Acusada em Espanha de estar ligada ao Exército Guerrilheiro Povo Galego, Alexandra foi condenada a 80 anos de prisão, embora o Tribunal tenha dado apenas como provado o facto de ter conduzido uma viatura que transportou alguns guerrilheiros até uma emboscada a uma patrulha policial e de uso de documentação falsa (após detenção do seu ex-namorado).
Uma jovem excelente e de prestigiada família, tornou-se conhecida em todo o Portugal e País vizinho depois da vida marcante que viveu em Espanha numa luta pela «libertação da Galiza».
Alexandra Pinheiro revelou ao ddV: «É bem distinto entrar e sair do meu país sem a "tutela" da Audiência Nacional e Instituições Penitenciarias espanholas. A condenação rematou a 14 de março, mas por interesses administrativos, mandaram-me recolher o certificado a 20 de março. Foi só nesse dia, que realmente deram por finalizada o cumprimento da minha penitência. Casualmente, a primavera começou uma hora depois de eu recolher o papel. Como precisamente esse dia 20 de março reparamos por casualidade que era dia de Santa Alexandra».
VIDA QUE DAVA UM FILME
A vida de Alexandra Pinheiro, que conta em Vizela com várias centenas de amigos, dava um filme. Hoje vive feliz em Espanha com o seu companheiro numa habitação com campo, flores e ribeiros.
Dá aulas de música (aprendeu a tocar acordeão com o ensino de Renato Costa) e toca num duo denominado SAXANDRA (ver vídeo)
Periodicamente visita Vizela, sua terra natal que sempre amou, sobretudo nas noites mais sombrias que sofreu atrás das grades das duras prisões espanholas.
Abel Pinto e Manuel Mendes Marques, na altura diretores do Notícias de Vizela, acompanharam ao lado do irmão de Alexandra, Luís Pinheiro, o julgamento desta vizelense que decorreu em várias sessões na sala de julgamentos mais protegida do mundo: a Audiência Nacional em Madrid.
No cárcere, Alexandra Pinheiro nunca deixou de receber o carinho de familiares e amigos, pessoas com as quais pode agora contatar livremente, sem ter de pedir autorização a nenhuma entidade.
http://www.digitaldevizela.com/2010/11/vizelense-alexandra-pinheiro-actua-em.html
O QUE RALATOU A IMPRENSA NA ÉPOCA (embora com algumas deturpações)
Portuguesa condenada a 80 anos em Espanha
Por:Manuel Catarino (Correio da Manhã, 2006)
Alexandra Pinheiro parecia que tinha o futuro ao alcance de uma mão: inteligente, bonita, determinada – partiu de Vizela, onde vivia com os pais, em 1982, para estudar Medicina na Universidade de Santiago de Compostela, na Galiza. A meio do curso envolveu-se por amor com Manuel Lopez Quintans, dirigente do Exército Guerrilheiro do Povo Galego Livre.
A vida de Alexandra nunca mais foi a mesma: participou num atentado, que lhe valeu uma pena de 80 anos de cadeia – por militância terrorista, posse de explosivos, uso de identidade falsa, homicídio.
Hoje, à beira dos 43 anos, Alexandra já não tem a beleza de outrora. É alta, elegante e conserva os cabelos quase louros. Mas carrega o tempo vincado no rosto – não tanto a idade, mas os anos de reclusão e tristeza.
Nasceu numa família de abastados industriais. Quando partiu de Vizela, aos 19 anos, levou o acordeão que aprendera a tocar, em pequena, com o alfaiate da terra, senhor Rufino. Em Santiago de Compostela, fez amigos – e apaixonou-se por um violinista que gostava de tocar nas ruas. Ela também começou a tocar, nas imediações da Catedral, perto da universidade onde estudava, no centro histórico da cidade.
Durante dois anos, Alexandra viveu com o homem do violino. Até que conheceu Manuel Lopez Quintans, dirigente do Exército de Libertação do Povo Galego Livre – um movimento clandestino que lutava à bomba pela independência da Galiza. A menina educada numa família tradicional, num meio católico e fechado, deixou-se deslumbrar com a Extrema-esquerda. Trocou a vida melodiosa pela incerteza e risco da acção directa.
