Riça, natural de Chaves, defendeu durante duas épocas a baliza do Vizela sendo praticamente titular em todos os jogos. Era dos melhores jogadores do último plantel vizelense mas um golo que sofreu frente ao Santa Clara, em partida transmitida pela TV, "roubou-lhe" a titularidade e deu origem mais tarde a uma insinuação malévola da Direcção da União de Leiria que punha em dúvida a seriedade da exibição. Riça recorreu para os tribunais e estranhou que o treinador do Vizela Paulo Alves, que treinara o Leiria, não saísse em sua defesa. O ddV, numa entrevista por escrito, ouviu as mágoas do ex-guarda-redes vizelense que não volta a vestir, pelo menos na próxima época, a camisola do FC Vizela nem que lhe pagassem o mundo.
ddV - Ficou surpreendido por não ter sido convidado a renovar contrato com o Vizela?RIÇA - Há cerca de três meses atrás foi-me manifestada pelos seus responsáveis técnicos e directivos a intenção de eu continuar no F.C.Vizela só que nessa altura ainda havia muitas coisas pendentes e eu sempre me predispus a conversar, mas nesse entretanto algumas coisas mudaram e a partir do momento que me foi comunicado que o treinador Paulo Alves iria continuar para mim ficou fora de questão a renovação, já que só gosto de estar em projectos que eu me identifico, como tal não estavam reunidas as condições para a minha continuidade.
- Na sua opinião que factores contribuíram para a sua dispensa?
- Eu não fui dispensado. A minha tomada decisão de não ficar no clube foi antes de termos a conversa final e que eu, por vários factores, nem sequer ponderei a continuidade. Também depois me apercebi que ela não me ia ser proposta.
- Quando soube que não ficava?
- Na quarta-feira da semana a seguir ao término do Campeonato tivemos o último treino e jantar de despedida de época, nesse mesmo dia foi-nos comunicado pelo Presidente que o Mister Paulo Alves iria continuar e que quem não tivesse contrato teria de se deslocar ao clube no dia seguinte (quinta-feira), para tratar do futuro.
Eu, nessa quarta-feira à noite, liguei para a minha mulher e comuniquei que não seria jogador do Vizela na próxima época. Na quinta-feira desloquei-me ao clube por respeito a toda a direcção e funcionários do mesmo para me despedir apenas.
- Que achou dos critérios utilizados por Paulo Alves na elaboração do novo plantel?
- Os critérios utilizados são da responsabilidade de cada um, nunca os questionei em qualquer circunstância, não é agora que o vou fazer, são critérios…
- Com Murta o Vizela está bem servido?
- Do Murta só tenho a dizer três coisas: É um excelente amigo, excelente profissional e excelente guarda-redes.
- Continuaria no clube mesmo que lhe baixassem o salário?
- Como já referi anteriormente sou um homem de projectos e só gosto de estar onde me sentir bem e útil com quem estou. Com esta direcção estive dois anos e estaria muitos mais ainda que para isso me fosse pedido para baixar substancialmente o meu salário. Mas volto a repetir que por dinheiro nenhum ficaria no F.C. Vizela com este Treinador.
- O treinador deu-lhe alguma explicação quando lhe tirou a titularidade após o jogo com o Santa Clara?
- Deu mas não tinha que dar… Eu quando tomo atitudes na minha vida profissional e pessoal não tenho de ter receio das consequências e ele se agiu em consciência não tinha que me dar explicações, a questão é: será consciência?
- Aceitou bem ser “sacrificado” a partir desse jogo?
- Eu estive mal no segundo golo contra o Santa Clara e tive oportunidade de o assumir publicamente no fim do jogo em directo na Sport TV. Nunca fugi com as minhas responsabilidades quando as tive, no entanto gostaria de ver as certas pessoas que há uns tempos atrás me tinham abraçado por ter marcado um golo ao Covilhã ou por ter defendido um penálti ao Estoril, a darem-me uma palavra de conforto em lugar de irem para a comunicação social individualizar a derrota com o Santa Clara. Mas no futebol como no resto da vida estamos sempre aprender…
- Teve uma exibição fraca nesse jogo e o Leiria pôs em causa o seu profissionalismo. - Como comenta?
