"Como Director Executivo para a formação deste clube, venho aqui apresentar a minha GRANDE PREOCUPAÇÃO quanto ao futuro da maior instituição desportiva do concelho, com uma história da qual todos os vizelenses se devem orgulhar, mas que passa por momentos difíceis senão irreversíveis quanto à sua sobrevivência.
Nos últimos 10, 15 anos, embarcou-se numa ambição desmedida e sem fundamento, centrada em projectos, exclusivamente virada para o presente e quase nunca com visão de futuro por parte dos responsáveis do clube e no qual adeptos e simpatizantes também não estão isentos de culpa pois foram permitindo e nunca questionando a estratégia adoptada.
Estratégia que assentava na contratação de atletas de renome e orçamentos elevados para o qual o FC Vizela apenas lhes serviu como sítio de passagem, sem qualquer afinidade à casa que os acolheu e tendo em vista apenas o seu ordenado ao fim do mês, exemplo disso, salienta-se que, de todos os jogadores a que o FC Vizela regista ordenados em atraso, são estes que accionaram uma acção em tribunal, e em resultado disso, a proibição do clube em inscrever novos atletas e sufocando-o desta forma, em termos financeiros, ao ponto de colocar a sua sobrevivência em causa.
Como resultado, mergulhou-se num virar de costas ao verdadeiro suporte que sustentou as maiores conquistas deste clube no passado, a “PRATA DA CASA”, relegando a formação para um plano secundário, fechando a porta sistematicamente e ano após ano ao aparecimento de talentos oriundos deste departamento.
Mas este departamento sobreviveu e desenvolveu-se inclusive nestes anos de total indiferença por parte dos quadros superiores, conseguindo assim, graças aos esforços de muitas pessoas (atletas, técnicos, directores e pessoal de apoio) atingir um patamar de referência no desporto de formação nacional, proporcionando uma educação desportiva de qualidade a 320 atletas, dos quais 72% são oriundos do concelho de Vizela.
E é o futuro destes 320 atletas (idades compreendidas entre 6 e os 18 anos) que nos preocupa, porque durante anos foram o “parente pobre” num projecto geral do clube, para além disso em nada contribuíram para o actual momento deste e tiveram sempre de trabalhar em condições completamente degradadas, no entanto, são eles os principais sacrificados por estarem/terem seguramente uma morte anunciada… se nada fizermos!
Urge, portanto, uma mudança de paradigma e pela vasta experiência profissional que adquiri aos longos dos anos como profissional de futebol (FC Porto, Boavista FC, Nacional da Madeira, A Académica de Coimbra, CD das Aves, FC Famalicão, Leça FC, AD Fafe, FC Felgueiras e naturalmente do FC Vizela) e como licenciado em Educação Física, posso-vos garantir que um clube com a dimensão do nosso e a qualidade que existe na sua formação só pode assentar numa estratégia a longo prazo: FORMAR PARA VENDER… SOBREVIVENDO.
Na actual situação do clube, este projecto a longo prazo só poderá ser exequível tendo como parceiros: primeiro, o PODER LOCAL, segundo o TECIDO EMPRESARIAL do concelho; e terceiro, apoio incondicional e alteração de mentalidade dos nossos ADEPTOS E SIMPATIZANTES, privilegiando de uma vez por todos o que é NOSSO.
ACREDITEM, NÓS CONSEGUIMOS!
Ricardo Oliveira