António Guterres em 1995 na noite eleitoral |
No dia 1 de outubro de 1995, Guterres venceu as eleições legislativas que marcaram uma viragem do país à esquerda. Após dez anos de governos do PSD, liderados por Cavaco Silva, o PS venceu as eleições com maioria relativa, tendo em consequência disso, António Guterres sido nomeado pelo Presidente da República como primeiro-ministro de Portugal.
O vídeo que aqui se apresenta, recorda o momento em que três vizelenses - Manuel Marques, Agostinho Ribeiro e Pedro Paulo (já falecido) - aproveitaram o facto de todo o País estar colado aos quatro canais televisivos acompanhando o escrutínio eleitoral e se apresentaram de surpresa, com uma tarjeta legendada «GUTERRAS NÃO ESQUEÇA PROMESSA FEITA A VIZELA» -, à porta do Hotel Altis em Lisboa, onde eleito novo Primeiro Ministro de Portugal (o vencedor das eleições) iria usar da palavra.
Com toda a comunicação social ali concentrada, a restauração do concelho de Vizela passou de imediato a ser notícia em todo o País e estrangeiro tendo mesmo alguns reportéres confrontado naquela noite Guterres com a pretensão dos vizelenses: «Guterres disse que era natural as pessoas aparecerem a reivindicar algo porque havia muita coisa para fazer por Portugal»
NÃO TENHO MEDO
Mais tarde, numa outra abordagem de um repórter televisivo, que perguntou ao Primeiro Ministro se não tinha MEDO com a polémica que a criação do concelho de Vizela poderia originar em Guimarães, Felgueiras e Lousada, Guterres respondeu apenas: «NÃO, NÃO TENHO MEDO».
O concelho de Vizela foi criado três anos depois de Guterres ser eleito Primeiro-Ministro com os votos do PS, do CDS e da CDU e dos Verdes.
O seu nome chegou a ser aventado para figurar na toponímia de Vizela, mas Guterres, que nunca esteve nesta localidade, fez questão de enviar uma comunicação ao Notícias de Vizela na qual referia não ver essa designação como importante e o caso morreu por ali.
O MUNDO A SEUS PÉS
Um ano depois de abandonar o cargo de Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Guterres é escolhido pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas numa votação informal e à porta fechada, como o candidato ideal para Secretário-Geral das Nações Unidas, com 13 votos a favor e nenhum veto — o que significa nenhum voto negativo dos estados membros permanentes do Conselho de Segurança (China, EUA, França, Reino Unido e Rússia). Em suma, na última de seis votações informais, realizada a 29 de Setembro de 2016, e cujos resultados foram clarificados em 5 de outubro de 2016 (data da divulgação do sentido de voto dos membros permanentes do CSNU), Guterres conseguiu 13 votos de encorajamento e dois sem opinião; de entre os membros permanentes houve quatro votos de encorajamento e um sem opinião. Para trás ficou a candidatura búlgara Kristalina Georgieva, apoiada pela Alemanha, que obteve oito votos negativos.
Esta tarde, conforme texto do JN, «Na sua primeira intervenção pública enquanto escolhido, por unanimidade e aclamação, pelo Conselho de Segurança da ONU para ocupar o cargo de secretário-geral das Nações Unidas - o que, nos próximos dias, deverá ser aprovado pelos 193 Estados-membros em Assembleia-geral -, António Guterres reconheceu os "enormes desafios" que o esperam.
O antigo primeiro-ministro português e ex-Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados prometeu, se confirmado para o cargo, "servir os mais vulneráveis, as vítimas dos conflitos, do terrorismo, das violações dos direitos, da pobreza, das injustiças".
"Estou recomendado, não sou secretário-geral", frisou, recordando que o sul-coreano Ban Ki-moon é secretário-geral até 31 de dezembro.
Acompanhado pelo chefe da diplomacia portuguesa, Augusto Santos Silva, até uma sala do Ministério dos Negócios Estrangeiros em Lisboa, a abarrotar de jornalistas portugueses e estrangeiros, António Guterres dirigiu-se também aos portugueses para exprimir "profundo reconhecimento" às hierarquias do Estado e à diplomacia.
"Humildade" e "gratidão" foram as primeiras palavras de Guterres, para descrever a "emoção" perante o consenso e a rapidez da decisão do Conselho de Segurança, conhecida formalmente hoje, e elogiar o "processo exemplar de transparência e de abertura" para a eleição do próximo secretário-geral.
Num discurso proferido em quatro línguas - português, inglês, francês e espanhol - sem direito a perguntas -, Guterres disse esperar que tal "represente uma capacidade acrescida para, em unidade e em consenso, ter a possibilidade de tomar a tempo as decisões que o mundo conturbado em que vivemos exige". - disse.