- Sou profissional há 14 anos e este foi dos episódios mais tristes que algum dia vivi. O Clube, na pessoa do seu Presidente, saiu logo em minha defesa, tal como os meus colegas, treinador dos guarda-redes e professor. Também senti o apoio de toda a comunicação social local e nacional bem como de antigos treinadores, colegas e sobretudo da minha família. Foi esta onda de solidariedade que se envolveu em torno de mim que já me levou a tomar medidas em termos judiciais e aqui não posso deixar passar em claro o apoio da minha Advogada que também tenho o privilégio de ser minha mulher, que está accionar todos os meios no sentido de responsabilizar quem tem de ser responsabilizado. A minha honra, bom nome e brio profissional estão acima de qualquer coisa…
- Na primeira jornada do campeonato também esteve mal no jogo com o Boavista e continuou a defender, Carlos Garcia disse-lhe alguma coisa?
- É verdade. Estive mal no segundo golo e o Mister Garcia, das melhores pessoas que conheci no futebol diga-se de passagem, nunca individualizou derrotas porque não se esqueceu que o Riça que ali tinha estado menos bem, foi o mesmo que deu bastantes pontos ao Vizela noutras ocasiões.
- Qual era a sua relação com Paulo Alves?
- Era a relação jogador-treinador.
- O Presidente disse na sexta-feira na assembleia que o Vizela fez, cito, «uma época miserável» em termos competitivos. Concorda?
- Concordo. Deveríamos ter feito muito melhor pela qualidade do plantel. Depois de na época anterior termos discutido a subida de divisão até ao ultimo minuto de campeonato e com o equilíbrio do plantel as expectativas estavam elevadas, mas não conseguimos corresponder e acho que todos os jogadores e técnicos não podem fugir à responsabilidade. Cada um deve assumir a sua culpa. Eu assumo a minha, mas deixa-me triste ver algumas pessoas sacudirem a água do capote.
- Que recordação leva da direcção do Vizela?
- Toda a gente da Direcção e funcionários do Vizela são fantásticos, mas não posso deixar aqui de destacar quatro pessoas: o inigualável Sérgio Coelho; o melhor Roupeiro do Mundo Sr. Ernesto, e tanto o Sr. Paulo Pinheiro como o Sr. José Armando, são duas pessoas que para o resto da minha vida vou recordar pelos melhores motivos: Amor ao Clube, Respeito pelos profissionais e um coração de ouro. O meu obrigado a todos eles.
- E dos adeptos?
- Vizela é uma terra um pouco à imagem da minha terra Natal que como todos sabem é Chaves, onde as pessoas tudo que têm é à custa de muito trabalho e vivem o clube de uma forma efusiva e apaixonante. Por isso me identifiquei logo com eles, eu e a minha mulher deixamos ficar em Vizela Grandes amigos, que já agora aproveito para agradecer-lhes em meu nome e dela o quanto bem nos receberam. Por tudo isto levo dos adeptos do Vizela as melhores recordações.
- Que jogadores do Vizela considera companheiros verdadeiros?
- Em dois anos que passei no F.C.Vizela nunca tive um problema com qualquer companheiro por isso para mim todos são verdadeiros.
- Acha Paulo Alves capaz de levar o Vizela à I Liga?
- O tempo dirá se é capaz ou não… Mas, independentemente desta ou aquela pessoa o meu desejo era ver um dia o F.C. Vizela na I Liga.
- Já tem Clube?
- Ainda não assinei. Graças a Deus e ao meu trabalho tenho vários Clubes interessados. Estou em fase de estudo de propostas e junto com a minha mulher vou ponderar e decidir o melhor para nós.
- Tenciona regressar a Vizela para visitar pessoas?
- Claro que sim!!! Como disse anteriormente, deixei aí muitos amigos e vai ser sem dúvida uma cidade onde vou regressar várias vezes quem sabe ao F.C.Vizela quando houver as condições reunidas e se for convidado, claro.
Podia nomear aqui uma lista enorme de pessoas de Vizela que tenciono visitar.