" Investigação tem relatório pericial que aponta as adaptações às rodas do veículo como um dos motivos para o acidente"

"A investigação ao acidente que matou três espectadores no Rali Sprint de Guimarães, entre eles o vizelense Bruno Lopes de 13 anos de S. Paio de Vizela (NA FOTO), está quase concluída e aponta falhas à forma como o eixo traseiro do Renault Clio foi alargado em ambas as rodas.
As conclusões mecânicas e técnicas do relatório pericial ao veículo, que se despistou a 7 de setembro do ano passado, dão especial ênfase a essa adaptação". (Notícia JN de ontem)


CARRO PERDEU RODA ANTES DO DESPISTE

Em causa, de acordo com fonte próxima do processo, está uma técnica conhecida por pilotos e mecânicos como “espaçadores”. Trata-se de inserir uma peça, em formato de anel, junto do disco da roda, de forma a que esta fique mais saliente. Com a adaptação, o Renault Clio de Hélder Macedo conseguia derrapar e fazer melhor as curvas.

O problema, considera o mesmo relatório, é que a alteração fez com que a força resultante da fricção do andamento passasse a bater no bloco de suporte, o que causou folga nos parafusos. Estes acabaram por partir e a roda saiu.

No dia do acidente, não havia qualquer explicação para o que se tinha passado, pois o despiste deuse já depois da meta, numa subida e em zona de abrandamento. Agora, sabe-se que o Renault Clio perdeu a roda traseira do lado esquerdo antes de bater nas bermas dos dois lados. O mesmo relatório acrescenta que o alargamento foi de quase cinco centímetros, medida “pouco aconselhável”.

O advogado da família de Bruno Lopes, que morreu com 13 anos naquele acidente, disse ao JN que ainda aguarda “o encerramento do inquérito”. Paralelamente, decorreu a investigação da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting, que concluiu que “não se detetou nenhuma falha de organização ou segurança na prova que tivesse contribuído, direta ou indiretamente, para o acidente”.

Apesar disso, em abril, a mesma Federação instaurou um processo disciplinar a Augusto Lopes, presidente do colégio de comissários desportivos daquela prova, “na sequência dos factos apurados pela Comissão de Inquérito ao acidente verificado no Rali Sprint de Guimarães”, informou a Federação em comunicado. Desconhece-se que factos é que estão em causa, mas cabe ao colégio de comissários a verificação de todos os aspetos da prova.

Suspensa desde setembro do ano passado continua a atividade do Motor Clube de Guimarães, por vontade da direção, que entendeu parar a realização de provas devido “ao grave acidente que marcou de forma dramática o Rali Sprint de Guimarães”. O JN tentou, sem sucesso, contactar o piloto Hélder Macedo.

(Autor da notícia Delfim Machado JN)

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