iniciativa que dá a conhecer os valores patrimoniais e humanos locais (e que devia ser seguida por outras Freguesias) com uma visita desta vez ao património religioso daquela vila com especial enfoque para a capela da Casa de Sá, imóvel que já conheceu melhores dias e hoje revela sinais de abandono.
(FOTOS DAVID BENTO)
Coube a José Pedro Marques, pesquisador cultural do Concelho de Vizela, a narrativa da história (ou parte dela pois a sua preleção foi de 15 minutos) daquela histórica capelinha onde o chão, a exemplo de grandes igrejas e catedrais, dispõe de túmulos calculando o narrador que o último corpo tenha descido ali já depois do 25 de abril de 1974.
José Pedro Marques recordou que nos altares estavam expostas diversas imagens de santos, "que em tempos fotografei", mas que foram desaparecendo numa altura em que o espaço religioso "estava a saque".
IMAGEM MODELO DA SENHORA
DE FÁTIMA E CARTA DA IRMÃ LUCIA
O narrador vizelense, apontando para a única imagem presente, no caso de Nossa Senhora vestida de branco exposta no altar mor, reproduziu que "em tempos fui informado que esta imagem que aqui está serviu de modelo à de Nossa Senhora de Fátima que está na Cova da Iria. Não sei se é verdade".
A coroa que está na cabeça desta imagem é muito parecida no formato com a de Fátima.
José Pedro Marques revelou ter imagens fotográficas captadas por si dos melhores dias daquela capela, permitidas pela D. Mariazinha da Casa de Sá, assim como cópias de cartas que ali chegaram do poeta José Régio falando-se de outras missivas ali chegadas entre as quais da irmã Lucia, vidente de Fátima, que na missiva pedia emprego para uns primos.
Mas também do poeta José Régio autor do famoso Cântico Negro "Não sei para onde vou mas sei que por aí não vou"...
"Tenho fotocópias das cartas de José Régio à mãe do Dr. Eduardo Sá e Melo, filho da Casa de Sá e que faleceu muito novo e era amigo do poeta do Cântico Negro. Em relação à carta da irmã Lúcia, eu apenas a li mas não fiquei com fotocópia nenhuma".
INTERESSE MUNICIPAL?
Terá sido também naquela capela que o escritor Camilo Castelo Branco viu de joelhos a rezar a poetisa Ana Amália Moreira de Sá (nascida a 28 outubro de 1823) a quem fez dedicatória numa das suas famosas obras.
A história da Casa de Sá é riquíssima, à qual está adstrita a capela visitada pelos caminheiros de Santa Eulália, monumento que mais cedo ou mais tarde irá necessitar de atenção municipal num Concelho onde o património religioso é uma bandeira apregoada aos quatro ventos.
PRÓXIMA 1 DE MAIO
Por meio de carreiros, vinhas e veredas, campos que cheiram a erva fresca e onde se ouve o sussurrar dos riachos de água, a caminhada, que contou com cerca de meia centena de caminheiros quase todos de Santa, terminou onde começou: no cruzeiro junto à igreja paroquial.
Márcia Costa da organização anunciou, com a presença do presidente da autarquia local Manuel Pedrosa, que a próxima iniciativa do Sente Santa Eulália ocorrerá no próximo dia 1 de Maio feriado nacional.