Caros amigos e Vizelenses
O edifício do Castelo de Vizela foi mandado construir pelo Dr. Armindo de Freitas Ribeiro de Faria para ser a sede da futura Câmara Municipal.
A população vizelense, ao longo das diferentes utilizações que o edifício teve, sempre olhou para ele como o futuro edifício da CMV.
Surpreendidos ficaram os velhos vizelenses quando após a criação (restauração dizem muitos) do concelho de Vizela a Comissão Administrativa composta pelo já veterano lutador Manuel Campelos e outros recém chegados à luta, optaram pela construção de um novo edifício na nova urbanização do Fórum de Vizela.
Dizem alguns que para pagar a ajuda prestada ao MRCV pelo promotor imobiliário, dizem outros que por revanche para com a família construtora do Castelo.
Eu posso dizer que, em conversa recente (2019) com o promotor do Forum e grande industrial de Vizela, ele me garantiu que tinha sugerido outros edifícios para sede da Câmara e citou o dito Castelo, o antigo Cruzeiro do Sul (em 1998 e anos seguintes não estava disponível) mas que perante a insistência cedeu à pressão disponibilizando o terreno. Certo é que o Forum ficou valorizado.
A CM de Guimarães também poderia ter como sede um edifício moderno. Preferiu utilizar o convento de Sta. Clara que não ficou assim a o abandono.
Foi pois com desgosto para muitos vizelenses que o edifício do Castelo foi substituído nas funções que lhe tinham dado origem. Tivesse o concelho sido atribuído duas décadas antes e “outro galo cantaria”. Ficou assim o Castelo condenado a uma morte lenta e anunciada. Ainda foi comprado pela CMV, dizem uns que para lavagem de consciência e tentativa de agradar aos votantes e outros que apontam para interesses menos claros.
Surgiram projetos que não foram avante e ultimamente uma tentativa gorada de venda com a obrigação da transformação em unidade hoteleira. A intenção era tão “iluminada” que não surgiram candidatos. O panorama já estava mau, o Hotel Sul Americano agora denominado “Bien Estar” fechado por dificuldades financeiras devido a prejuízos constantes suportados pela CBV, o estabelecimento termal encerrado aparentemente por problemas técnicos de fácil resolução, surgindo agora a crise turística, hoteleira e termal devida à pandemia. Que outro resultado se poderia esperar para o dito concurso?
Entretanto a CMV enviou a Cultura para o Matadouro. Poderia ter sido um projeto relevante para o Castelo a par com outras finalidades. Não foi.
Mas há outros casos em que a CMV poderia ter usado o edifício do Castelo como por exemplo a secção de Finanças, originalmente em S. João, os diferentes Registos Predial, Civil, Notarial. A sede da Segurança Social, mercê de uma inundação, também já foi transferida de “freguesia”.
Tem havido um padrão comum em todos os investimentos e realizações da CMV ao longo destes anos. Como resultado verifica-se que a parte sul da cidade, correspondente à antiga freguesia de S. João está a ficar desabitada. Do jardim para sul, nas ruas Abílio Torres, Ferreira Caldas e Joaquim Pinto já quase ninguém mora.
Já não vou há uns tempos à CMV. Nos últimos mapas lá expostos vi que a cidade de Vizela acabava logo após a ponte sobre o rio.
O Castelo tinha a morte anunciada. Já há até quem diga que este incêndio parcial não resolveu o problema de fundo. Devia ter ardido todo.
Mas será que a origem de os sucessivos presidente da CMV tem influência?
Mas há mais mortes anunciadas. A exploração termal está parada. A CMV, a exemplo do que sucede com êxito em S. Pedro do Sul e nas Taipas, não quis assumir um papel mais direto na exploração.
Certo é que o papel económico das termas para Vizela, muito influente no passado, perdeu muito do seu valor. Mas de qualquer forma está a ser perdida a oportunidade. Já sabemos, na ausência direta da CMV como principal acionista na Companhia, qual é a morte que se segue.
Abraço para todos
Adelino Campante