Vizelense também foi vítima das falsas médicas do IPO

Notícia é avançada hoje pelo Jornal de Notícias



(NOTICIA JN)

Falsas médicas usam IPO do Porto em tara sexual
Instituto de Oncologia é citado há quatro anos em casos de fraude com actos sexuais ao telemóvel



O Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto terá sido a instituição mais citada em dezenas de casos de mulheres enganadas com suspeitas de cancro e induzidas a praticarem actos sexuais em "consultas" telefónicas. O esquema estende-se ao Centro e Sul.

Há casos em Vizela, em Aveiro, como evidenciam testemunhos recolhidos pelo JN, em Gaia, em Guimarães e em Lisboa, a acrescentar às situações do Hospital de S. João, denunciadas ontem pelo JN. São vários os nomes dos hospitais usados neste esquema de fraude, mas o IPO do Porto será o que reúne mais queixas.

Foi, aliás, com base em reclamações apresentadas por esta unidade de saúde que o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) do Ministério Público do Porto iniciou uma investigação, em 2006, que acabou arquivada, como noticiou o JN.

Laranja Pontes, presidente do Conselho de Administração do IPO do Porto, confirmou que os casos se repetem há anos. "Já apresentámos várias queixas às autoridades e fornecemos os números de telefone que apareciam indicados nos telemóveis das vítimas", referiu.

O último caso de que se lembra aconteceu no Verão passado. A vítima relatou pormenores que encaixam no esquema utilizado. "Apresentam-se como médicas e num ou noutro caso como enfermeiras", revelou Laranja Pontes, sem saber quantificar o número de queixas recebidas.

As falsárias - há testemunhas que garantem ter ouvido mais do que uma voz feminina - abordam a vítima, convencem-na com informações clínicas que coincidem com a verdade e assustam-na com o diagnóstico de cancro na mama, nos ovários ou colo do útero. Marcam uma consulta para o dia seguinte ou para a mesma noite num hospital, mas pedem para fazerem um exame de auto-apalpação da mama ou masturbação dos órgãos genitais ao telefone.

Perguntas sobre vida íntima

Antes, as impostoras perguntam se a vítima tem um telemóvel com possibilidade de videochamada e pedem-lhe que se dirija para um local onde esteja sozinha. Atordoada com a notícia de que tem um cancro, a mulher aceita apalpar-se e até masturbar-se durante o suposto exame.

Em alguns casos, aceitam a videochamada. Além de induzirem à prática de actos sexuais, as falsárias vão questionando a vítima sobre a vida amorosa. Depois o contacto termina. E é impossível voltar a estabelecer comunicação.

No primeiro telefonema, além do susto de saberem que têm um cancro, as vítimas são desarmadas pelo conhecimento que as falsas médicas demonstram ter de pormenores da sua história clínica, como a existência prévia de um nódulo, um quisto, a utilização de um dispositivo intra-uterino ou a realização de um teste "papanicolau". Não se conhece relação entre as abordadas, mas o JN sabe que várias são dadoras de sangue.

As queixas têm chegado a vários departamentos do Ministério Público e já deram origem a processos.

INÊS SCHRECK E NUNO MIGUEL MAIA»


NOTICIA DE ONTEM NO JN

Partilhar