Notícia JN, do jornalista Delfim Machado
Já lhe conseguiram casa, comida, roupa, eletrodomésticos, renovaram-lhe a carta de condução, levaram-no ao dentista e arranjaram-lhe emprego.
Esta segunda-feira, António começa a segunda semana de trabalho à experiência numa empresa. O emprego foi o culminar de uma série de acontecimentos rápidos iniciados há cerca de duas semanas quando Maria João Lopes, de 22 anos, viu o homem abandonado nas ruas de Guimarães. Interessou-se pela história dele. "Não era um sem-abrigo como estamos habituados a ver. Não tinha sinais de dependência de álcool nem drogas, aceitava o que lhe davam", recorda a jovem.
Viria, então, a perceber que António estava há dois anos a viver na rua depois de um despedimento complicado que se arrasta em tribunal. Vivia sem RSI, com o pouco que aceitava de quem passava na rua e tinha pena dele. Juntamente com Ana Magalhães, Maria João decidiu procurar emprego para o António. Surgiu, assim, o grupo do Facebook que viria a arranjar-lhe muito mais do que isso.
De início ainda puseram uma lata num estabelecimento comercial de forma a recolher donativos, mas o impacto do grupo do Facebook foi superior. Nos primeiros dias, conseguiram-lhe comida e roupa. Depois, uma clínica dentária ofereceu-se para o e uma escola de condução renovou-lhe a carta gratuitamente. Alugaram uma casa por uma renda de 100 euros mensais que está a ser paga com a ajuda dos donativos do Facebook.
Donativos não pararam
Quanto à casa, rechearam-na com móveis e eletrodomésticos. Vão pintá-la nos próximos dias, mas António já lá está a viver. Tem cama, lençóis, frigorífico, mesas e cadeiras, utensílios de cozinha e um micro-ondas. Tudo doado pelos internautas.
Os donativos não pararam de chegar, para surpresa das organizadoras. "Foi tudo muito rápido, não estava à espera", confessa Ana Magalhães, de 26 anos. O grupo é atualizado diariamente e é ali que são explicadas as condições para a doação de bens ou dinheiro.