Sinopse:
Entrando em casa própria ou na alheia, é costume no Japão tirar-se os sapatos, assegurando-se assim a limpeza do chão. Mas há uma outra razão, mais simbólica e espiritual: impedir que as “energias impuras” do exterior penetrem no interior da casa.
Ao entrarmos nesta exposição do André Ribeiro deveríamos também descalçar algo. Deixar do lado de fora as preocupações do dia-a-dia, para que, libertos da toxicidade do mundo, possamos partilhar da beleza e do mistério contidos em cada uma destas obras de arte. Há que apreciá-las com a inocência e o maravilhamento próprio de uma criança, mesmo sabendo que que elas nos falam de coisas elevadas e profundas, que devemos escutar e entender.
Estas obras são pequenos teatros que apelam à nossa sensibilidade e inteligência. Entremos nelas como numa viagem de carrocel mágico onde, em cada paragem, nos reencontremos com o que de mais íntimo e mais universal tem escapado às nossas vidas, sempre ocupadas e apressadas. É isso que o artista nos propõe: um reencontro com o poético dentro de nós, que é como quem diz, com o mais belo e o mais verdadeiro que nos habita ou deveria habitar.