Programa Político para a Comissão Coordenadora Concelhia de Vizela do Bloco de Esquerda
1. O mandato da Comissão Coordenadora Concelhia de Vizela que elegeremos será marcado
Pelo acto eleitoral autarquico. Sendo este um facto incontornável, cabe-nos pensar a rientação política do Movimento para o biénio 2012/2014 por forma a que a nossa actividade não tenha como objectivo único essas eleições mas, antes, que saibamos utilizar o potencial de mobilização que daí advém para reforçar a organização e o activismo social.
Por isso apresentamos a esta eleição uma lista plural, integrando diferentes sensibilidades, que teve como critérios de composição as diversas áreas de intervenção política e a representação transversal do movimento, em termos etários, de género e sociais.
2. A organização concelhia do Bloco aumentou em 50% o número de aderentes na sequência do trabalho realizado e no início deste ano. Estas novas adesões não devem ser encaradas como números a exibir, mas sim como activistas de esquerda que decidiram dar um passo adiante no terreno da intervenção política, e aos quais temos que saber responder, integrando-os na actividade regular do Movimento.
Com mais aderentes, a nossa intervenção tem necessariamente que ser reforçada qualitativa e qualitativamente, e por isso subscrevemos a orientação distrital de criar núcleos territorialmente mais restritos, como os de freguesia ou de agregados de freguesias, bem como de intervir no mundo do trabalho e nas questões de índole ambiental. É nossa convicção que da interligação destes dois vectores – local de trabalho e de residência – deve resultar o aprofundar do conhecimento da realidade local nas diferentes esferas, e daí a nossa presença mais actuante e eficaz.
3. A rede de comunicação que temos construído, deverá ser suporte para a informação, o debate e a proposta política consequente. As reuniões regulares continuam a ser imprescindíveis, não podendo ser encaradas de forma rotineira, mas sim como espaço de interacção directa, em que a política prevaleça sobre as questões organizativas e o tarefismo.
A necessidade de uma sede para ter ano uma utilização diversificada, possibilitada pela melhoria das condições físicas. “As Grandes Revoluções da Época Contemporânea”, em colaboração com a Cultra, e a reunião de professores, em preparação das grandes movimentações em defesa da escola pública são uma necessidade. A elevada participação nestas iniciativas sinaliza que os aderentes não estão desmotivados para a participação, mas também que é necessário que as propostas a apresentar correspondam a necessidades efectivas no plano político, social e cultural, abrindo a sede a muitos não aderentes que convidaremos para percursos comuns.
4. A intervenção autárquica no concelho tem sido o centro do nosso trabalho, nomeadamente através do eleito na assembleia municipal, enquadrados no Grupo de Trabalho Autárquico, onde é determinada a orientação política do movimento no plano local.
Com a exigência própria de quem não se limita a contemplar a realidade mas tem a pretensão de participar na sua transformação, não podemos deixar de traçar objectivos ambiciosos para as autárquicas de 2013 e para o trabalho subsequente.
Na Assembleia Municipal, traçamos como objectivo mínimo para a próxima concelhia a duplicação de listas nas freguesias e, porque é possível e expectável, duplicar o número de autarcas eleitos, incluindo a entrada na vereação da Câmara Municipal.
A constituição de listas é uma tarefa a iniciar de imediato, tendo em atenção a necessidade de corrigir erros do passado, que levaram a que nem sempre os eleitos nas freguesias tivessem o necessário acompanhamento político. Neste sentido, as listas e programas deverão assentar em equipas solidariamente comprometidas para todo o mandato.
5. A presença de jovens na organização concelhia tem crescido ao longo dos anos, sendo de sublinhar que a partir dessa experiência, importa alargar a intervenção aos estudantes do secundário, e também aos jovens trabalhadores, em largo número na situação de precariedade.
Assumindo a orientação nacional de que o Bloco não tem “jotas”, os jovens aderentes deverão participar de corpo inteiro na actividade concelhia, integrando-se em todos os sectores de acordo com a sua motivação própria, em plena igualdade com os aderentes mais experientes. Com dois anos de vida, é imperioso que a renovação de quadros no BE seja acelerada, sem a qual o Movimento não beneficiará das novas ideias e do activismo próprio da juventude.
6. A presença de mulheres no Bloco de Vizela é de há muito identificada como insuficiente, sem que tenhamos até à data encontrado os melhores caminhos para inverter esta situação. Propomos para a próxima Concelhia a criação de um pelouro específico que tenha como desígnio trazer mais mulheres para a actividade política, identificando e eliminando os obstáculos a essa participação. O imperativo estatutário de paridade nos órgãos do Bloco não deve ser considerado uma fatalidade, sendo antes factor despoletador da participação, ainda que para tal seja necessário mudar radicalmente o estilo de trabalho que temos praticado.
7. A definição de objectivos específicos não implica que nos esqueçamos do fundamental, expresso de forma clara nos Estatutos do BE: “O Bloco de Esquerda defende e promove uma cultura cívica de participação e de acção política democrática como garantia de transformação social, e a perspectiva do socialismo como expressão da luta emancipatória da Humanidade contra a exploração e a opressão”.
E é com estes objectivos globais presentes que devemos encarar a acção local, considerando que não existe um “Bloco de Vizela”, distante das grandes fracturas ideológicas. A nossa luta não esquece em qualquer momento o confronto com o capitalismo e o neo-liberalismo, quer estejamos a combater a privatização da água, as propinas de Bolonha, a precariedade e os baixos salários, ou a predação do espaço público pelos interesses especulativos, em Vizela exemplarmente personificados pelo sinistro triângulo câmara-empreiteiros-futebol.
Recordando o Maio de 68, urge que a nossa imaginação contrarie o cinzentismo da política, para que estejamos à altura dos desafios e lutas que temos pela frente.
Por estas razões apresento a minha candidatura à coordenadora concelhia de Vizela.
João Paulo Monteiro.