termas recebeu nos últimos tempos a maior intervenção das últimas décadas ou desde a sua construção há mais de cem anos mas, como os autarcas reconhecem ainda há muito a fazer. O pulmão de Vizela é peça indispensável no respiro turístico desta terra.
Por outro lado os vizelenses interrogam-se se o serviço que presta o Chalé ao Parque (agora limitado apenas a restaurante e com horários discutíveis) se enquadra com o meio e o fim (bar, salão de chá e esplanda) que levou a Câmara de Vizela, logo após a criação do concelho, a apostar na sua reconstrução.
As férias devem servir para os vizelenses descansarem mas simultaneamente recuperarem força e alento para continuar a afirmar na retoma que valeu a pena o 19 de março de 1998.
Não obstante os novos profetas, numa visão apocalíptica, preverem que daqui por não muitos anos e face ao degelo dos pólos provocado pela poluição atmosférica, o mar estará à nossa porta, tal ainda não acontece hoje. Por isso é natural que quem procura a brisa do mar e o rugir tranquilizador das ondas e areais, tenha de se ausentar de Vizela no minmín para 50 km de distância.
Ainda com a piscina municipal no papel (ou nem aí), é de louvar a segunda tentativa da autarquia em dotar a Cascalheira de uma praia fluvial, esperando-se que para o ano esta mereça a procura e preferência dos veraneantes sem, claro, a intromissão de irresponsáveis e criminosos poluidores de um curso de água que segundo reza a história há muitos anos despertava o interesse de importantes portugueses amantes da pesca entre os quais o rei D. Dinis de Portugal.
Todavia essa procura do mar será tanto mais insignificante quanto mais condições tivermos na nossa amada Terra.
E esse é o compromisso pelo qual todos os vizelenses (autarcas, comerciantes, industriais, sacerdotes, desportistas, agentes culturais, meios de comunicação social, operários, vizelenses sem exceção, devem continuar a assumir como primordial depois de uns merecidos dias de descanso.
Boas férias para todos deseja o ddV.