A circunstância não é ilegal, pois o prolongamento do prazo mantém-nos dentro da lei, mas o setor estima que o número de viaturas na estrada sem inspeção seja sempre superior a 640 mil e inferior a 800 mil. Maioria dos carros não terá problemas.
Ao todo, segundo as estimativas mais conservadoras do setor, ficaram por fazer cerca de 640 mil inspeções das 673 mil que deveriam ter sido feitas quando os centros de inspeção estiveram parcialmente encerrados. Naquele período, só os veículos prioritários e de emergência tinham de ser inspecionados e foram feitas 33 mil inspeções a este tipo de viaturas.
O Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) não avançou, ainda, com a contabilidade oficial do número de inspeções não realizadas. Ao JN também não a revelou, mas as contas do setor têm por base todos os centros de inspeção do país e apontam sempre para um número superior a 640 mil.
É certo que parte destes veículos que não foram inspecionados já terão regularizado a situação. Contudo, os que tinham de ir entre 16 de maio e a data de hoje também beneficiam do prolongamento do prazo por cinco meses e estão a aproveitá-lo, deixando para depois.
Afluência normal
"Estamos a falar, aproximadamente, de dois meses que ficaram sem inspeção e que vão ser realizados durante o período de cinco meses", destaca Paulo Real, presidente da Associação Nacional de Centros de Inspeção Automóvel, que constata "alguma afluência aos centros, mas perfeitamente tranquila". Rui Batista, da Associação Portuguesa de Inspeção de Automóveis, corrobora: "Muitas pessoas estão a realizar, mesmo tendo a prorrogação, mas tem sido uma afluência normal".
Os centros estiveram fechados entre 13 de março e 18 de maio, dia em que abriram com horário reduzido e só funcionavam a partir das 10 horas. Desde 1 de junho que estão a trabalhar a 100%, mas a prorrogação de cinco meses abrange matrículas entre 13 de março e 30 junho.
Paulo Real elogia as instituições do Estado no processo, nomeadamente "a excelente capacidade do IMT e da Secretaria de Estado das Infraestruturas". Já Rui Batista refere que o principal problema foi o não cumprimento do horário de abertura às 10 horas no período em que essa obrigação esteve em vigor.
A Prevenção Rodoviária Portuguesa não vê problemas de segurança no prolongamento do prazo de inspeções por cinco meses pois "as viaturas estão, na sua maioria, preparadas para essa margem", refere José Miguel Trigoso, presidente da associação.
Urgentes inspecionados
As ambulâncias, transporte de passageiros (táxi e TVDE), pesados de mercadorias e ligeiros de mercadorias para transporte internacional nunca viram as inspeções paradas.
Sete meses na Europa
O período de cinco meses de adiamento para os carros portugueses é mais conservador do que o aconselhado pela Comissão Europeia, que é de sete meses.
6,4 milhões
É o número total de veículos que circulam em Portugal e que estão obrigados a fazer inspeção, segundo o portal Pordata.
225
Em Portugal continental, estão aprovados e em atividade 225 centros de inspeção, a maioria da categoria B, que realizam todos os tipos de inspeções.