1 – Os temas «Termas» e «PDM» dominaram a discussão política nesta semana vizelense.
A mesma hora em que por Vizela a classe política discutia sobre as nossas (disse bem, «nossas») Termas encontrava-me no balneário termal das Taipas na companhia duma familiar que ali teve de recorrer para fazer tratamento devido ao encerramento das Termas de Vizela.
Transportei-a no meu carro, logo não seria necessário gastar combustível e tempo se o balneário da nossa terra estivesse a laborar; almoçamos algumas vezes nos restaurantes locais, tomamos café nos cafés da Vila. De tratamentos a minha familiar pagou perto de 500 euros à “Taipas Turitermas”.
Encontrei naquele balneário dois conhecidos comerciantes vizelenses e uma senhora de Felgueiras que disse ter recorrido às Taipas «porque Vizela estava fechado». Pessoas que não encontraram outro REMÉDIO senão recorrer àquela simpática vila termal (terra de bons cantores como outrora Vizela contara e cantara, diga-se a talho de foice, casos dos taipenses Zé Amaro e seu irmão Jorge Amado, Trio Os Boémios, Carlos Ribeiro, Amigos de Sobreposta, etc. que a nossa TV tantas vezes evidencia e as rádios locais apregoam), na procura das águas miraculosas, embora as nossas sejam diferentes pois saltam a ferver do chão sagrado de Vizela e têm um cheiro específico.
2 - Apesar de já terem sido avançadas algumas datas (não de forma oficial) para a reabertura de espaços pertencentes ao património termal vizelense e que se encontram encerrados há mais de dois anos e parece ter sido encontrado o caminho (candidatura comunitária e “PROVERE Minho In”) onde se esconde o pote das libras (não deve ser por acaso que a CMV é composta por SETE membros, tantos como as cores do arco-íris que aponta o pote do ouro) , perspectivando-se daí subsídios importantes (fala-se em 2,2 milhões de euros) para ligar o motor termal, é necessário toda a prudência pois a procissão ainda vai no adro e esta novela já conheceu de tudo um pouco, sobretudo alguns capítulos que os vizelenses não desejam, certamente, ver repetidos.
Alias, basta ouvir as declarações de Tomas Ares à Rádio Vizela onde o administrador do grupo Tesal, responsável pela Advancesfera e vencedor do concurso termal vizelense diz “Se a Câmara não conseguir arrecadar o financiamento esperado, o projecto corre graves riscos». Com apenas isto se percebe que ainda é prematuro lançar os foguetes. Há muito trabalho a fazer…e depressa e bem há pouco quem, sabendo-se que Vizela não pode falhar nesta matéria tão delicada para a economia local. É que para mal dos seus pecados, o Estado vai transferir para o próximo ano menos 244,898 euros para os cofres da Câmara, ou seja apenas, 4.635,078 de euros, baixando a verba de 2011.
3 – Como se esperava, Infias teve (na terça-feira) casa cheia para ouvir discutir o Plano Director Municipal de Vizela. Disse-o na altura que foi feliz a CMV em agendar em primeiro lugar esta freguesia, porque ninguém até hoje falou mais da ausência do PDM de Vizela como Infias devido à grande carência de um parque desportivo condigno.
Os infienses são um povo obreiro e raramente esta freguesia não foi um grande exemplo para este imenso vale (basta recordar as suas grandiosas festas que superavam as de vilas e cidade e a grande odisseia da construção da sua igreja, tendo à cabeça um homem tão dinamizador como é o Padre Adelino Rosas que chegou àquela paróquia há 26 anos). E voltou a ser exemplo no enorme sacrifício que a necessidade de praticar desporto obrigou e obriga andando de campo em campo com a tralha às costas no campeonato de futebol popular de Guimarães.
Brevemente Infias irá dispor do seu campo e futebol cuja conclusão (a terraplanagem estava feita), será para breve como assim se deseja. Espera-se que da parte da Câmara Municipal de Vizela haja a disponibilidade suficiente para não deixar arrastar um problema que o CCR local carrega há anos. Compete à CMV ajudar e fiscalizar de forma a não surgir mais nenhuma “pedra” no caminho ou «abutre» no céu (metáfora...), a obstaculizar o que é devido aos infienses.
4 – O recentemente falecido cronista Duda Guennes (apreciava imenso as suas crónicas “Meu Brasil Brasileiro” em A Bola. Fazia parte de um naipe de quatro cronistas cujos textos apreciava e me dava à disposição de ler pois percebia-se na forma subtil e directa como escrevia que era sério e exemplar como se exige a quem escreve Opinião), escreveu numa das suas últimas crónicas “Para muitos intelectuais, o futebol é a coisa mais importante de todas as menos importantes do Brasil».
