Silveira antiga glória do Vitória e Vizela recordado no Desportivo de Guimarães

Numa excelente peça assinada por Alberto de Castro Abreu, o Desportivo de Guimarães na sua edição da passada terça-feira publica passos importantes da carreira futebolística da antiga glória do FC Vizela e do Vitória de Guimarães, Silveira. Poucos anos antes de falecer, Silveira, que vivia nos Estados Unidos, esteve em Vizela na companhia da esposa e recordou passagens da sua carreira a Manuel Marques (director do ddV na altura director adjunto do Noticias de Vizela) e a Zélia Fernandes (Rádio Vizela) estando ainda presente o ex-director do FCV e promotor do encontro, Luís Oliveira (Peru). Para alguns vizelenses o capitão Silveira foi o melhor jogador de sempre do Futebol Clube de Vizela e ainda hoje é uma espécie de mito. Outros defendem que foi Armando Sapo o melhor jogador. Dois grandes atletas, sem dúvida.



O texto do DG cujo título é: «Glórias dos Passado»

Silveira é o mais lendário capitão de todos os capitães na história do Vitória S.C.. Esteve 12 anos consecutivos ao serviço da equipa vimaranense, assumindo desde a temporada de 1955/56 o honroso cargo de capitão, tendo, assim, o seu nome ligado a momentos marcantes da vida do clube da cidade berço. Chegou à cidade de Guimarães decorria a época de 1952/53 e só deixou de jogar no Vitória no final da temporada
de 1963/64, já um veterano, para ingressar no F.C. Vizela e nesse clube
fazer parte, também, da sua história.

Natural da localidade de Angústias, nos Açores, José Silveira Júnior nasceu no dia 26 de Setembro de 1926. Começou a jogar futebol com 16 anos de idade nos juniores do S.C. Horta. Dois anos depois ascendeu à primeira equipa do Horta, disputando as competições regionais açorianas. Porém, as suas qualidades como um bom extremo-esquerdo trouxeram Silveira, com 26 anos de idade, para o Vitória no decurso da
temporada de 1952/53 e para o primeiro escalão do futebol português.

Embora rotulado como excelente extremo-esquerdo, não seria nessa posição que Silveira mais se destacou no Vitória. É verdade que começou a jogar nessa posição, passou também pelo lugar de avançado-centro, mas seria como defesa-central
que Silveira cumpriria grande parte da sua carreira e tornou-se, seguramente, num dos melhores jogadores portugueses.

Na temporada de 1952/53 o Vitória participou no Campeonato Nacional da 1ª Divisão e, nessa época, ao garantir a permanência tornou-se o clube com mais participações consecutivas no primeiro escalão do futebol português a seguir ao Benfica, Sporting,
FC Porto e Belenenses, feito de realce para uma colectividade da denominada
província.

Silveira veio reforçar o Vitória já com o Campeonato a decorrer, juntamente
com Lara II, vindo do Benfica. Actuando como extremo-esquerdo, estreia-se
oficialmente no dia 11 de Janeiro de 1953, no Campo da Amorosa, numa impor
tante partida que opôs a formação da cidade berço ao Benfica.

Seguiu-se a temporada de 1953/54, onde o Vitória ainda sob o comando de Cândido Tavares, alcançou um 8º lugar final. Não sendo ainda um titular indiscutível, Silveira alinhou em 16 partidas, apontando um golo, enquanto na Taça de Portugal regista-se a sua presença em quatro jogos e também a autoria de um golo.

A terceira época de Silveira no Vitória fica mar cada na história. O clube vimaranense desceu pela primeira vez à 2ª Divisão Nacional, facto que surpreendeu todo o panorama futebolístico nacional.

Nessa fatídica época, Silveira terá sido um dos melhores jogadores do Vitória. Titular indiscutível, actuou em 24 jogos, apontado 5 golos.
O clube teve que dar a volta aos acontecimentos e iniciar a batalha para o regresso à principal liga nacional. Para esse movimento contou com o contributo de Silveira, apesar dos convites recebidos de vários clubes da 1ª Divisão Nacional.

