Apesar da chuva que caia lentamente, as vozes dos alunos fizeram-se sentir por todo o castelo, contagiando os presentes com a sua confiança e estoicismo, inclusivamente a equipa artística composta por José Mário Branco, Carlão, Amélia Muge, António Durães, Rui Pereira, José Martins, Magna Ferreira e Fernando Lapa, acompanhada pela responsável pela programação, Suzana Ralha.
À entrada do castelo de Guimarães os visitantes eram convidados a parar todos os seus mecanismos e a ingressar numa viagem à volta do tempo, podia ler-se a inscrição "Deposite aqui o seu tempo". Seguindo o percurso o visitante assistia a uma performance de construção de um jornal, o jornal Lapso no Tempo, base de trabalho de toda a exposição. Neste local apenas os manequins, sentados nos sofás a lerem o seu jornal, eram seres imóveis, os alunos representavam afincadamente o papel de jornalista, ouvindo-se apenas a voz do ardina que tentava vender jornais, destacando a notícia principal do mesmo, ou seja, a Exposição Espaço de Tempo.
Continuando na praça da armas, vislumbrava-se, em cima do enorme penedo que aí se encontra, um relógio cujas horas se encontravam baralhadas e as molas avariadas. Nestas saltavam à vista conceitos base ligados ao projeto: tempo, guerra, paz, homem, herói, liberdade, autodeterminação... Junto a este relógio, a várias vozes, ouvia-se um tic-tac e a conhecida lengalenga sobre o tempo.
Subindo para o adarve um cartoon, junto à porta da traição, onde se lia a inscrição "Prenda a sua mãe num castelo perto de si", e se podia ouvir uma dona Teresa a recitar uma estrofe d'Os Lusíadas, onde se condena a sua atitude. Subindo ao adarve, no primeiro torreão, sinalizado como autodeterminação, via-se a imagem de D. Afonso Henriques refetida num espelho e a palavra encontra-te, que era acompanhada por uma citação de Shakespeare que fazia refletir o visitante sobre o conhecimento da sua identidade. Seguiam-se outros momentos do percurso como a Torre da Forca, onde se podiam observar palavras como D. Teresa, Castelhanos e Fernão Peres de Trava, bem como a Torre dos Heróis e da Liberdade.
A maior surpresa desta exposição estava guardada para o fim, no piso -1 do torreão central o visitante podia encontrar a Sala do Sonho, uma sala escura onde o branco se destacava pela cor das nuvens, das escadas, das bailarinas, que vestidas de anjos o convidavam a deixar-se embalar pela música, um original dos alunos do Colégio Vizela, e pela inscrição e se lia no chão "Sonha, sonha muito, quem sabe se o herói que há dentro de ti não desperta no sonho desta noite".
Se não teve oportunidade de visitar esta exposição até ao passado domingo, mantenha-se atento, pois este é um dos primeiros trabalhos de apresentação pública dos alunos do Colégio Vizela, até 2012, outros virão.
Teresa Oliveira