Silveira é o mais lendário capitão de todos os capitães na história do Vitória. Esteve 12 anos
consecutivos ao serviço da equipa vimaranense, assumindo desde a temporada de 1955/56 o
honroso cargo de capitão de equipa, tendo, assim, o seu nome ligado a momentos marcantes
da vida do clube da cidade berço.
Chegou à cidade de Guimarães decorria a época de 1952/53 e só deixou de jogar no Vitória no
final da temporada de 1963/64, já um veterano, para ingressar no Vizela e nesse clube fazer
parte, também, da sua história.
Natural da localidade de Angústias, nos Açores, José Silveira Júnior nasceu no dia 26 de Setembro
de 1926. Começou a jogar futebol com 16 anos de idade nos juniores do S.C. Horta.
Dois anos depois ascendeu à primeira equipa, disputando as competições regionais açorianas.
Porém, as suas qualidades como um bom extremo-esquerdo trouxeram Silveira, com 26
anos de idade, para o Vitória no decurso da temporada de 1952/53 e para o primeiro escalão
do futebol português.
Embora rotulado como excelente extremo-esquerdo, não seria nessa posição que Silveira mais se destacaria no Vitória. Passou também pelo lugar de avançado-centro, mas seria como defesa-central que Silveira cumpriu grande parte da sua carreira e tornou-se, seguramente, num dos melhores jogadores portugueses.
Na temporada de 1952/53 o Vitória participou no Campeonato Nacional da 1ª Divisão e, nessa época, ao garantir a permanência tornou-se o clube com mais participações consecutivas no primeiro
escalão do futebol português a seguir ao Benfica, Sporting, Porto e Belenenses, feito de realce para uma colectividade da denominada província.
No início daquela época o conjunto vitoriano manteve como
técnico principal o húngaro Alexandre Peics, contudo, este viria a
ser substituído a meio da temporada por Cândido Tavares, o treinador
responsável pelo lançamento de Silveira na equipa principal
do Vitória.
Actuando como extremo-esquerdo, vai estrear-se oficialmente
no dia 11 de Janeiro de 1953, no Campo da Amorosa, numa importante
partida que opôs a formação da cidade berço ao Benfica, que
terminou empatada a zero.
No Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1952/53, o açoriano
Silveira jogou 14 jogos e foi o autor de dois golos, enquanto na
Taça de Portugal alinhou em 7 jogos, tendo apontado um golo.
Seguiu-se a temporada de 1953/54, onde não sendo ainda um
titular indiscutível, Silveira alinhou em 16 partidas, apontando somente
um golo, enquanto na Taça de Portugal regista-se a sua presença
em quatro jogos e também a autoria de um golo.
A terceira época de Silveira no Vitória fica marcada pela descida
à 2ª Divisão Nacional. Nessa fatídica época, Silveira terá sido um
dos melhores jogadores. Titular indiscutível, actuou em 24 jogos,
apontando 5 golos, os últimos que Silveira marcou pelo Vitória na
1ª Divisão Nacional.
A temporada de 1955/56 seria, assim, a primeira de um conjunto
de três épocas consecutivas que o Vitória iria passar na 2ª
Divisão Nacional. O açoriano Silveira passou a jogar no centro da
defesa, posição na qual se notabilizou e tornou-se o grande líder
do Vitória.
Depois de duas tentativas falhadas, o Vitória conseguiria, finalmente,
regressar à 1ª Divisão no final da temporada de 1957/58. Na
equipa estava o capitão Silveira, titularíssimo ao longo da época,
que pela subida recebeu a quantia de 6.800$00 como prémio.
No ano de regresso à 1ª Divisão, Silveira foi titular indiscutível,
actuando em 24 jogos do Campeonato e em quatro da Taça.
A temporada de 1959/60 fica marcada por uma lesão que impediu
Silveira de se tornar o primeiro internacional “A” português da
história do Vitória.
Já em 1960/61 o Vitória atingiu o 4º lugar e o seu capitão jogou
18 encontros da principal competição e seis na Taça de Portugal.
Silveira era um jogador de fino recorte técnico, algo verdadeiramente
invulgar naquela época para um defensor. Tal característica
advinha, obviamente, da sua formação como futebolista ofensivo.
Posicionalmente era perfeito, jogando muito bem na antecipação,
acorria com facilidade à dobra nos desaires dos colegas de
equipa. Bom no jogo aéreo, era determinado e lutador.
Pelo seu forte espírito de liderança, personalidade e dedicação
ao clube ao longo dos anos tornou-se, reconhecidamente, num verdadeiro
líder na equipa do Vitória e o seu capitão, um estatuto que
exercia com enorme competência.
Seguiu-se a temporada 1961/62, com Silveira a jogar todos os 26
jogos da prova e sete na Taça de Portugal. Em 1962/63 alinhou em
21 encontros e ajudou a equipa a chegar à final da Taça de Portugal,
mas lamentavelmente lesionou-se com gravidade nas meias-finais,
diante do Belenenses, e foi um dos grandes ausentes na final do
Jamor diante do Sporting, num jogo que o Vitória perderia por 4-0.
Seguiu-se aquela que seria a última época do capitão Silveira no
Vitória. A equipa acabaria por terminar essa temporada no 4º lugar
mas Silveira jogou apenas 13 encontros, surgindo, já com alguma
frequência, o jovem Manuel Pinto no seu lugar.
Perto dos 38 anos de idade, e ao cabo de 12 anos consecutivos
no Vitória, Silveira deixou o clube vimaranense e rumou ao Vizela.
Foi durante alguns anos jogador e treinador, ajudando os vizelenses
a subir à 2ª Divisão Nacional.
José Silveira Júnior, esta antiga glória do Vitória, com 83 anos de
idade, veio a falecer no dia 7 de Fevereiro de 2008 na Califórnia, nos
Estados Unidos da América, onde residiu nos últimos anos de vida.
Texto e fotos (de Silveira no VSC) da autoria de ALBERTO DE CASTRO ABREU, do site www.gloriasdopassado.pt.vu e reproduzidos no Desportivo de Guimarães desta semana.
Nota ddV - Poucos anos antes de morrer, Silveira, na companhia da esposa, deslocou-se dos EUA até Vizela onde se encontrou com o seu grande amigo Luís Fernandes de Oliveira (Luís Perú) tendo este convidado Manuel Marques (do Notícias de Vizela) e Zélia Fernandes (Rádio Vizela) para um jantar no extinto Restaurante Céu Azul em Santa Eulália onde Silveira narrou para os dois órgãos de informação vizelenses as suas façanhas de desportista e outras histórias interessantes da sua vida.