Responda a porção de fé de cada um: Milagre? Acaso?
A minha mãe saiu a gritar de alegria chamando todos os vizinhos.
Esta foto de José Marinho captada no domingo no nosso Santuário é a última da Cândida em vida? Com a imagem de S. Bento nas mãos. Acaso?
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MMM
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A FORÇA DO AMOR
Para hoje a minha família tinha agendado um convívio em S. Bento que, pela força da tragédia, foi anulado. A montanha é alta. Mas não chega ao Céu onde na quarta feira, após atropelamento mortal, entrou uma mulher pura como o seu nome e cujo maior gosto na vida era, tal com S. Bento, servir o próximo e a Deus.
A Cândida, devido à doença de que foi acometida em pequena, era uma espécie de criança-adulta. Não conheci uma única criança que não gostasse dela. Por isso ela e a minha filha eram tão amigas. Com frequência iam almoçar fora juntas como aconteceu naquele fatídico dia em que, prestes a subir ao passeio, o carro a albarroou.
No velório uma senhora veio agradecer porque a Cândida visitava frequentemente a sua mãe ceguinha a quem lhe contava as histórias e novidades do dia a dia; outras pessoas vieram mostrar gratidão pela companhia que ela fazia aos seus familiares internados no Lar Torres Soares (a casa de minha irmã era a poucos metros do Lar e se não estava em casa era ali que se encontrava a confortar as pessoas idosas) e um distinto vizelense veio também contar que era ela quem acompanhava a sua mãe idosa desde a igreja até casa. S. Bento sabia o que estava a fazer quando lhe devolveu a fala!
Penso nestas e noutras pessoas, que não obstante serem tão bem tratadas no LTS e terem gente tão disponível na equipa executiva, sentirão a falta da companhia da Cândida.
"RAINHA DO POVO"
Como uma mulher tão simples, sem instrução primária, sabia ler tão bem o coração dos outros? Ser a alegria duma rua inteira, ser uma chama acesa no coração dos outros. Pobres, ricos, as mais altas figuras da terra, gente de cá e de lá fizeram do velório da Cândida um imenso jardim. Centenas de mensagens de conforto chegaram de todo o mundo pela net, pelos telemóveis pessoalmente. Houve pessoas idosas e doentes que se levantaram da cama para virem dizer um último adeus à Cândida.
A morte terrena da minha irmã Cândida, duma mulher que só transmitia amor e alegria, gerou uma onda de solidariedade tão imensa que só veio reforçar a tese que na nossa vida nada vence o Amor.
SOFRIMENTO EM DUAS FAMÍLIAS
Antontem abri a internet ("As Datas da História" que lê no ddV são programados e editam automaticamente)por dois motivos: o primeiro para tranquilizar tantas e tantas pessoas preocupadas com o estado de saúde da minha filha, felizmente livre de perigo.
O segundo motivo para transmitir ao condutor e sua família a solidariedade devida para com um homem que sofre tanto como nós esta tragédia.
Trata-se dum homem bom e membro duma honrada família que tiveram a preocupação de nos visitar para apresentar os sentimentos por tão infausto acontecimento.
A mensagem enviada por um membro sua família (cujo nome aqui omito) é explicita do quanto deve ser a vivência humana:
«Amigo Marques, depois da nossa conversa de há pouco, em meu nome e da minha família, em especial do meu sogro, o condutor envolvido em tamanha fatalidade, reiteramos publicamente o nosso sentido pesar pela perda da sua querida irmã. Por outro lado, ameniza-nos a dor que sentimos em saber que a sua amada filha se encontra bem. Obrigado pelo grande sentido de humanidade e compreensão com que nos recebeu e pelas sábias palavras de conforto que endereçou ao meu sogro, também ele a passar um momento de grande sofrimento. Aquele abraço!
O TEXTO DE UM AMIGO
Vítor Cunha enviou-me um texto que sintetiza aqui a personalidade de minha irmã:
«A Candida era uma mulher linda com um sorriso radiante e contagiante, irradiava vida e contagiava felicidade. Desde que a conheci, já lá vão uns anos, no Noticias de Vizela, ainda me lembro dos abraços fraternos com que nos recebia, eram abraços despidos de preconceitos e cheios de calor humano. Quando o conhecimento se tornava maior, substituía o abraço fraterno e sincero por dois beijocas bem repenicadas. Toda ela era candura de espírito, simplicidade humana e amizade sem preconceitos.
Quando nasceu a minha filha correu a entregar-me uma rosa que tinha colhido no seu jardim e disse-me: " trata bem esta rosa e vais ficar a saber como tratar a tua filha". A sua visão simplista da vida era uma lição de amor para aqueles que gastam o tempo em quezílias.
Despida de segundas ou más intenções morais, a Candida visitava os velhinhos na Santa Casa da Misericórdia de Vizela, onde partilhava a sua alegria com todos. Na rua e sempre que visse um amigo ou uma amiga abeirava-se deles para os cumprimentar, para deixar uma palavra de esperança ou afeto.
Figura singular da minha roda restrita de amigos, aqueles que considero mesmo amigos, a Candida era a mais humilde, singela, dedicada e sorridente amiga. Vou sentir a falta do seu sorriso. Vou sentir especial falta dos seus abraços e beijos ao Domingo de manhã quando ia visitar a minha sogra com a minha filha.
Também a minha filha vai sentir a sua falta, mas fica a memória de uma mulher e amiga que enchia o mundo com o seu sorriso, com a sua bondade e com todo o seu amor pelo próximo.
Adeus amiga».
ABRAÇO AOS NUNOS E TONI
Na altura em que escrevo este texto, a poucos minutos de ir assistir à missa de 7º dia do meu sempre amigo Tony Diniz, quero também agora recordá-lo, assim como aos inequecíveis amigos Nuno Plácido Salta e no Nuno Gomes enviando, mais uma vez, um abraço de solidariedade a todos os seus familiares que também fizeram questão de me apoiar neste turbilhão de tragédias que atacou gente tão bonita de Vizela.
Ao abrir o correio hoje encontrei esta mensagem dos pais do Tony (meus amigos Silvio e prof. Eduarda que me deram o curso de casamento) e que fecha esta crónica.
«Apresentamos a ti e toda a família as nossas sentidas condolências pelo falecimento "estúpido" da tua irmã Cãndida.
Desejamos um rápido restabelecimento da tua querida filha.
Aproveitamos para te agradecer todas as provas de amizade, presentes no DDV, para com a
n/ família, com o acidente e morte do Tony.
Eduarda e Sílvio»