Pedro Costa levou equipa de Iniciados do Vizela à Lua

A fase final ficou marcada pelo signo da derrota, mas o treinador dos jovens vizelenses diz ao Desportivo de Guimarães que a experiência jamais será esquecida.



Não ganharam qualquer jogo, mas adquiriram uma experiência única que a maioria dos desportistas não consegue e que aspira:
defrontar Benfica, Porto e Sporting numa fase final de apuramento de campeão. E se isso fora alcançado com uma equipa de menores recurso, inclusive que chegou a treinar às escuras, a façanha é ainda maior: “Aprendemos que grandes equipas se fazem com grandes
sacrifícios”, diz o treinador.

Tão brilhante feito foi alcançado pela equipa comandada pelo professor Pedro Costa, treinador da equipa de Iniciados e simultaneamente responsável pelas escolas de formação do Vizela que conta com cerca de 200 praticantes em
12 equipas.

Terminada a fase final, que ditou a vitória do Benfica, Pedro Costa fez para o DESPORTIVO o balanço:
“A época foi longa e desgastante,
mas muito proveitosa para
todos, principalmente para os jogadores
que viveram momentos
fantásticos e tiveram uma oportunidade
única de evoluir desportivamente.
E como foi a preparação? “Com
o início dos treinos em Agosto,
aproveitámos para treinar de dia,
com o espaço todo do campo e
daí idealizarmos e melhorarmos a
nossa ideia de jogo”
Sobre o início do campeonato
onde o Vizela se sagrou campeão
de série à frente do Braga e Vitória:
“Tivemos um início de campeonato
muito bom porque colhemos
os frutos de treinar com tempo e
com espaço. Desde o começo
das aulas dos jogadores, tivemos
que começar a treinar à noite e
num campo de futebol 7 (pelado),
logo a qualidade de treino não
foi a desejada. Ainda para mais
com um grande problema para
resolver: a iluminação. Em quatro
postes de iluminação que tínhamos
com quatro holofotes cada,
só funcionavam dois postes com
dois holofotes cada. Treinávamos
nitidamente às escuras. Mas isso
também nos deu força, com essas
condições conseguíamos ter qualidade
de jogo no final de cada semana.
E quando jogávamos contra
equipas que têm outras condições
de trabalho, ainda tínhamos mais
força. Aprendemos que grandes
equipas se fazem com grandes
sacrifícios. Foi muito especial garantirmos
o 1.º lugar da 1ª fase
(inédito) na 21.ª jornada.”
Depois seguiu-se a 2ª fase:
“Sem nenhum dos grandes no
nosso caminho (já tínhamos deixado
Braga e Vitória para trás)
toda a gente pensou que iria ser
fácil e que ficávamos em 1.º lugar
sem grandes problemas. Foi uma
luta fazer perceber aos jogadores
que as coisas não eram bem
assim, tão simples. Se quiséssemos
ter sucesso teríamos que ser
mais competentes e rigorosos do
que na 1.ª fase. Tínhamos três
adversários que nos mereciam
todo o respeito: Nacional da Madeira,
Beira-Mar e Varzim. Eram
três clubes que estavam habituados
a esta fase, clubes com uma
estrutura melhor que a nossa e
com melhores condições de treino
(continuamos a treinar no pelado,
na maior parte das vezes). E foi di-
DEFRONTAR ‘GRANDES’ FOI UM GRANDE PRIVILÉGIO
Pedro Costa levou equipa
de Iniciados do Vizela à Lua
A fase final ficou marcada pelo signo da derrota, mas o treinador dos jovens
vizelenses diz que a experiência jamais será esquecida.
fícil, muito difícil, mas ainda mais
saboroso. Na última jornada com
o Varzim, foi um jogo que jamais
esquecerei. Nunca vi tanta gente
a apoiar-nos, ainda para mais
num jogo fora, foi um ambiente
fantástico e que nos deu bastante
força nessa partida. O dia 25 de
Março de 2012 será sempre recordado
por nós”.
E por último a 3ª fase que
anteontem
terminou. Como foi?
“Queríamos viver o sonho de lá
estarmos. Jogar num campeonato
contra os três grandes do futebol
nacional. Mas na primeira jornada
sofremos uma derrota muito pesada,
muito por culpa nossa, pois
respeitámos em demasia o adversário.
Disse aos jogadores no final
do jogo que a diferença entre o
Porto e o Vizela não era de 7-0,
era maior do que isso... Mas que
a diferença entre as duas equipas
de Iniciados não era aquela. E demonstraram
isso nos restantes jogos.
Não conseguimos um ponto
sequer, é certo. Mas vivemos um
sonho que poucos têm a oportunidade
de viver”.
Resumindo: “Foi uma época
muito boa, conseguimos valorizar
muitos jogadores, conseguimos
evoluir bastante, conseguimos colocar
o nome do clube acima de
todos menos dos três grandes.
Por isto tudo, e por ainda termos
condições de trabalho que são
precárias, o sabor do sucesso é
muito, mas mesmo muito melhor”.

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