O trabalho desenvolvido por Alberto Augusto durante o período que serviu o Vitória vai contribuir também, em grande medida, para o processo de transformação e afirmação do clube vimaranense como um dos mais importantes no panorama futebolístico nacional e não apenas de nível regional.
O seu nome está umbilicalmente ligado a variados momentos históricos na vida do clube vimaranense, como é o caso, por exemplo, da primeira participação do Vitória no Campeonato Nacional da 1ª Divisão no ano de 1942, ou a presença do clube pela primeira vez numa final da Taça de Portugal frente ao Belenenses, também nesse mesmo ano.
Alberto João Augusto, nasceu no dia 31 de Julho de 1898 na zona de Benfica, na cidade de Lisboa.
A prática do futebol começou-a, naturalmente, nas ruas de Benfica e, de uma forma mais séria, nas camadas jovens do Recreio Desportivo da Amadora.
Entrou posteriormente no Benfica no ano de 1917. Notabilizou-se ao serviço dos encarnados tornando-se mesmo um dos primeiros ídolos dos adeptos.
Toda a sua habilidade e a quantidade de golos que marcava, cedo lhe proporcionaram um lugar na equipa principal, na qual se estreou oficialmente no dia 27 de Janeiro de 1918, com apenas 19 anos.
A partir de 1920 já é considerado indiscutível na principal equipa do Benfica. É então que começa a ser seleccionado para representar Portugal.
Vai inscrever o seu nome na história do futebol português como o autor do primeiro golo da Selecção Nacional. Aconteceu num desafio particular disputado em 18 de Dezembro de 1921 no Campo do Atlético de Madrid, em Espanha, entre a selecção
espanhola e a congénere de Portugal.
Alberto Augusto realizou quatro jogos pela Selecção.
Os três primeiros como jogador do Benfica, enquanto a última internacionalização já foi realizada como jogador do Braga, no dia 24 de Janeiro de 1926.
No Braga venceu Campeonatos Distritais, tornou-se no primeiro jogador internacional e ajudou o clube bracarense a desenvolver-se.
Em 1935 é contratado pelo Vitória. Era a grande aposta dos responsáveis da equipa vimaranense para que finalmente o clube se projectasse não só a nível regional como no panorama nacional.
Toma posse no cargo de treinador em Janeiro de 1935, apesar de vir a representar o clube da cidade berço também como jogador. A sua contratação é muito saudada pelos adeptos e por todos os vimaranenses, sendo Alberto Augusto muito bem recebido em Guimarães.
Como treinador Alberto Augusto detinha conhecimentos vastos e aprofundados, verdadeiramente invulgares, adquiridos com toda a sua larguíssima experiência. Era muito competente, hábil e criterioso.
Desde a equipa de infantis, às reservas e equipa sénior, eram mais de 60 atletas que estavam às suas ordens.
Alberto Augusto continuava, apesar da idade, a ser um futebolista e desportista de grande quilate.
Tornou-se, como tal, no grande ídolo do desporto vimaranense, merecendo por isso imensa popularidade na cidade de Guimarães.
O Vitória perdeu o Campeonato Distrital dessa época para o Braga, quedando-se pelo 2º lugar na competição. Fruto dessa classificação garantiu uma vaga para disputar o Campeonato Nacional da 2ª Liga pela primeira vez na sua história.
Já na época seguinte tudo seria diferente, podendo dizer-se que o rumo do Vitória mudou completamente a partir de então. Sagrou-se novamente Campeão Distrital e pela primeira vez na sua história venceu o Braga na cidade dos arcebispos.
Nesta temporada de 1936/37 o Vitória voltou a participar no Campeonato Nacional da 2ª Liga. Terá sido esta a última época em que Alberto Augusto ainda jogou na equipa do Vitória, pois a partir da temporada seguinte apenas ficou a desempenhar o cargo
de treinador. Colocou um ponto final na carreira de futebolista
com cerca de 40 anos de idade, num percurso que se adjectiva a todos os títulos como brilhante.
Na condição de treinador guindou o clube novamente ao título de Campeão Distrital, solidificando a hegemonia do Vitória na região.
Em 1938/39 venceu o Campeonato Distrital da A.F. Braga e sagrou-se ainda Campeão do Minho.
Voltou a participar no Campeonato da 2ª Liga e pela primeira vez o clube da cidade berço participou na segunda mais importante competição do futebol nacional, a Taça de Portugal.
No final desta época Alberto Augusto vai deixar o Vitória. Foi substituído pelo húngaro Genecy, antigo treinador do Boavista, que apenas vinha a Guimarães duas vezes por semana para treinar. Tal facto gerou grande polémica na cidade e muita contestação.
Para felicidade de todos, Alberto Augusto regressou ao Vitória na época de 1940/41. Foi a partir de então que o clube de Guimarães passou a viver os mais importantes momentos da sua história.
Venceu novamente o Campeonato Distrital (o 5ºconsecutivo) e sagrou-se Campeão do Minho pela terceira vez consecutiva, realizando uma histórica participação na edição da Taça de Portugal.
A época de 1941/42 fica marcada na história do clube como a primeira vez que o Vitória participou no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, e também, pela primeira vez, apurou-se para a final da Taça de Portugal, a segunda mais importante prova nacional.
Nas meias-finais, frente ao Sporting de Peyroteo, o Vitória venceu por 2-1 no Campo do Benlhevai, atingindo assim a final da prova.
A histórica final da Taça de Portugal disputou-se no dia 12 de Julho de 1942 no Campo do Lumiar em Lisboa, frente ao Belenenses, que venceu por 2-0.
Na época de 1942/43 o Vitória sagrou-se uma vez mais Campeão Distrital, com apenas uma derrota em toda a competição. Como Campeão Distrital foi apurado a disputar o Campeonato Nacional da 1ª Divisão, onde terminou na 8ª posição. O ponto alto foi
a goleada infligida ao Campeão Nacional, Benfica, no Campo do Benlhevai, por 5-1.
Na época seguinte foi novamente 8º classificado.
A temporada de 1944/45 é a última de Alberto Augusto, neste período, como treinador do Vitória. Regressou uns anos mais tarde mas desta vez apenas por um curto período de tempo.
Registe-se o novo título de Campeão Distrital. Já no Campeonato Nacional da 1ª Divisão terminou, outra vez, na 8ª posição.
Em Abril de 1945 Alberto Augusto vai abandonar o clube e Guimarães, passando então a viver em Braga, onde fixou residência. Em Guimarães foi promovida uma festa de despedida.
Alberto Augusto continuou a sua carreira de treinador.
Esteve novamente ao serviço do Braga, do Académico do Porto, do Fafe, Aves, Gil Vicente, Vizela, Fábrica da Cuca, Porto, Oriental, S.L. Faro e Torreense.
Faleceu no ano de 1973, com 75 anos de idade.