A temporada de 1955/56 seria, assim, a primeira de um conjunto de três épocas consecutivas que o Vitória iria passar na 2ª Divisão Nacional. Silveira
que até então jogava como avançado passou a jogar no centro da defesa, posição na qual se notabilizou e tornou-se o grande líder do Vitória, formando com Virgílio e Francisco Costa um trio defensivo que transmitia enorme segurança à equipa.
Depois de duas tentativas falhadas, o Vitória conseguiria, finalmente, regressar à I Divisão Nacional no final da temporada de 1957/58. Fez retornar a Guimarães o técnico Fernando Vaz, decisivo na carreira de Silveira.

Na disputa da fase final o Vitória terminaria em 2º lugar, classificação que lhe permitia manter as esperanças. Para isso, teria que levar de vencida o
Salgueiros, penúltimo classificado na 1ª Divisão Nacional. A 1ª mão disputou-se no Campo Engenheiro Vidal Pinheiro, o Vitória realizou uma grande partida
e venceu por 1-2.

Na 2ª mão, naturalmente, o Campo da Amorosa encheu-se de vitorianos ávidos para festejar o regresso do clube ao primeiro patamar do futebol luso. O jogo
foi tremendamente difícil mas o resultado final (2-2) confirmou o ansiado regresso à 1ª Divisão Nacional.

Entre os festejos estava o capitão Silveira, que recebeu o montante de 6.800$00 pela subida.

A época de 1958/59 marca o regresso do Vitória e de Silveira à 1ª Divisão Nacional. O Vitória fez um percurso notável, alcançando um sensacional 5º lugar. Silveira foi titular indiscutível.
A temporada de 1959/60 fica marcada por uma lesão que impediu Silveira de se tornar o primeiro internacional “A” português da história do Vitória. Acabou
por ficar sentado no banco dos suplentes sem poder ser utilizado.
Na temporada de 1960/61 o Vitória subiu mais um degrau na hierarquia do futebol português ao atingir o 4º lugar, que correspondia, até aquela altura, à
melhor classificação de sempre do clube na principal prova futebolística nacional.
A equipa base, nesta altura, assentava numa defesa composta pelo brasileiro Caiçara, Silveira e o vimaranense Daniel.

Depois da grande época de 1960/61, a temporada seguinte foi bastante conturbada e polémica com a equipa vimaranense a correr sérios riscos em descer
à 2ª Divisão Nacional. Os maus resultados provocaram a demissão do treinador Artur Quaresma e do Presidente da Direcção, Casimiro Coelho Lima.
O Vitória terminou o Campeonato na 9ª posição, jogando Silveira todos os 26 jogos da prova.
Duas épocas depois, o Vitória chegou à final da Taça de Portugal, mas, lamentavelmente, o capitão Silveira lesionou-se e ficou afastado do jogo com o
Sporting no Jamor. Recuando do meio-campo, no lugar de Silveira jogou Manuel Pinto, aquele que seria mais tarde o seu sucessor. O Sporting foi mais forte
e venceu por 4-0.

Segue-se aquela que seria a última época de Silveira no Vitória. O clube terminaria a temporada de 1963/64 no 4º lugar. Silveira, retomou o seu lugar no centro da defesa mas jogou apenas 13 encontros, surgindo, já com alguma frequência, o jovem Manuel Pinto no seu lugar.
Antes de abandonar definitivamente o Vitória, Silveira ainda capitaneou a equipa na digressão aos Estados Unidos da América, para aí disputar algumas partidas de carácter amistoso.

Perto dos 38 anos de idade e ao cabo de 12 consecutivos no Vitória, Silveira deixou o clube e rumou ao FC Vizela, para também aí fazer parte da história.
Foi durante alguns anos jogador e treinador, sobressaindo, essencialmente, nesse período, a época de 1966/67 quando a formação vizelense conseguiu su
bir à 2ª Divisão Nacional.
Aos 83 anos, José Silveira Júnior viria a falecer no dia 7 de Fevereiro de 2008 na Califórnia, nos Estados Unidos da América, onde residiu nos últimos anos de vida.

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