(Texto da NIT, Sara Chaves, fotos Inês Costa Monteiro)
Eram 17h15 quando vimos Luís Carvalho chegar ao Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa. Tínhamos encontro marcado para essa hora e não foi preciso esperar nem mais um segundo. Cumprimentos feitos e fotografias tiradas, chegou a altura de perguntar: afinal, o que é que podíamos esperar do último desfile do segundo dia do evento, aquele em que o criador português iria mostrar as suas propostas para o outono/inverno?
E isso aconteceu mesmo. Seria desonesto da nossa parte não o dizer. Aliás, a ovação que houve no final, quando o criador passou por toda a arena, só provou que ele fez o mundo tremer de emoção. Que o diga Raquel Strada, Kelly Bailey, Luís Borges e Ana Sofia, figuras públicas que estavam na primeira fila e fizeram questão de tirar fotos com o telemóvel.
UM DOS DESFILES MAIS ESPERADOS
Mas voltemos ao início. Eram 22h30 quando as luzes se apagaram. Ainda havia muita gente por sentar, que acabou por ocupar as escadas que davam acesso à bancada. Isso pouco importava. Afinal, ia começar um dos desfiles mais esperados da ModaLisboa e ninguém queria perder um único momento.A primeira manequim surgiu com um vestido blazer axadrezado e seguiram-se mais manequins, homens e mulheres, com coordenados do mesmo padrão. Para completar, fanny packs. Estava lançada a primeira pista de “Surface”, uma coleção que mistura cortes mais clássicos com um estilo descontraído e que é perfeitamente adaptável ao dia a dia.
Isto é pouco para um criador com a dimensão de Luís Carvalho. Logo depois elevou ainda mais a linha quando as manequins começaram a aparecer com looks mais glamourosos. Houve de tudo o que vale a pena. Vestidos cheios de lantejoulas; em tons garridos como o vermelho ou fúcsia, ou mais sóbrios; com e sem cauda.No desfile houve ainda espaço para propostas mais clássicas, como as golas altas para eles e as gabardinas reinventadas para elas.
Com uma coleção tão diversificada é caso para perguntar: quanto tempo demorou Luís Carvalho a preparar tudo? “Foram cinco meses. Inspirei-me no artista digital Mattthieu Bourel, que trabalha muito a sobreposição de imagens e os recortes. Foi isso que fiz nas peças, várias camadas com o mesmo tecido.”
Durante a conversa, aproveitámos para perguntar como foi vestir Conan Osiris para o Festival da Canção. “Ele já é meu amigo há 10 anos. Foi meu caloiro em Castelo Branco (risos). A primeira vez que o vesti foi para um editorial da revista ‘Caras’. Confesso que achei muito engraçado o Conan na ‘Caras’. Agora disse-lhe que gostava muito de o vestir para o Festival da Canção”.
O criador antes do desfile.
O que Luís Carvalho não sabia era que o cantor já tinha tudo estudado. “Disse-me que até tinha um print screen do que queria, mas depois acabou por ir ao showroom com o stylist, o Ruben, e acabou por escolher outro look. Na final portuguesa optámos por fazer um novo com a mesma referência do primeiro porque funcionou muito bem”.
Se será o criador a tratar do look de Conan Osiris para a final da Eurovisão, que acontece a 18 de maio, é uma incógnita. “Ainda não sei. Não sei mesmo”.
Como começou a carreira de Luís Carvalho
Nasceu em 1987 em Vizela. Em 2009, licenciou-se em Design de Moda e Têxtil pela Escola Superior de Artes Aplicadas, em Castelo Branco. Dois anos mais tarde, em 2011, venceu o prémio para melhor coordenado masculino no Acrobactic 2011, no Porto.
Chegou a trabalhar nos ateliers de Filipe Faísca e Ricardo Preto e foi designer de moda da Salsa Jeans durante dois anos e meio até decidir aventurar-se em nome próprio, em 2013. Nesse mesmo ano apresentou a sua primeira coleção na ModaLisboa e um ano mais tarde abriu o seu primeiro espaço físico, em Vizela, onde junta a loja e atelier.
Em 2015, foi convidado para lecionar na Escola Profissional CENATEX, em Guimarães. Após um ano letivo, além de formador, Luís Carvalho passou a acumular as funções de coordenador do curso de Design de Moda. Em maio de 2017 venceu o Globo de Ouro de Melhor Estilista.
Luís Carvalho é conhecido pelas coleções para homem e mulher com múltiplos contrastes.».