FERREIRA CALDAS

António José Ferreira Caldas nasceu em S. João das Caldas no dia 26-11-1816 e faleceu em 20-02-1893.
O nosso colaborador António Cunha nas suas pesquisas sobre Vizela nos mais diversos arquivos, descobriu a ata da Câmara Municipal de Guimarães e uma notícia sobre a atribuição do nome de Ferreira Caldas a uma "nova rua de Vizela".

Rua FC vista da Latino Coelho

Acta da sessão de 12 de janeiro de 1898, do livro de sessões da Câmara Municipal de Guimarães.

“Sessão de 27 de abril de 1881
Sob proposta do Sr. vereador José de Castro Sampaio, resolveu-se que a nova rua entre a estrada real nº 36 e a Lameira das Caldas de Vizela se denominará Rua Dr. Ferreira Caldas."

O jornal Religião e Pátria de 30 de abril de 1881
noticia sobre a atribuição do nome de Ferreira Caldas a uma rua nova em Vizela.
"Na última sessão da Câmara Municipal de Guimarães foi decidido pir esta que a nova rua, aberta nas Caldas de Vizella, para ligar a Lameira com a estrada nova, fosse chamada Rua Ferreira Caldas.
Esta homenagem prestada pelo município aos relevantíssimos serviços feitos aquella florescente localidade pelo ilustríssimo sr. António José Ferreira Caldas, no empenho com que não só promoveu a constituição da Companhia dos Banhos, mas tem proseguido a sua administração e no impulso dado à construção do novo estabelecimento, com sacrifício até dos seus negócios e interesses particulares, e com obsorpcão completa da sua infatigável atividade, é uma justíssima consideração que tanto honra o benemérito cidadão a quem é prestada, como a digna corporação que, em nome do município, lh'a presta."
ANTÓNIO CUNHA
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ADELINO CAMPANTE SOBRE FERREIRA CALDAS

Foi realmente uma personagem importante para Vizela embora tivesse feito a sua vida em Guimarães.

António foi o nome de batismo, Ferreira o apelido da mãe e Caldas porque em Guimarães assim ficou conhecido pelo nome da sua terra (Caldas de Vizela).

Enriqueceu com o seu negócio de panos (fazendas brancas e linho). Era filho de pais humildes.
Tinha valor e no meio vimaranense adquiriu prestígio.
Fundou a Associação Comercial de Guimarães (infelizmente terminou há poucas semanas).
Registo de batismo de Ferreira Caldas.


Foi o grande animador da fundação da Companhia dos Banhos. Porque era uma pessoa credível arranjou sócios capitalistas e influentes que acreditaram no seu projeto. Convenceu a Câmara Municipal de Guimarães.
As pequenas explorações que existiam em Vizela não tinham pernas para andar não sendo capazes de mais. Todas elas se voltaram contra o projeto de Ferreira Caldas, conseguiram atrasá-lo por 10 anos.

O projeto arrancou. Infelizmente passados cerca de outros 10 anos a Companhia, por falta de liderança, entrou em dificuldades. Foi então que surgiu o Dr. Abílio Torres, que até então era um dos clínicos liderados pelo Dr. Pereira Reis, lente de Medicina do Porto e um dos grandes propagandistas das Águas de Vizela. Nesse re-arranque o Dr. Abílio Torres tornou-se no maior acionista da Companhia dos Banhos de Vizela.
Filho comandante dos Bombeiros Guimarães.
Penso que deixou descendência em Guimarães. Teve um filho Padre e escritor (P. António José Ferreira Caldas Júnior), outro que foi comandante dos Bombeiros de Guimarães entre 1884-1886 (António Augusto da Silva Caldas), que faleceram antes dele.

A história é escrita pelos últimos vencedores e a memória dos povos é curta.

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Carta num Jornal

Em 15 de dezembro de 1870, Ferreira Caldas sentiu-se indiretamente visado numa notícia publicada no jornal vimaranense Sentinela tendo escrito uma carta de defesa àquela periódico ao ao jornal O Vimaranense (cópia) da honra que dizia o seguinte:

"Ex.mo Senhor Diretor  de O Vimaranense
tendo eu visto nos números 27 e 36 da sentinela dois comunicados de Vizela que se referiam indiretamente à minha pessoa cumpre-me declarar o seguinte:

Que é falso que na ocasião da minha ida áquela localidade eu declarasse a alguém que o estabelecimento de banhos se ia construir já, já.
É igualmente falso que a minha ida a Vizela tivesse em vista algum fim político ou que isto me fosse recomendado pela Câmara (de Guimarães) ou pelo Governador Civil. E que é finalmente falso tratar-se de alterar ou mudar de forma as plantas ou projetos apresentados pelo ilustríssimo senhor Dejan.

A verdade é a seguinte:
Precisando o senhor Taveira, engenheiro distrital, de examinar a pedreira indicada pelo ilustre senhor Dejan para a construção dos estabelecimentos (termais) por este projetados, convidou-me para eu marcar um dia em que pudesse acompanhá-lo e assim o fiz indicando àquele a que se referem os comunicados, como mais cómodo para mim.

Fomos efectivamente, e na passagem por Vizela eu disse que o ilustríssimo senhor Taveira, tendo de apresentar ao governo as necessárias informações a respeito dos estabelecimentos de Vizela, ia ver a pedreira e verificar os nivelamentos relativos a canalização das águas para o estabelecimento principal e indicar a construção conforme os projetos do senhor Dejan relativa a este estabelecimento E somente na parte precisa para a colocação de cem banheiras e outros tantos gabinetes e mais aposentos indispensáveis ao serviço regular do mesmo estabelecimento mas que tudo isto não desse um orçamento de 100 contos visto que na atualidade não é possível ou provável que a câmara organize uma empresa ou consiga um empréstimo para a completa construção dos estabelecimentos que estão alçados em quantia superior a 300 contos de reis (1.500 euros).

Foi isto o que se passou na ocasião daquela minha ida a Vizela e para que se conhece a toda a verdade pedia a inserção destas linhas no jornal a Sentinela e peço outro tanto no seu jornal. .

 António José Ferreira Caldas 15 de dezembro de 1870



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