A discussão do PDM ganhou o jogo em Infias pois se não fosse o futebol, “que para muitos intelectuais, é a coisa mais importante de todas as menos importantes”, provavelmente o número de presenças seria igual àquele de aquando a apresentação do PDM no auditório dos Bombeiros, zero.
E é o futebol que começa a levantar o astral dos vizelenses. As vitórias do FC Vizela que o podem devolver à II Liga (de onde nunca devia ter saído não fosse esse acto reprovável e parcial do Dr. Ricardo Costa do CD da FPF e restante jurisprudência que deitou ao caixote do lixo as escutas telefónicas dos “grandes” e puniu as dos “pequenos” clubes) e as vitórias do CCD de Santa Eulália que podem elevar, pela primeira vez, este clube à III Divisão nacional, estão a motivar os vizelenses pois a economia duma terra e seu desenvolvimento também não passa ao lado do desporto.
5 - É por estas e por outras que a CMV vai ter de rever bem a sua política de cedência de transportes porque alugar um autocarro a um clube a €1.24 o quilómetro + motorista, pode ser uma subtil forma de cortar as pernas a quem quer correr e marcar golos. Este pode não ser esse o «Preço Certo», embora não se ponha em causa que alguns serviços disponibilizados pelas viaturas municipais não tenham qualquer razão de ser. Por exemplo: os canais de televisão que paguem as deslocações dos concorrentes de concursos e dos espectadores como faziam antigamente.
6 – O nome do Hotel Sul Americano presta uma homenagem ao maior País da América do Sul (Brasil) e à ligação que inúmeros sul americanos tinham com Vizela nos célebres anos do termalismo. Não obstante hoje os aquistas brasileiros serem apenas uma simpática recordação no Cortejo Vizela dos Tempos Idos, com os seus fatos e sapatos brancos e chapéus de palhinha (que o saudoso Costa das Barracas tão bem representava), o nome do “Sul Americano” faz parte da história de Vizela. É verdade que o tempo não pára e a vida continua, mas Vizela deve ter em atenção elementos históricos que podem passar ao lado de uns e ser muito importantes para outros. Ou alguém esqueceu a celeuma que originou a alteração do nome da rua Elias Garcia já no pós 19 de Maço de 1998?
7 - Neste mesmo rumo histórico, não deveria, a “Taberna do Jornais” (na rua Dr. Abílio Torres, em frente à sede do Benfica), onde vai nascer uma nova casa comercial e com outra gerência, ser apagada da memória de todos como o primeiro quiosque de Vizela, perpetuando dessa forma a imagem do primeiro «ardina» de Vizela e dos primeiros de Portugal, o saudoso “Chiquinho dos Jornais” (um homem apaixonado por Vizela, também muitas vezes recordado no cortejo Vizela dos Tempos Idos), a quem o JN deu grande destaque aquando a sua morte.
Compete à Câmara de Vizela demonstrar (e também foi para isso que foi criada) que não é insensível a estas partículas da história de Vizela como foi muitas tantas vezes a Câmara de Guimarães que durante décadas tratou aos “coices” (passe a expressão) a história da nossa terra, uma vezes por distanciamento, outras por manifesta falta de vontade em fazer melhor ou até mesmo, em alguns casos, por malvadez, ciúmes, inveja ou por ignorância, como se provou naquele célebre episódio em finais da década de 70 em que a CMG enviou para Vizela mobiliário escolar para um estabelecimento de ensino que ainda não estava construído, tendo o camião carregado de material andado por aqui às voltas até regressar ao início da noite à cidade-berço…apinhado como de lá saíra.
8 – Quando fiz parte da direcção do Gabinete de Imprensa de Guimarães, era presidente José Luís Ribeiro (dos melhores jornalistas que conheci, hoje director da Tempo Livre e Pavilhão Multiusos de Guimarães) convidamos o jornalista Carlos Magno para ser o orador das jornadas de encerramento de jornalismo promovidas pelo GI.
Carlos Magno, o homem que esteve mais tarde na fundação da RTPN, falava de jornalismo de uma forma apaixonada e cativante. Deu gosto ouvi-lo, em dois anos seguidos, à mesa onde jantamos e no lotado auditório da Universidade do Minho (numa das sessões esteve também presente o director do Jornal da Galiza dando para entender as diferenças abissais entre comunicar aqui ao lado em Espanha e em Portugal).
Carlos Magno, de Vinhais, é o novo presidente da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC).
Não tenho dúvidas que Passos Coelho sondou a pessoa certa a quem saúdo e desejo um excelente mandato à frente da Entidade que regula os meios de informação portugueses.
Bom fim-de-semana para todos.
MANUEL MENDES MARQUES