Nome ligado à investigação litúrgica e prestigiado Consultor do Vaticano, foi um dos oradores do III Congresso Histórico de Guimarães. Faleceu com 88 anos.
No dia 24 de maio, faleceu o Padre Doutor Joaquim Oliveira Bragança nascido no dia 6 de outubro de 1925, na freguesia de Abação, Guimarães, filho de Domingos de Oliveira Bragança e de Albina Mendes Ferreira.
Frequentou os Seminários Diocesanos de Braga e foi ordenado sacerdote a 15 de outubro de 1949 no Santuário de Nossa Senhora da Lapinha. Em 10 de setembro de 1949, foi nomeado Vigário Cooperador de Fafe; em 30 de dezembro de 1952, foi nomeado Pároco de Garfe, Póvoa de Lanhoso; em 07 agosto de 1956, foi nomeado Pároco da Costa, em Guimarães.
Com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, rumou a Paris em 1958 para se especializar no Instituto Superior de Liturgia, da Faculdade de Teologia do Instituto Católico de Paris. Prestou provas de doutoramento, em 1962, com o trabalho “La Vigile Pascale du Missel”, de Mateus. Aprofundou a formação recebida com o estudo aturado de centenas de manuscritos, em diferentes instituições de Portugal, França, Espanha e Roma.
Entre as obras a que deu corpo, contam-se a magistral edição do Missal de Mateus e títulos como Ritual de Santa Cruz de Coimbra, Processionário-Tropário de Alcobaça, Ritual de Braga do Séc. XV e A música do Pontifical de Braga do séc. XV.
Professor jubilado da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, foi diretor da revista Didaskalia (1971-1995), órgão científico da Faculdade, integrou o Conselho de Direção e Redação da revista “Communio” (1984-1988) e fundou, em 1987, a revista de musicologia “Modus”, do Instituto Gregoriano de Lisboa.
Foi Académico da Pontifícia Academia Mariana Internationalis (Roma), membro da Sociedade Científica da Universidade Católica Portuguesa (Lisboa) e de Societa Catalana d´Estudis Litúrgics (Barcelona).
No lançamento da obra que recolhe 40 anos da sua atividade, intitulada “Científica, Liturgia e Espiritualidade na Idade Média”, única entre nós, e que atingiu um nível científico internacional, marcando a investigação litúrgica mesmo para além das fronteiras do nosso país, D. Carlos Azevedo referiu-se à obra do seguinte modo:
«Ao percorrermos 40 anos de atividade científica do Professor Bragança, percebemos como o académico ganhou por mérito próprio lugar incontestável e incomparável, entre nós, no domínio da historiografia litúrgica medieval», disse.
«A comunidade científica, e não apenas portuguesa, contraiu para com Joaquim Oliveira Bragança não uma pequena dívida, ao ver disponibilizados sob selo da mais elevada qualidade tantos dos textos litúrgicos que deram vida e expressão ao sentir religioso das mulheres e dos homens que fizeram a Idade Média».
Um homem exemplar, um académico notável que marcou indelevelmente a área da investigação litúrgica, um homem simples que amava Guimarães, a sua terra, que fica mais pobre com o seu falecimento.
Por todas estas razões propõe-se a aprovação por esta Câmara Municipal de um Voto de Pesar pelo falecimento do Padre Doutor Joaquim Oliveira Bragança.