Texto de ANTÓNIO MONIZ
Brado que fez tremer de orgulho, de emoção e de contentamento os milhares de vizelenses que enchiam o jardim da Praça Pública, no primeiro aniversário da
Restauração do Concelho de Vizela, em 19 de Março de 1999. Com espírito oportuno, o Grupo de Fados dos Antigos Estudantes de Coimbra, deslocou-se a Vizela, colaborando nas comemorações Vizelenses e, perante o nostálgico verso Coimbra tem mais encanto na hora da despedida”, em sua substituição, foi cantada uma versão diferente, mas bem significativa: - Vizela tem mais encanto na hora da Autonomia.
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Foto Manuel Monteiro (Miraclip) |
Na verdade, a vontade da população vizelense sempre lutou pelos desígnios sonhados da Independência Municipal que os nossos antigos monarcas protegeram e incrementaram, evitando assim o feudalismo no pequeno território da lusa pátria. Mas, apesar dos intelectuais referirem universalmente que a independência municipal e a liberdade dela decorrente constituem as únicas possíveis no mundo actual, por motivos de interesses espúrios, alguns políticos medíocres e de vistas curtas transformaram ilegitimamente um processo limpo e pacífico numa luta sem quartel, eivada de insensatez e de oportunismo egoísta, contra a Liberdade de toda uma população que há centenas de anos pretendia restaurar as suas legítimas prerrogativas municipais. E honra seja feita a esses heróicos civis que souberam sacrificar a sua vida particular em prol dos interesses de toda uma comunidade.
Não posso deixar de recordar pelo menos as figuras da minha geração, para mim eternas na história da colectividade, devido às vicissitudes porque passaram. Vivam os vizelenses de lei, Manuel Campelos, José Ribeiro Ferreira, Domingos Vaz Pinheiro, José Lopes Vaz, Carlos Teixeira, Artur Martins, Domingos Pedrosa, Adelino Campante, Pedro Bravo, Belmiro Martins, José Manuel Marques, irmãos António Carlos e Silvino Teixeira, José Manuel Couto, José Maria Ferreira, Cândido de Oliveira, Carlos Gonçalves e João Vieira (Lage) e tantos outros cujos nomes tenho medo de não indicar por esquecimento e que considero uns verdadeiros heróis da restauração municipal. O seu sacrifício e coragem devem ser lembrados pelas gerações futuras, sempre que seja evocada a conquista da Liberdade do Seu Município. O que agora parece simples e lapidar, foi obtido à custa de muita dor, suor, lágrimas e privações sem fim. È bom recordar que as tempestades que foram levantadas artificialmente até à sessão parlamentar, que decidiu a criação do novo município, acabaram por amainar. Os ânimos, nomeadamente de alguns parlamentares mais interessados na defesa de interesses privados do que nos interesses colectivos em jogo, extinguiram-se, num ápice, com a injustiça das suas razões. É bem verdade que ideologicamente o Municipalismo é defendidos por todos os participantes no jogo democrático, embora com perspectivas diferente. Por esse motivo, nas comemorações respectivas da criação do novo Município, todos os partidos se fizeram representar. Entre os quais, não posso deixar de recordar a figura inesquecível do intelectual comunista, Sr. Dr.João Amaral, grande homem da cultura portuguesa, de quem muito se esperava, mas que precocemente nos deixou. Igualmente, não posso deixar de referir a figura do Senhor Major Mário Tomé, homem da Estrema Esquerda. Ambos ideologicamente contra as iniciativas dos outros grupos políticos parlamentares, mas que não puderam deixar de se associar à recém recuperada liberdade da colectividade vizelense. Como já declarei, a Liberdade de Vizela, depurada de alguns arrivistas, que passado o perigo, para satisfazerem interesse particulares, assaltaram o processo a meio do percurso, como quem salta para um eléctrico em pleno andamento, desabrochou em progresso e, o mais importante, em alegria incomensurável de todo um Povo, que compensou os contratempos sociais provocados pela globalização, num pequeno país, onde a corrupção ainda infelizmente dá cartas.
Já tive ocasião de o manifestar. Comovi-me até às lágrimas perante o monumento dedicado a Manuel Campelos e ao espírito de independência revelado por todos os seus apaniguados, bem como em frente do monumento, em boa hora mandado construir pelos responsáveis autárquico, em homenagem a todo o Povo Vizelense, passado e presente, que sempre esteve pronto a dar o melhor da sua vida na conquista da LIBERDADE MUNICIPAL.
António Moniz Palme - 2020
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