“Se raros são os banhistas archeologos, poucos são também os excursionistas que passem além da Cascalheira ou de Guimarães, em caminho de ferro ou caleche. O leitor vae, porém, comigo até á egreja de S. Miguel e depois de ter admirado a veia poética dos artistas que compozeram alguns epitaphios do adro, encorpora-se na procissão da Senhora das Candeias, que vae no primeiro domingo de julho visitar a freguesia de TAGILDE, ao lado nascente de Vizella. É uma visita de todos os annos, que os de Tagilde não dispensam, porque, segundo a tradição, a Senhora é propriedade sua, embora os das Caldas não lhes atendam a reclamação. Andores e músicas a acompanham e outro a vem esperar ao caminho, sobretudo na Lagôa, junto da capellinha de S. Crau, onde a procissão descança um pouco. (…) Mas o leitor ainda não sabe porque veio a Tagilde a Senhora das Candeias, e quasi me esquecia de dizer-lh´o, se não voltássemos agora com ella para S. Miguel e na passagem não visse em muitos campos uns arcos ou ramos entrelançados de buxo, que são um amuleto colocado durante as orvalhadas de S. João contra o bicho que pôde dar no milhão. Pois é para isso também, que a Senhora das Candeias sae no seu andor festivo e vae pelos campos fora até á egreja de Tagilde.
- É para que o bicho não dê no milhão. (…)”
(Trabalho de pesquisa de ANTÓNIO CUNHA)