Em 2 de Fevereiro de 1989, nove guerrilheiros independentistas levam a cabo um atentado, em Irijoa, uma pequena localidade dos arredores da Corunha. Alexandra está entre eles. Simulam um acidente de carro e atraem uma patrulha da Guardia Civil – para roubar as armas e as fardas. Mas o que parecia ser uma operação simples transformou-se num pesadelo. Houve tiroteio. Um guarda caiu morto e outro ficou gravemente ferido. Chegam reforços. Manuel Quintans e Josefa Rodriguez são imediatamente presos. Alexandra e os outros conseguem fugir. Mergulham na clandestinidade.
Em Vizela, os pais de Alexandra, Joaquim Pinheiro e Teresa Queirós, perdem o contacto com a filha: ela não os contacta – e eles só sabem que a sua menina está na lista dos terroristas procurados pela Polícia espanhola.
Só voltam a ter notícias da filha em Setembro de 1991 – quando Alexandra, juntamente com dois guerrilheiros, Manuel Chao Dobarro e Maria Rubio, é presa em Lérida, no Norte da Catalunha. Como todos os militantes de grupos terroristas, é considerada perigosa: atiram-na para uma ala de alta segurança da cadeia de Carabanchel, perto de Madrid. Depois, passou para a cadeia de Ávila – sempre em regime de segurança máxima.
Alexandra começou a ser julgada no início de Março de 1994, na Audiência Nacional, em Madrid. O rol acusatório era grave: respondia pela morte de um polícia e tentativa de homicídio de um outro. O magistrado encarregado da acusação pública pediu um castigo de 62 anos de cadeia. Os juízes condenaram-na a 58 anos.
Dois meses depois do julgamento, Alexandra voltou ao banco dos réus. Desta vez seria julgada por envolvimento em grupo terroristas, falsificação de documentos e posse ilegal de armas e explosivos – crimes que tinham ficado de fora do primeiro processo. A acusação voltou a pedir pena exemplar: mais 27 anos a somar à condenação anterior. Os juízes não andaram muito longe disso: fixaram-lhe a pena final em 80 anos de cadeia. Mas ela sabia que não podia cumprir mais de 30 anos, o limite permitido pela lei espanhola. Ainda assim, era um duro castigo. Para mais, como as autoridades lhe atribuíam o grau de máxima perigosidade, estava privada de objectos pessoais na cela – e agora, mais do que nunca, fazia-lhe falta o seu querido acordeão.
Amargou reclusa a sete chaves durante dez longos anos. No Natal de 2001, já na cadeia de Corunha, passou a regime aberto: vive em liberdade durante o dia, regressa à noite à cela da prisão. Encontrou trabalho numa casa de turismo rural, nos arredores de Santiago de Compostela, e voltou a dedicar-se ao acordeão. Reaprendeu o gosto de viver – incansável, apesar dos 150 quilómetros diários, de ida e volta, entre a cadeia e Santiago.
Aos fins-de-semana, Alexandra está dispensada de se apresentar na cadeia. Aproveita, de vez em quando, para viajar até à fronteira e matar saudades da família. Só lá para 2010 será uma mulher inteiramente livre. Terá 47 anos.
NAMORADO FUGIU
Manuel Quintans, o homem por quem Alexandra se tornou guerrilheira, esteve preso quatro anos numa cadeia espanhola à espera de julgamento. Acabou por ser libertado – porque a lei não permite prisão preventiva para além daquele tempo. Manuel conseguiu fintar a Polícia de Espanha e fugiu do país – já Alexandra Pinheiro estava a ferros na cadeia. Chegou ao México, onde fez vida com um nome falso: trabalhou como jornalista, casou-se e teve um filho. Mas a Interpol descobriu o seu paradeiro, em 1998, e o juiz Baltazar Garzon pediu a extradição à Justiça mexicana. Foi julgado em Espanha, em 2003, e condenado a 72 anos de cadeia. Cumpre pena na Corunha. Alexandra nunca mais quis saber dele.
