Em 1369, com apenas 24 anos, inicia o rei D. Fernando uma guerra com Castela e que só acabaria em 1371 com a Paz de Alcoutim. Foi a primeira de três ruinosas guerras. Se tivessem sido bem sucedidas ainda hoje o português e galego seriam a mesma língua.
Infelizmente D. Fernando andava de cabeça perdida por uma prima afastada, Leonor Teles, casada com um nobre beirão de nome João Lourenço da Cunha. Desses amores tem dois filhos, D. Pedro, em 1370, e D. Afonso, em 1371, que morrem de tenra idade.
De tal forma anda transtornado D. Fernando que, tendo entrado vitoriosamente na Galiza e chegado até à Corunha, roído pelas saudades, abandona a hoste portuguesa que de vitoriosa se torna em derrotada.
Em Lisboa, perante os amores adúlteros, começam os motins populares. D. Fernando, indisposto, retira-se para a província, andando ausente de Lisboa por dois largos anos.
Pelo Entre Douro e Minho, andou D. Fernando a folgar e, em Leça do Balio, em Janeiro de 1372, casa com Leonor Teles, que entretanto vira o seu primeiro casamento anulado.
Esta união vem contrariar uma das condições do Tratado de Alcoutim, em que o rei se comprometera a casar com a filha do rei de Castela, Leonor também de nome.
Assim, perante a ofensa ao rei castelhano, prenunciava-se nova guerra. Havia que tornar medidas.
Em 1353, o mercador portuense Afonso Martins Alho, que era muito esperto (esperto como um alho), a mando de D. Afonso IV, e na qualidade de mensageiro e procurador dos comerciantes do Porto, tinha celebrado um tratado comercial com o rei Eduardo III de Inglaterra e seus vassalos. Através dos contactos assim estabelecidos, D. Fernando mostra interesse num tratado político com Inglaterra.
Perante a ameaça de nova guerra com Castela, o tratado urge. Inglaterra está em guerra (guerra dos cem anos) com França que por sua vez é aliada de Castela. O tratado é, portanto, de interesse mútuo. O duque de Lencastre, regente de Inglaterra, manda o seu embaixador a Portugal. De terra em terra, no Entre Douro e Minho, procura o rei D. Fernando. Em 10 de Julho de 1372, encontra-o em Tagilde e aí na Igreja velha (situava-se no atual terreiro da residência paroquial) é assinado a 1 a Aliança Luso - Britânica.
João Lourenço da Cunha quando descobre a traição de sua mulher, Leonor Teles, lança-lhe uma praga: - Que a cara da rameira se encha de verrugas!
Para uma mulher bela como a Teles, esta foi a parte da maldição que mais a preocupou a restante omitimo-la por decoro ) . Nunca mais dormiu sossegada e não havia dia em que não se observasse minuciosamente ao espelho, temendo a concretização da ameaça.
Mais vale prevenir que remediar. Avisada como era, sabendo das virtudes e poderes curativos de S. Bento para tão incómodas moléstias, promete ao santinho , no seu dia, subir ao monte de cravo branco na boca. E só deixou o rei descansado quando este se comprometeu a com ela visitar o S. Bento mais famoso das redondezas.
Assim, na véspera da festividade, no ano de Cristo de 1373 ou 1410 da era de César, como então se usava, estava o casal no sopé do monte de S. Bento das Peras, em Tagilde, Vale do Vizela.
Alfa Kapa (Adelino Campante)