“Portugal ocupa um lugar de destaque na colheita de órgãos e na transplantação renal, no panorama internacional, desde há vários anos. No entanto, nos anos de 2010 e 2011 observou-se uma diminuição no número de dadores cadáver quando comparado com o ano de 2009 (301 em 2011, 323 em 2010 e 329 em 2009), apesar de tudo uma taxa claramente superior ao conjunto da união europeia (30,4 em 2010 e 28,5 em 2011 em Portugal, para 16 na União Europeia em 2010 - dados por milhão de habitante)”, comenta Fernando Macário, médico nefrologista e Presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantes.
E acrescenta: “Essa diminuição global de 6,8% na colheita de cadáver de 2010 para 2011 tem ainda grandes diferenças regionais que devem ser cuidadosamente analisadas. Também se observou um decréscimo no número de dadores vivos (-7,8%). Naturalmente que a diminuição da colheita conduziu a um decréscimo no número de transplantes renais realizados no ano passado”. Na totalidade, e apesar de se terem realizado em Portugal 50,2% transplantes por milhão de habitante, em 2011 registou-se um aumento de 2% no número de doentes em lista de espera.
À margem das comemorações do Dia Mundial do Rim, Fernando Macário sublinha: “o esclarecimento de todo o procedimento de doação dos rins permite que cada vez mais pessoas se sintam à vontade para se tornarem potenciais dadores. É fundamental incentivar mais a doação renal em vida através de campanhas de sensibilização que envolvam toda a sociedade civil e os organismos responsáveis da tutela. O transplante renal é um investimento claro em vida e em qualidade de vida”.
De acordo com Fernando Nolasco, Presidente da Sociedade Portuguesa de Nefrologia “A transplantação tem uma melhor capacidade de substituição da perda da função do rim do que a hemodiálise. Dá uma autonomia diferente mas tem outras exigências, como as terapêuticas de manutenção”, e acrescenta que “a taxa de sucesso do transplante renal é superior a 90 por cento no primeiro ano. As estimativas apontam para que 50 por cento dos transplantes de rim funcionem mais de 11 a 12 anos. E há doentes com 20 anos de transplante que fazem a sua vida normal, o que é francamente bom”.
Patricia Leal