Jogador Miguel evocado pelo Desportivo de Guimarães


Miguel passou por diversos clubes inclusive pelo FC Vizela onde realizou carreira brilhante.


O vimaranense Miguel é um dos pilares da célebre equipa do Vitória da
temporada de 1986/87, aquela que maravilhou em Portugal e na Europa
pelos resultados sensacionais alcançados e, sobretudo, pela excelência
do futebol apresentado.

Nessa equipa destaca-se Miguel, fomando, com o
brasileiro Nené, certamente, uma das duplas de defesas-centrais mais seguras
e intransponíveis da história do Vitória. Natural de Guimarães, onde
nasceu no dia 7 de Junho de 1963, Miguel Alberto Fernandes Marques é
o mais velho de uma família de futebolistas que jogaram no Vitória. Além
de Miguel, também Basílio e Tozé, o mais novo, jogaram no clube, embora
este último o fizesse apenas nas camadas jovens.

Miguel foi, seguramente, aquele que atingiu maior projecção no futebol português, jogando, por exemplo, no Vitória, no Sporting e também pela Selecção Nacional de Portugal.

A sua carreira futebolística começou com 14 anos nas escolas de formação do Vitória em 1977/78. Começou a jogar como lateral-esquerdo, depois, já na equipa de juvenis, surgiu várias vezes a jogar como trinco, no meio-campo, para mais tarde se fixar, definitivamente, como defesa-central.

Terminado o período de formação, foi cedido, durante a época de 1981/82, ao Moreirense, treinado pela antiga glória vitoriana Virgílio Mendes. As suas
prestações despertaram o interesse do Vizela, clube que na época seguinte jogaria na 2ª Divisão Nacional.

O Vitória cedeu-o ao Vizela durante duas épocas, com o objectivo de permitir ao atleta jogar com maior regularidade e adquirir a suficiente maturidade
competitiva.
Miguel assume grande relevância na sensacional equipa vizelense, que na temporada de
1983/84 terminou em 1º lugar, garantindo assim a histórica subida ao primeiro patamar
do futebol português.

O Vitória, atento ao progresso do jovem jogador, integrou Miguel no plantel no início da temporada de 1984/85, sob o comando técnico do controverso treinador
belga Raymond Goethals, que percebe rapidamente as potencialidades futebolísticas de Miguel e aposta forte no lançamento do jovem vimaranense, tornando-o uma peça indispensável na equipa principal.

O jovem jogador afirma-se como titular indiscutível ao longo da temporada e vai formar a zona de defesas-centrais com Valério ou, quando utilizando
um esquema de cinco defesas, integrando ainda o veterano Tozé.
Realiza 27 jogos, apontando dois golos. O primeiro
ocorre logo na 2ª jornada, em Guimarães, numa partida
em que o Vitória cede um empate (2-2) frente ao
Belenenses. Voltaria a marcar no jogo da 11ª jornada,
desta feita num triunfo sobre a Académica por 2-1.
A época seguinte, de 1985/86, já sob o comando do
português António Morais, foi o ano da confirmação
da valia do jogador vimaranense. Ao lado de Valério e
Teixeirinha, Miguel manteve-se de pedra e cal na defensiva
do Vitória, contribuindo, imensamente, para
o brilhante 4º lugar alcançado. Alinhou em 28 jogos
e foi autor de um golo, marcado num dos jogos mais
sensacionais da temporada, em Guimarães, frente ao
Sporting. Aos 12 minutos os ‘leões’ já venciam por 0-
2, mas a equipa vimaranense não desistiu e encetou
uma formidável reviravolta no marcador. Reduziu por
Teixeirinha, empatou por Roldão e dois minutos depois
Miguel colocou o Vitória na frente do marcador.
Salcedo voltaria a empatar a partida, mas Costeado
apontou o quarto golo do Vitória.
Seguiu-se, reconhecidamente, uma das temporadas
mais marcantes na história do Vitória. A época de
1986/87. A de todos os sonhos e das inesquecíveis
glórias vitorianas.
Foi titular indiscutível e pedra basilar no esquema
táctico montado pelo treinador brasileiro Marinho Peres.
Miguel era o patrão da defesa, ao lado do não
menos eficiente Nené. O Vitória conseguiu atingir o
3º lugar, mas não foi somente no plano nacional que
esteve em evidência. Na Taça Uefa, atingiu os quartos-
de-final, eliminando, nesse percurso, grandes
equipas europeias. Memorável, por exemplo, foi o desempenho
de Miguel no jogo da 2ª mão, no Estádio
Vicente Calderon, em Madrid, frente ao Atlético.
Nesta altura, chega à Selecção Nacional A de Portugal,
depois de ter representado a Selecção Nacional
de Esperanças. Começa também a despertar o
interesse dos maiores clubes portugueses.
A época de 1987/88 seria a última de Miguel no
Vitória. A equipa passou por momentos conturbados
ao longo de toda a temporada, fruto de uma série de
maus resultados que provocaram diversas mexidas
na equipa técnica, atingindo, por fim, um sofrível 14º
lugar.
Miguel foi totalista, jogando os 38 jogos da prova,
fazendo dupla com os brasileiros Nené ou Bené, assim
como foi totalista na edição dessa temporada da
Taça Uefa e na Taça de Portugal, à excepção apenas
do jogo da final, em que não jogou devido a lesão. O
Vitória sairia derrotado pelo FC Porto por 1-0.
Nesta altura, Miguel era já uma presença assídua
nos trabalhos da Selecção Nacional. Ao longo da sua
carreira contabilizou 5 internacionalizações pelo principal
seleccionado português e 8 pela Selecção Nacional
de Esperanças.
No início da época de 1988/89 o Vitória transferiu
o defesa-central para o Sporting e nesse negócio
envolveu, além de uma quantia pecuniária, a cedência,
a título definitivo, dos passes do defesa central
Germano, do brasileiro Silvinho e do lateral/médio
esquerdo Vítor Santos.

Em Alvalade, o vimaranense actuou durante três
temporadas, embora sem nunca afirmar-se como indiscutível.
Seguir-se-ia, na sua carreira, uma ligação de seis
anos consecutivos ao Gil Vicente, onde foi titularíssimo e patrão da defensiva
gilista.

Em 97/98 mudou-se para o Trofense, onde esteve oito épocas consecutivas.
Já em final de carreira, quando era um verdadeiro exemplo de longevidade, com 42 anos ainda representou o Torcatense na 2ª Divisão Nacional B.
No final dessa temporada Miguel colocou, definitivamente, um ponto final numa carreira de futebolista de quase 30 anos. Não abandonou, porém, o futebol.
Continua a jogar, agora na equipa de veteranos do
Vitória, além de ser treinador-adjunto de António Carvalho,
também ele antigo jogador vitoriano.

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