TEXTO JN
Era uma vez a República
(Elsa Pereira)
Eis que chegou o dia em que se inicia a materialização no pequeno ecrã de um dos maiores investimentos de sempre do canal do Estado, a propósito do Centenário da República. As hostes são abertas esta noite com um projecto ficcional de Jorge Paixão da Costa.
Há muito que se prepara esta empreitada televisiva que fala a linguagem do cinema. A RTP1 encomendou a produtoras externas quatro telefilmes, com dois episódios cada, todos com um denominador comum: a República. Afinal, amanhã celebra-se a passagem pelos 100 anos desde a sua implantação. O horário nobre da grelha de hoje está consignado ao primeiro capítulo de “República” e o da noite seguinte, ao segundo.
Ora, o nome desta minissérie, cuja produção esteve a cabo da Ukbar Filmes, não engana. Centra-se nos dias 3, 4 e 5 de Outubro de 1910, embora a narrativa verse também as semanas anteriores. A ideia da história focada numa protagonista feminina, pertence ao realizador Jorge Paixão da Costa.
“República” assemelha-se a uma espécie de crónica dos costumes da época. “Luísa”, interpretada por Helena Costa, e personagem fruto do imaginário dos autores, vai circulando pelas várias franjas da sociedade, da cultura à política, em virtude das relações sociais privilegiadas que mantém.
Contando com um elenco de luxo, do qual fazem parte nomes como os de Joaquim de Almeida, Pedro Lamares, Ana Nave, ou Fernando Luís, a narrativa, de aprimorado rigor histórico, e com um sentido estético próximo da sétima arte - aliás, à semelhança dos outros projectos - conduz-nos numa viagem até ao período em que se enterrou a Monarquia.
Lupas distintas
“O segredo de Miguel Zuzarte”, “A noite do fim do mundo”, e “Noite Sangrenta” (ver caixa) constituem as restantes ficções que a RTP1 exibirá, ao longo deste mês, no âmbito das celebrações do Centenário da República. E embora estejamos perante tramas que dialogam entre si, não partilhassem do mesmo mote, as mesmas gozam de autonomia e são dotadas de validade individual.
Tratam-se de olhares sobre um mesmo assunto, mas fazendo uso de lupas diferentes, ainda que, de certa forma, complementares.Vejamos, se “República” se reporta sobretudo aos acontecimentos que moldaram a história do país, “O segredo de Miguel Zuzarte”, remonta já a um período discretamente posterior, discorrendo acerca de um Portugal profundo, em que a política é reduzida um papel insignificante.
Por sua vez, “A noite do fim do mundo” remete para uns meses antes da Implantação, e tem na passagem do cometa Halley que, na altura, monopolizava a atenção nacional, o seu eixo. Retrata um microcosmos precedente às mudanças de fundo que o país haveria de sofrer.
“Noite Sangrenta” traz à liça uma heroína a quem o tempo ditou o anonimato. Viúva de um revolucionário, vingará a sua morte, uma década depois« (texto JN).
TEXTO RTP
Dois episódios de ficção histórica que retratam o nascimento da REPÚBLICAA história parte de uma protagonista feminina, puramente ficcional, que se cruza, dadas as suas relações sociais privilegiadas com os protagonistas da época, quer da política, quer da cultura ou da vida social. Começando nas semanas anteriores, a narrativa centra-se nos acontecimentos de 3, 4 e 5 de Outubro de 1910. Desde o rei D. Manuel II até José Relvas ou Machado dos Santos são muitos os protagonistas da história deste período que estarão presentes nesta série que tem acompanhamento científico e histórico do Prof. António Reis.
Para que a memória perdure, a RTP recua 100 anos, para lhe oferecer uma superprodução nacional… Dois episódios de ficção histórica em Alta Definição que retratam o nascimento da… “ REPÚBLICA” Produções Fictícias desenvolveu o projecto com base numa ideia do realizador Jorge Paixão da Costa. Produção de Ukbar Filmes dirigida por Pandora da Cunha Telles.
(fotos RTP)