Os pais de Cláudio e a mãe de Nelson Amaral criticaram os atrasos da justiça, mais concretamente a entrega das indemnizações que foram estipuladas em sede de julgamento às vitimas.
Profundamente emocionados (a própria apresentadora Conceição Lino evidenciou grande emoção e dificuldade na condução da entrevista), os pais de Cláudio e a mãe de Nelson revelaram-se tristes não só com o crime que lhes roubou a vida e feriu os filhos respectivamente, mas também com o atraso da resolução do processo civel.
Maria José e Gabriel narraram parte da história do Cláudio e a SIC exibiu em tela gigante fotos do percurso deste estudante de educção física e grande músico, assassinado de forma cruel à saída de uma festa de alunos finalistas na Maia.
Uma tarde de grande emoção na televisão.
COMENTÁRIO
Cláudio Vale era dos meus melhores amigos.
O pai (Gabriel, outro grande amigo de infância) ensinou-me os primeiros acordes de viola. Tocavamos e cantavamos juntos (eu, o Gabriel e Cláudio), em muitas festas caseiras.
O Cláudio foi o melhor de muitos teclistas que conheci. O trio musical ficou desfeito com a sua morte.
Cláudio era um jovem com uma paz e uma cordialidade enormes.
Gabriel Vale a sua esposa Maria José, o irmão João (outra pérola de jovem) não mereciam tamanho castigo.
Ao lado de Gabriel e esposa assisti a todas as sessões do julgamento deste cruel crime. Foram sessões longas que decorreram na Maia.
O julgamento teve um grande juiz (já assisti a muitos julgamentos, inclusive em Espanha, mas nunca havia visto um juiz tão rigoroso e profissional como este) e um procurador da República que não se poupou a esforços para que o Tribunal tivesse todas as provas.
Recordo-me de ter sido chamado a depor um engenheiro mecânico que deixou todos boquiabertos pela forma como explicou os desvios do automével que albarroou os jovens, a velocidade que atingiu a viatura num espaço de 50 metros; condições dos pnéus, etc. etc. O engenheiro que fez a perícia à viatura e ao local onde se deu o infausto acontecimento, não teve dúvidas que houve intenção deliberada do condutor varrer todos os jovens que estavam à sua frente.
Gabriel Vale e Maria José ficarem ainda como maior dor ao verem sair da carrinha celular o jovem que retirou a vida ao seu filho e mais ficaram quando sentiram tanta frieza do mesmo ao ponto de não dirigir uma palavra de conforto aos familiares. Situação que dez anos depois Gabriel Vale fez menção na SIC.
A saudade de Cláudio é grande pois a sua vida era dar alegria às pessoas.
Por isso não me surpreende que a notícia que ontem foi publicada aqui no ddV tenha sido consultada através de perto de 3 mil computadores sendo já a terceira notícia mais lida deste jornal digital.
Número que não mais revela senão o carinho que milhares de pessoas dedicavam a este jovem que merecia viver a sua vida por muitos anos e a toda a sua maravilhosa família.
O Nelson Amaral conheci-o no julgamento (um rapaz com uma formação esmerada, o mais jovem árbitro de Viana do Castelo empurrado no fatídio turbilhão para algo parecido com uma cadeira de rodas...) e, dez anos depois ainda me recordo de todas as suas palavras proferidas em Tribunal sob a lágrimas dos seus pais: «Tenho pesadelos, sr. Dr. Juiz. Estava deitado no chão, com a perna partida e vejo o carro a fazer inversão de marcha e a vir para cima de nós outra vez. Rolei para o lado...o Cláudio já estava estendido...»
Como nota de rodapé dizer isto: O atraso da entrega das indemnizações às vítimas ou seus familiares, revela apenas a falta de vergonha na cara que este País tem. MMM
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