MÚSICA/TRABALHO
- Alexandra Pinheiro já desistiu de concluir a licenciatura em Medicina
- Quer dedicar-se à música. Quando a cadeia lhe permitiu, agarrou-se ao acordeão. Em Março de 2002, actuou num espectáculo, na Corunha, como acordeonista – com êxito. Meses depois gravou um CD
- Largou o trabalho na casa de turismo rural, em Outubro de 2002, e aceitou o convite para ensinar acordeão, no centro cultural A Xuntanza, em Santiago de Compostela
- Ao mesmo tempo que dá aulas de acordeão, Alexandra aprende sanfona, um instrumento de cordas medieval. CM
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A DETENÇÃO DE ALEXANDRA PELO EL PAÍS, martes, 24 de septiembre de 1991
El máximo dirigente del Ejército Guerrillero, detenido en un paso fronterizo de Lérida
- Manuel Chao do Barro y dos mujeres fueron arrestados cuando regresaban de Holanda
Manuel Chao do Barro, considerado por la policía como el máximo dirigente del Exército Guerrilleiro do Povo Galego Ceibe (EGPGC), fue detenido el pasado sábado en el paso fronterizo de Les (Lérida) junto a dos mujeres, presuntas activistas de la organización. El grupo regresaba a España después de haber pasado unos días en Holanda visitando a unos familiares, según fuentes del Ministerio del Interior. Chao, de 27 años, asumió la dirección del EGPGC en 1988 tras el encarcelamiento del líder histórico del grupo, Antón Arias Curto.
El líder guerrilleiro actuaba en la clandestinidad desde Portugal. Hace algunos meses, la policía española tuvo noticias de su presencia en Holanda. Los movimientos de Chao estaban siendo seguidos por la policía, que el pasado sábado montó un operativo en la aduana de Les, al recibir informaciones de que pretendía regresar a España a través de este paso. Los activistas volvían de Francia después de haber visitado en Holanda a unos familiares de Chao.Junto al presunto jefe del EGPGC fueron detenidas la ciudada portuguesa María Alessandra de Queiroz Vaz Pinheiro, identificada desde el pasado año como una de las presuntas cabecillas del grupo, y la española María del Carmo Viso Rubí. Los tres portaban documentación falsa. Con el grupo viajaba la madre de Manuel Chao, quien fue puesta en libertad al no tener relación con las actividades de la banda, según fuentes policiales.
El Ministerio del Interior no informó de la operación hasta el mediodía de ayer, cuando los detenidos habían sido ya trasladados a la Comisaría General de Información, en Madrid. Una vez que concluya su interrogatorio, pasarán a disposición de la Audiencia Nacional.
Este sector defendía la necesidad de posponer indefinidamente las acciones violentas, frente a las tesis duras de Chao, partidario de continuar la lucha armada, según fuentes policiales y del movimiento independentista gallego. Desde entonces, los responsables de la investigación antiterrorista suponen que Chao continuó dirigiendo el grupo desde Portugal, con la colaboración de Alessandra de Queiroz y un reducido grupo de activistas en Galicia, que no estaban fichados por la policía.
Manuel Chao do Barro, nacido en Ferrol el 29 de agosto de 1964, fue una de las personas que dio a conocer públicamente las siglas del EGPGC durante un juicio celebrado en febrero de 1987 en la Audiencia Provincial de La Coruña por un intento de atraco a un banco. Los acusados, el propio Chao y dos compañeros suyos, se declararon miembros de la organización armada independentista, cuya existencia se desconocía hasta entonces.
Chao, que desde muy joven había militado en organizaciones radicales nacionalistas, fue condenado a tres años de prisión e ingresó en la cárcel de Bonxe (Lugo). Unos meses más tarde, logró huir a Portugal aprovechando un permiso de fin de semana y se pasó a la clandestinidad. La policía le considera autor material de la voladura en mayo de 1988 del chalé del presidente de la Xunta, Manuel Fraga, en Perbes (La Coruña). [Fraga declaró en la tarde de ayer que el Exército ,les un grupo irrelevante, insignificante y sin apoyo popular, y una vez desarticulado su suerte está echada", informa Europa Press. Respecto a la detención del presunto autor de la destrucción de su chalé, Fraga dijo: "Yo perdono los daños personales. El daño que le han hecho a Galicia no lo puedo perdonar"].
