O Hospital da Senhora da Oliveira Guimarães aderiu a um sistema de vigilância de acidentes domésticos e de lazer. Este sistema tem a designação de EVITA (Epidemiologia e Vigilância dos Traumatismos e Acidentes) e é coordenado pelo Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), em colaboração com a Administração Central dos Sistemas de Saúde (ACSS). Este instrumento de observação em saúde recolhe e analisa notificações no serviço de urgência e tem como principal objetivo, de curto prazo, determinar as frequências e tendências destes acidentes, das suas diversas formas, bem como as características das vítimas, das situações e dos agentes envolvidos. A longo prazo, os objetivos passam pela identificação de situações de risco, bem como de produtos perigosos ou que propiciem a ocorrência deste tipo de acidentes. O sistema permite uma base de conhecimento para apoio da definição de políticas de prevenção baseadas na evidência.
Para integrar este programa de notificação e avaliação, o Hospital de Guimarães está a formar, com a ajuda do INSA, os Assistentes Técnicos do seu Serviço de Urgência no sentido de possibilitar esta monitorização, mediante o registo de casos aplicáveis nos sistemas informáticos, contribuindo para o registo mais adequado e o mais completo possível dos casos.
Para a Diretora Clínica do Hospital de Guimarães, Maria José Costeira, «os acidentes levam à morbilidade, que muitas vezes pode ser evitável. Isto significa maiores gastos em termos de saúde e perda de qualidade de vida. Com a adesão a este sistema, esperamos ficar a conhecer melhor a tipologia destes acidentes dos cidadãos que acorrem ao nosso Serviço de Urgência. Com este conhecimento, podemos estudar e eventualmente intervir no ambiente externo, assim como informar a população sobre medidas preventivas que possam minimizar estas situações. Acresce que o sistema de codificação clínica atual (ICD-10) já implementa uma necessidade de maior especificidade no registo das circunstâncias dos acidentes. Assim, estamos também a ir ao encontro deste recente sistema que traz mais valias para a Instituição, pois a melhor codificação das situações clínicas resulta, em última instância, num financiamento mais correto da produção realizada pelo Hospital».
Estes acidentes domésticos e de lazer são considerados pela Organização Mundial de Saúde como um grave problema de saúde pública com impacto no desenvolvimento económico e social, representando uma causa de sofrimento humano e fonte de despesa considerável nos orçamentos dos sistemas de saúde. São entendidos como todos os acidentes domésticos e de lazer registados no serviço de urgência, cuja causa não seja doença, acidente de viação, acidente de trabalho ou violência. O registo dos acidentes é feito aproveitando o ato administrativo de inscrição na urgência, sendo por isso os funcionários administrativos do atendimento objeto de uma formação específica. É recolhida informação de forma a ser possível fazer uma caracterização demográfica através das variáveis data de nascimento e sexo, assim como uma caracterização do acidente utilizando as variáveis data, hora, local, atividade no momento do acidente, mecanismo da lesão, tipo de lesão, parte do corpo lesada, descrição do acidente e seguimento do sinistrado.
O INSA refere que os últimos resultados do sistema EVITA, referentes ao período 2013-2015, apuraram um total de 26.681 deste tipo de acidentes em Portugal. As lesões causadas por «queda» e verificadas em «casa» foram as mais frequentes. Os grupos etários mais registados foram os correspondentes aos grupos de indivíduos dos 0 aos 14 anos e com 65 e mais anos. O facto de a informação sobre a lesão ser obtida sem triagem nem diagnóstico médico prévio numa amostra de conveniência de serviços de urgências do SNS, aconselham precaução na interpretação. Ainda assim, o EVITA é único e a informação que recolhe não é obtida nem divulgada atualmente por outra via em Portugal.