El líder guerrilleiro actuaba en la clandestinidad desde Portugal. Hace algunos meses, la policía española tuvo noticias de su presencia en Holanda. Los movimientos de Chao estaban siendo seguidos por la policía, que el pasado sábado montó un operativo en la aduana de Les, al recibir informaciones de que pretendía regresar a España a través de este paso. Los activistas volvían de Francia después de haber visitado en Holanda a unos familiares de Chao.Junto al presunto jefe del EGPGC fueron detenidas la ciudada portuguesa María Alessandra de Queiroz Vaz Pinheiro, identificada desde el pasado año como una de las presuntas cabecillas del grupo, y la española María del Carmo Viso Rubí. Los tres portaban documentación falsa. Con el grupo viajaba la madre de Manuel Chao, quien fue puesta en libertad al no tener relación con las actividades de la banda, según fuentes policiales.
El Ministerio del Interior no informó de la operación hasta el mediodía de ayer, cuando los detenidos habían sido ya trasladados a la Comisaría General de Información, en Madrid. Una vez que concluya su interrogatorio, pasarán a disposición de la Audiencia Nacional.
El último atentado
Las detenciones se producen una semana después del último atentado del EGPGC, que prácticamente no había vuelto a actuar desde octubre de 1990, cuando asumió la autoría de la colocación de una bomba en una discoteca de Santiago de Compostela que causó la muerte a tres personas, dos de ellas miembros del comando guerrilleiro. El pasado día 13, la voladura de dos torretas de alta tensión dejó sin luz a 300.000 personas que viven en la comarca de Ferrol. Aunque ningún grupo ha reivindicado todavía el atentado, las autoridades se lo atribuyen al EGPGC.La captura de Chao y sus dos presuntas colaboradoras supone el descabezamiento de la organización independentista gallega, cuyos efectivos estaban ya muy mermados en los últimos meses. La mayoría de los activistas del grupo abandonó las armas en febrero de 1989, después de que un comando guerrilleiro matase a tiros en lrixoa (La Coruña) a un guardia civil, la primera víctima mortal de la banda armada.Este sector defendía la necesidad de posponer indefinidamente las acciones violentas, frente a las tesis duras de Chao, partidario de continuar la lucha armada, según fuentes policiales y del movimiento independentista gallego. Desde entonces, los responsables de la investigación antiterrorista suponen que Chao continuó dirigiendo el grupo desde Portugal, con la colaboración de Alessandra de Queiroz y un reducido grupo de activistas en Galicia, que no estaban fichados por la policía.
Manuel Chao do Barro, nacido en Ferrol el 29 de agosto de 1964, fue una de las personas que dio a conocer públicamente las siglas del EGPGC durante un juicio celebrado en febrero de 1987 en la Audiencia Provincial de La Coruña por un intento de atraco a un banco. Los acusados, el propio Chao y dos compañeros suyos, se declararon miembros de la organización armada independentista, cuya existencia se desconocía hasta entonces.
Chao, que desde muy joven había militado en organizaciones radicales nacionalistas, fue condenado a tres años de prisión e ingresó en la cárcel de Bonxe (Lugo). Unos meses más tarde, logró huir a Portugal aprovechando un permiso de fin de semana y se pasó a la clandestinidad. La policía le considera autor material de la voladura en mayo de 1988 del chalé del presidente de la Xunta, Manuel Fraga, en Perbes (La Coruña). [Fraga declaró en la tarde de ayer que el Exército ,les un grupo irrelevante, insignificante y sin apoyo popular, y una vez desarticulado su suerte está echada", informa Europa Press. Respecto a la detención del presunto autor de la destrucción de su chalé, Fraga dijo: "Yo perdono los daños personales. El daño que le han hecho a Galicia no lo puedo perdonar"].
MANIFESTO DO EXÉRCITO GERRILHEIRO POVO GALEGO ( E.G.P.G.C. )